Instituto Remo Meu Rumo oferece inclusão e reabilitação física através do esporte

Instituição atua na raia olímpica da USP com o propósito de reabilitar física e emocionalmente jovens por meio do esporte adaptado

03.12.24

O Instituto Remo Meu Rumo surgiu em 2013 com um propósito: reabilitar física, emocional e socialmente crianças e adolescentes com deficiências físicas ou intelectuais. Para isso, oferece aulas totalmente gratuitas de canoagem e remo adaptado na raia olímpica da Universidade de São Paulo (USP).

Ricardo Macéa, fundador e diretor executivo do projeto, explica que a ideia era tirá-los dos centros médicos, pois, normalmente, os atendimentos são dolorosos, com muitas cirurgias e tratamentos.

Ao longo de 10 anos, mais de 800 crianças e adolescentes, com idades entre seis e 22 anos, passaram pela organização. Cerca de 80% possuem deficiência física, autismo ou síndrome de Down. “Também temos alunos sem deficiência, pois é importante que eles tenham esse diálogo”, explica Ricardo.

“Esse é um esporte que demanda muito fisicamente, mas para as crianças, a gente faz de uma maneira lúdica, para que elas tenham ganhos”, acrescenta.

Assim, antes de os alunos entrarem na água, existe um processo de treinamento: o gestual técnico é feito em um barco escola (um tanque coberto na raia da USP), além de exercícios no aparelho remo ergômetro, para fortalecer a musculatura dos braços.

“As atividades começam em terra para que, com o condicionamento e a evolução, de acordo com o planejamento dos professores, eles possam ir para a água. Quando estão lá, existe todo um protocolo de segurança, com uma lancha acompanhando ao lado e todos de colete”.

Ricardo acrescenta que o esporte na água dá autonomia. “Por exemplo, para um cadeirante, sentar num barco e deslizar através dos braços é uma mudança mental e emocional, além de proporcionar uma sensação de liberdade”.

Cerca de 60% dos alunos do Remo Meu Rumo são provenientes do SUS. Além disso, o projeto tem parceria com três centros de saúde: o IOT – Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) de Osasco e Ibirapuera, e o Hospital Universitário. Outras instituições, como o Instituto Mara Gabrilli, também encaminham pacientes, e há quem os procure após indicação de familiares e amigos.

Apesar de não ter foco na formação de atletas, o nadador Victor Santos Almeida, que disputou a final dos 100 m costas na classe S9 (limitação físico-motora) nas Paralimpíadas de Paris, começou no instituto aos seis anos.

Amor pelo esporte

O Remo Meu Rumo é a consequência da união de quatro amigos apaixonados pelo esporte. O casal Ricardo e Patrícia Moreno, médica ortopedista, se uniram a Candido Leonelli, médico e seis vezes campeão de remo no Mundial de Master, e Ana Helena Puccetti, psicóloga.

A equipe também é composta por fisioterapeutas, psicólogos, educadores físicos, assistentes sociais e dentistas. Para que o trabalho funcione, o instituto também se preocupa em formar profissionais capazes de lidar com as deficiências.

Em 1997, Patrícia e Ana Helena foram as primeiras campeãs sul-americanas de remo do Brasil, ao lado de Renata Gôrgen e Claudia Alencar.

Patrícia Moreno. Foto: reprodução

Cuidando de quem cuida

A rotina de um filho PCD é exaustiva para as famílias, e muitas mulheres se veem sozinhas nessa missão. Por isso, o instituto criou o programa Cuidando de Quem Cuida, voltado para o bem-estar dos pais e cuidadores. “Já tivemos massagem, cinema com pipoca, caminhadas, contação de histórias, além de festas e dinâmicas”, diz Ricardo.

Além disso, uma psicóloga e uma assistente social acompanham de perto os alunos e suas famílias. “Percebemos que cuidar das famílias era também cuidar dos alunos”.

Pesquisas e ganhos para a sociedade

Todas as atividades do Instituto produzem dados, por isso, Patricia Moreno coordena o braço de pesquisa do Remo Meu Rumo. “O primeiro trabalho de pesquisa que fizemos foi com o aluno de engenharia Cauê Contrera Barreira, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli), que fez uma análise de marcha (o caminhar), avaliando a sua evolução usando o Kinect (um sensor de movimento desenvolvido para videogame)”.

A peça era conectada às pernas dos alunos para avaliar a evolução e o desenvolvimento do andar. Para essa pesquisa, foram analisados os alunos com paralisia cerebral.

No momento, outra pesquisa está sendo desenvolvida em parceria com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). “Com as pesquisas, trazemos esses dados e informações para um documento, para um registro. Assim, podemos continuar aprendendo, além de trazer ganhos para a sociedade e a comunidade científica”, ressalta Ricardo.

Comemoração de 10 anos

Para celebrar os 10 anos da organização, em agosto foi publicado o livro Remo Meu Rumo – Remando Para o Futuro, com crônicas escritas por personalidades como Jairo Marques, Mara Gabrilli, Lars Grael, Amyr Klink, Baby do judô, a ex-jogadora de vôlei Fofão e a medalhista mundial de remo Fernanda Beltrame, além de profissionais e alunos do instituto.

Gostou do projeto? Saiba como apoiar

O Instituto Remo Meu Rumo capta recursos através da Lei de Incentivo ao Esporte, mas também aceita doações de empresas e pessoas físicas. Para isso, entre em contato pelo site ou pelos perfis no Instagram, Facebook e LinkedIn. Também são aceitos voluntários.

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Aline Louzano
Aline é jornalista na Sherlock Communications. No Lupa do Bem é a responsável por organizar as pautas, pelo mapeamento de ONGs e projetos, além de revisar as matérias
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