Filme Desova retrata histórias de desaparecimentos forçados na Baixada Fluminense

A produção, que venceu o 12° Festival Internacional de Cinema Político, em Buenos Aires, como melhor Curta-Metragem, será exibido gratuitamente no Sesc Nova Iguaçu.

05.10.23

Com direção e roteiro de Lais Dantas, será lançado no Cine SESC, em Nova Iguaçu, o curta Desova, vencedor da Competição Internacional de Curtas-Metragens, no 12º Festival Internacional de Cinema Político, FICiP, em Buenos Aires, Argentina. Competindo contra filmes de 14 países, a produção saiu vitoriosa na categoria de Melhor Curta.

O filme, que foi produzido pela Quiprocó Filmes, teve sua estreia pública durante o FICiP, e foi uma conquista que marcou um momento significativo na carreira da diretora.

Aos 28 anos, Laís Dantas já assinou a direção de projetos para o Porta dos Fundos, Quebrando Tabu, Instituto Marielle Franco, Canal Brasil e Instagram. Também foi a responsável pela direção de fotografia do curta A Mulher do Fim do Mundo, dirigido por Geo Abreu; do mini-doc Respeita Nosso Sagrado, dirigido por Fernando Sousa e Gabriel Barbosa; e do longa Rio Negro.

Expondo a realidade

Desova lança uma luz sobre a questão dos desaparecimentos forçados e nem sempre explicados na região da Baixada Fluminense. Mostra também a vida das mães que perderam tragicamente seus filhos nessa situação recorrente.

Em conversa com a Agência Brasil, a jovem cineasta explicou que o curta busca compreender as dinâmicas do desaparecimento forçado de pessoas, que incluem técnicas do Estado de desaparecer com corpos, bem como a tentativa de mães e familiares das vítimas em lidar com esse trauma, por meio da criação de grupos e coletivos de apoio.

Desaparecimentos forçados: histórias que se repetem

Adriano Araújo, coordenador executivo do Fórum Grita Baixada, um dos apresentadores da obra, fala sobre a temática do filme.

“No passado, os desaparecimentos forçados eram, na maior parte dos casos, violações graves a um grupo relativamente homogêneo: ativistas brancos, de classe média alta, estudantes e profissionais liberais do meio urbano”.

“No entanto, seja durante o período colonial-escravagista, seja após o período ditatorial, é a população negra, pobre e das periferias as mais atingidas pela violência de estado. Sejam as disputas entre facções criminosas, sejam as execuções sumárias praticadas pelas forças de segurança, sejam as ações dos grupos milicianos, pobres e pretos vem sendo mortos e desaparecidos nas favelas e periferias das grandes metrópoles”.

“O Fórum Grita Baixada pretende que o filme Desova seja um instrumento facilitador de debate, diálogo e incidência legislativa: é preciso tipificar o desaparecimento forçado de pessoas como crime hediondo, como preconiza a Comissão Interamericana de Direitos Humanos”.

“Só assim, teremos produção de dados oficiais e a produção de políticas públicas para a prevenção, reparação e responsabilização dos autores. Essa é a resposta que mães e familiares de vítimas de violência e de desaparecidos esperam e exigem”, termina Adriano.