O que é o Dia Internacional dos Migrantes e qual a sua importância

Cerca de 281 milhões de pessoas vivem em países distintos dos que nasceram, segundo dados da ONU; Brasil tem 4,5 milhões de cidadãos residindo no exterior

18.12.23

Por Rodrigo Borges

É bem provável que você, leitor, tenha na família algum antepassado ou mesmo um parente vivo que seja migrante, que nasceu em um país distinto de onde vive hoje. Mas essa movimentação, que às vezes parece ter ficado na história, segue atual e gerando transformações diversas mundo afora. É justamente esse grupo que é lembrado mundialmente a cada dia 18 de dezembro, quando é celebrado o Dia Internacional dos Migrantes.

A data foi instituída pela Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) em 4 de dezembro de 2000 e tem como objetivo celebrar o reconhecimento das contribuições culturais, econômicas e sociais geradas por essa comunidade mundo afora, tanto nas sociedades de destino quanto de origem. Além disso, também visa fomentar ações de conscientização contra preconceitos, como racismo e xenofobia.

Segundo dados da ONU, atualmente cerca de 281 milhões de pessoas vivem em países distintos dos que nasceram, os chamados migrantes internacionais ou simplesmente imigrantes. Isso equivale a 3,6% da população global.

Migrantes no Brasil e brasileiros no exterior

No Brasil, os migrantes internacionais (ou imigrantes) correspondem a menos de 1% da população, alcançando em torno de 2 milhões de pessoas, de acordo com estimativas recentes do OBMigra (Observatório das Migrações Internacionais), centro de pesquisa ligado à Universidade de Brasília (UnB) e que atua como parceiro do governo federal no fornecimento de dados e estudos sobre o processo migratório.

Apesar de pequena se comparada à população brasileira total, a comunidade migrante encontra-se disseminada por todo o país, mesmo tendo alguns pontos de maior concentração, como São Paulo, Rio de Janeiro e Boa Vista. Um estudo de 2018 do IBGE apontou que os migrantes internacionais estão presentes em 3.876 dos 5.570 municípios do país, 69% do total. Por outro lado, apenas 5,5% dessas localidades contam com serviços voltados para essa população.

Além disso, projeções do Ministério das Relações Exteriores apontam que pelo menos 4,5 milhões de brasileiros vivem como migrantes internacionais (ou emigrantes) em outros países. Vale ressaltar que essa estimativa não considera os brasileiros que vivem de forma indocumentada.

O que significa ser migrante, na visão de pessoas migrantes

O Lupa do Bem ouviu pessoas migrantes que vivem no Brasil e no exterior sobre o que significa para elas o Dia Internacional dos Migrantes. As respostas trouxeram questões como superação, aprendizado e adaptação constantes a situações cotidianas. Tudo isso com o desafio de não esquecer das próprias raízes.

“Ser migrante é ser corajoso, é se deitar inconforme e acordar com esperança, é resumir a vida numa mala, se despedir de alguns e levar os outros, muitas vezes sem bússola nem norte, só com a certeza que lá será melhor”, resume a comunicadora venezuelana Yesica Morais, que vive em Boa Vista e dedica boa parte de sua atividade a levar informações aos compatriotas que residem no Brasil.

Para ela, a data especialmente voltada aos migrantes tem ainda um outro significado. “Para alguns somos números, para outros somos intruso. Mas nesse dia temos a chance de todos nós levantarmos a voz para lembrar que somos humanos, que somos iguais”.

Os brasileiros que vivem no exterior também são migrantes. É o caso de Ingrid Gomes Sousa, formada em Turismo e que vive há 16 anos na Holanda, sendo os últimos 12 na cidade de Haia. “Para mim ser migrante é ter que seguir em frente diante de desafios que muitas vezes vão além da adaptação ao novo lugar que moramos. É aprender o novo idioma, nos adaptar a novos hábitos e costumes de uma cultura diferente da nossa, sem esquecer quem somos”.

Em sintonia com o que defende a ONU e organizações diversas de direitos humanos, Ingrid acredita ainda que uma data como o Dia Internacional do Migrante é importante para que se abra um diálogo global sobre migração. “Embora faça parte da nossa sociedade há séculos, a migração ainda não recebe a atenção que deveria. Essa data também é uma forma de trazer empatia para o combate a preconceitos e xenofobia, trazer conscientização sobre os nossos direitos e deveres, além de agregar na luta por políticas migratórias mais eficazes e dignas para todos”.

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Autor: Redação - Lupa do Bem
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