Territórios da Leitura fomenta criação de bibliotecas em escolas públicas do Nordeste
O projeto de incentivo à leitura criado em 2020 está próximo de beneficiar quase 5 mil crianças, com média de doação de 700 livros para cada escola.
Como o médico brasileiro Dráuzio Varella diz: “O ato de ler estimula diversas áreas do cérebro humano, sendo um dos mais completos exercícios”. Daí a importância de incentivar a atividade principalmente para crianças.
Idealizado e dirigido por Emídio Sanderson, o Territórios da Leitura é um projeto educacional que visa democratizar o acesso a livros dentro de escolas públicas nordestinas, criando bibliotecas em colégios que não ainda contam com o espaço ou aprimorando-as caso já existam, mas estejam sucateadas.
Criado em 2020, o projeto já beneficiou quase 5.000 alunos e doou média de 700 livros para cada escola. No momento, o Territórios da Leitura atua em escolas de quatro municípios do Estado do Ceará: Maracanaú, Itapipoca, Maranguape e Fortaleza.
Para conhecer mais sobre o projeto, Emídio Sanderson forneceu uma entrevista exclusiva para o portal Lupa do Bem. Confira.
Neuza Nascimento: Como nasceu Territórios da Leitura?
Emídio Sanderson: O projeto começou na Escola Municipal Deputado Manoel Rodrigues. Mas antes disso, nós, do Instituto Seara e da Invento Produções Culturais, já vínhamos realizando projetos nas áreas de bibliotecas escolares e de formação de leitores, como o projeto Ventos do Saber, que teve início em 2018, um projeto muito similar ao Territórios de Leitura, que acontece no município de Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza, atuando em comunidades de alta vulnerabilidade social e também na Zona Rural. Esse projeto nos deu conhecimento e experiência para conseguirmos realizar o Territórios da Leitura.
Neuza Nascimento: Como é a metodologia do projeto?
Emídio Sanderson: É dividido em duas fases. A primeira é a transformação de uma biblioteca já existente ou a instalação de uma nova, se a escola não possuir. São doados novos mobiliários projetados por uma arquiteta, novas mesas, cadeiras e pufes. Realizamos pintura de um mural, feita por um artista local, residente na comunidade ou próximo de onde a escola se encontra. Instalamos ar condicionado, aparelhos de TV, computadores. Ou seja, otimizamos o espaço e o deixamos convidativo, bonito, funcional, mais acolhedor e mais atrativo visualmente, com o intuito de criar desejo na criança de estar nesse ambiente, e que ela veja a biblioteca como espaço de contemplação, de convivência e sobretudo como um lugar de acesso à cultura e a arte, sempre com destaque para a leitura.
Neuza Nascimento: E qual o próximo passo?
Emídio Sanderson: É a formação de educadores e educandos. Fazemos formação de educadores através de um seminário, que acontece de forma virtual, disponibilizado para todo o Brasil e realizamos oficinas e consultorias focadas na questão da dinamização da biblioteca e também na mediação da leitura. O corpo docente da escola recebe uma consultoria dos nossos formadores em relação à dinamização da biblioteca, como também em mediação da leitura literária, por exemplo, consultoria de clubes literários e tertúlia literária.
Neuza Nascimento: E para os educandos?
Emídio Sanderson: Realizamos oficinas de leitura e escrita literária, além de ofertar Contação de Histórias. Todas as atividades de formação estão focadas em cultivar novos leitores, incentivar escrita qualificada e atrair esse público para dentro da biblioteca. Toda a ação se dá a partir da biblioteca.
Sobre os beneficiários do projeto Emídio Sanderson diz que:
“Na somatória, o projeto está perto de alcançar 5 mil crianças. Todos estudantes de escolas públicas municipais, englobando Ensino Fundamental I e II, que é a faixa etária do leitor inicial e do leitor em formação. Esperamos poder atender mais e mais crianças, sobretudo estudantes de escolas municipais localizadas em comunidades de média ou alta vulnerabilidade social, chegando em comunidades indígenas, quilombolas, nas periferias urbanas, assim como também nas comunidades rurais”.
Emídio Sanderson considera que o maior desafio para os criadores do projeto foi entrar em ação no início da Pandemia: “Foi desafiador, mas também está sendo uma vitória, pois continua em funcionamento e cada vez crescendo mais”, disse.
Territórios da Leitura é uma realização, em conjunto, da Invento Produções Culturais e da Secretaria Especial de Cultura, que é um órgão do Ministério do Turismo, via Lei Federal de Incentivo à Cultura.
O projeto é patrocinado pela Gerdau, Grupo DASS e CAGECE e tem parcerias com a BG Soluções Sociais e Instituto Seara.
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