Juventude em Ação: Perfil – Eisla Vyncent
Eisla Vyncent, poetisa e cantora, moradora do bairro Parada Morabi, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, aos 17 anos, é um exemplo de ativismo juvenil.
Estudante do Ensino Médio, Eisla Vyncent é militante sócio-política desde os 11 anos, mas sua participação efetiva, com lugar de fala, se deu aos 15. Até então, seu envolvimento era mais presente na parte cultural, quando levada pela mãe, Elizete Morabi, a conferências e reuniões da UNEGRO, sempre a incentivando a cantar na abertura ou no fechamento do evento. Foi assim que Eisla começou a se identificar com espaços de debate social.
Eisla Vyncent fez o curso de formação política Seja Democracia, destinado a jovens, pretos (as) de periferias, e foi nesta etapa que começou a posicionar-se enquanto ativista juvenil, sendo a integrante mais jovem da UNEGRO de Duque de Caxias. A partir daí entrou para o Mulher para Renovar, movimento que cuida de mulheres vítimas de violência e busca o empoderamento feminino, liderado por sua mãe. A partir desse movimento ela criou um projeto chamado “Juventude Revolucionária”, em que ela convida a juventude à representatividade e à participação. Por meio desse engajamento social, portas abriram-se para outros projetos estudantis.
Sobre a participação no curso de politica
“Quando entrei no curso de política, percebi que só tinha doutores, formados em diversas áreas, e eu era a única estudante de Ensino Médio presente. Foi muito difícil pra eu me expressar, mas me acolheram super bem e paravam para me ouvir. Foi quando eu pensei: se doutores me escutam, por que que a juventude não vai me escutar? Foi quando decidi de vez entrar pro movimento social, me tornar uma ativista sócio-política”, diz ela.
Ao participar de eventos internacionais pela CEPIA Cidadania, durante os anos de 2020 e 2021, ela desenvolveu um forte lado social. Eisla destacou-se durante um encontro entre adolescentes e jovens da América Latina com afros anglo-saxônicos, promovido pela CEPIA, e foi convidada pela Organização das Nações Unidas (ONU), para participar do Fórum Geração de igualdade. Ela enviou um vídeo falando sobre a importância da participação das mulheres e da igualdade de gênero e, com essa participação, pode inserir-se em alguns planos e eventos da CEPIA, o que proporcionou-lhe um desenvolvimento contínuo. O próximo passo foi dar palestras em escolas e em outros ambientes.
Eisla Vyncent fala um pouco sobre sua trajetória
“Comecei a fazer palestras em escolas estaduais em 2021, a primeira foi no Centro Integrado de Educação Pública 441 Mané Garrincha (CIEP), onde eu estudo. Essa escola está me impulsionando muito. Fui convidada a fazer parte do corpo estudantil da unidade e já estou tocando o segundo projeto social no local. O primeiro foi nomeado ‘Resgatando a Cidadania’ e agora estamos fazendo o ‘De Olho no ENEM – Exame Nacional de Ensino Médio’, em que a proposta é que os próprios alunos sejam os monitores, orientados pela professora, exercendo o protagonismo juvenil, para se colocarem em lugar de destaque dentro da sua própria história. Esse projeto funciona como se fosse um reforço escolar, as aulas são dadas por alunos que estão cursando o último ano e se identificam cada com uma matéria específica. O material didático é fornecido pelo Estado”, explica ela.
Eisla pretende, em um futuro próximo, implementar o projeto “De Olho no ENEM – Exame Nacional de Ensino Médio” em outras escolas.
A jovem diz que herdou a veia política da mãe, e este é um legado que ela carrega. Diz ainda que quando estuda, se aprofunda e se reconhece em um lugar de necessidade de posicionamento, percebendo que é hora de colocar-se socialmente e pede que a sociedade veja sua posição. Pede também que os jovens vejam sua luta e a acompanhem, por perceberem a necessidade de, hoje, ocuparmos espaços democráticos. A sociedade e os movimentos sociais precisam da presença da juventude, segundo Eisla.
Para completar, Eisla diz que, atualmente, a luta dela é pela juventude e pelas mulheres. Ela costuma falar, durante palestras, sobre a importância da juventude nos espaços democráticos, lugar que todos têm direito, e sobre as histórias que as pessoas carregam. Tudo isso em um recorte histórico, tentando resgatar a cidadania e também incentivar o empoderamento feminino, que são as duas pautas mais debatidas durante suas palestras.