Abeuni leva atividades educativas e atendimento oftalmológico e odontológico gratuito para comunidades de SP 

ONG atua há mais de 35 anos mobilizando voluntários; atendimento inclui distribuição de óculos para quem tem baixa visão

12.09.24

Por meio do diálogo com a comunidade, e contando com um grupo diverso de profissionais voluntários, a Abeuni promove a saúde tanto por meio de atendimentos de dentistas e oftalmologistas quanto pelo desenvolvimento de atividades lúdicas e educativas que promovem o envolvimento comunitário na resolução de problemas. 

Assim, a ONG vem mobilizando voluntários há décadas pelo bem do próximo. Todo mundo sai ganhando: de um lado, a população tem acesso a informação de qualidade sobre cidadania e tratamentos de saúde gratuitos. Do outro, os voluntários ganham experiência profissional, ao mesmo tempo em que desenvolvem habilidades comportamentais. 

O nome Abeuni, explica o diretor de comunicação e marketing Vítor Miranda de Oliveira, é a sigla da Aliança Beneficente Universitária de São Paulo. “Mas hoje não significa isso, nós abolimos a sigla, virou uma palavra só, uma vez que não é mais necessário que os voluntários sejam universitários. Entendemos que isso permite uma participação mais abrangente e justa.” 

A organização surgiu em 1984, fruto de uma outra instituição da sociedade civil, a Abenibra, de apoio aos imigrantes japoneses que chegavam ao Brasil no pós-guerra. “Os primeiros imigrantes apoiados pela Abenibra começaram a ter filhos e muitos deles se formaram nos anos 1980 na área de medicina. E, incentivados pela experiência dos pais, quiseram levar atendimento médico para as comunidades carentes”, lembra o diretor. 

Com o tempo, a democratização do acesso à saúde pública e mudanças nas demandas da população levaram a Abeuni a expandir sua atuação. Além de oferecer consultas com dentistas e médicos oftalmológicos, os voluntários também ensinam práticas de higiene, escovação e nutrição; acolhem as mulheres com rodas de conversa sobre empoderamento feminino e autocuidado; e oferecem apoio para a juventude sobre temas relacionados à inclusão, diversidade, estudos e primeiro emprego. 

Imagem: reprodução.

Atendimento gratuito

Desde 2019, a Abeuni vem promovendo a Caravana da Saúde em parceria com o CEU Alvarenga, próximo a Diadema, zona sul de São Paulo, e envolve cerca de 200 voluntários. Eles aproveitam a estrutura do espaço e montam uma verdadeira clínica durante o período dos atendimentos. “É um evento de portas abertas. Promovemos a saúde da mulher, da criança e do adolescente. Também fazemos atendimentos com dentistas e consultas com oftalmologistas. Além disso, distribuímos óculos de grau para quem tem baixa visão”, diz Vítor.

Antigamente, conta Vítor,  as caravanas eram feitas em todo o estado de São Paulo. “Mas, assim que terminava, íamos embora. Agora entendemos que, para causar impacto estrutural real, precisamos conhecer a região onde vamos atuar, criar vínculos, saber quais são os problemas e levar o que realmente precisam”.

Hoje, os eventos ocorrem em janeiro e julho, durante as férias escolares, e atendem cerca de 1.400 pessoas por ano. Além da Caravana da Saúde, também ocorre o projeto Renova, de educação para os jovens da comunidade, uma vez ao mês. O atendimento nessa região, diz, é estratégico. “O CEU Alvarenga fica em uma região que sofre com a violência, a comunidade do entorno é muito carente. Então estamos tentando gerar esse impacto cultural positivo”. 

Abeuni

Os voluntários da Abeuni realizam desde a montagem da estrutura de atendimento e divulgação para a população dos arredores até a recepção e triagem dos pacientes. Ao todo, são 11 departamentos de atuação, sendo que cada um é responsável por uma atividade específica. Entre eles, está o departamento que realiza atividades com as crianças. 

Os voluntários deste departamento promovem o direito ao cuidado e a brincadeira de meninos e meninas, permitindo que seus responsáveis sejam atendidos e participem das demais atividades no evento. “Esse departamento surgiu para atender principalmente as mães, que não contavam com rede de apoio para deixar os filhos durante o atendimento. Realidade muito comum no Brasil, em que mais da metade das mães são solo”, diz o diretor. 

O departamento dos jovens também surgiu de uma necessidade. “Fazemos junto com o ‘Recreio nas Férias’, que é uma atividade da prefeitura. O foco é oferecer atividades culturais, fazer uma integração para que as crianças e os jovens não fiquem vulneráveis na comunidade. Fazemos sarau de música, levamos para fazer trilha na natureza. Aqui eles têm um lugar seguro para ficar.” 

Imagem: reprodução.

Juventude e educação

O projeto Renova, de apoio aos jovens, acontece mensalmente aos sábados. Entre as atividades que já foram promovidas estão campeonato de basquete, curso de culinária, sarau de drag queens, clube do livro, roda de leitura, sarau de música e feira de profissões. “Nós entendemos que a escola ainda falha nessa parte, então oferecemos um repertório para que o jovem possa descobrir sobre o que ele gosta e como ele pode se desenvolver nisso. O objetivo é promover sua autonomia”, reforça Vítor. 

“Queremos que a juventude se empodere de tal forma que ela possa olhar para a realidade ao seu redor e agir. Que possa lutar pela iluminação da rua, deixar o bairro mais seguro. Que questione a realidade em que está inserida e queira transformar isso. O foco é que esse jovem olhe para si e seja potente e que ele olhe para a comunidade e seja potente também.” 

Voluntariado

Vítor Miranda de Oliveira é professor de ciências do ensino fundamental e médio. Ele atua como voluntário na Abeuni desde 2011 e já passou por diversos departamentos na organização. Hoje, atua como diretor de comunicação e marketing. Essa experiência, diz, fez com que desenvolvesse várias competências. 

“Já fui chefe de departamento, quando liderava 15 pessoas, já gerenciei os 11 departamentos da Abeuni, com mais de 100 pessoas ativas… Então hoje eu sei como é gerenciar um projeto, uma equipe, sei como é o financeiro de uma organização, porque passei por esse departamento aqui dentro, sei como é a comunicação e o marketing… Essa é a ideia de quem atua com o voluntariado. Que essa pessoa se desenvolva e que também gere impacto estrutural real.” 

Os voluntários possuem diferentes histórias de vida e formação profissional. Há desde jovens recém-formados no ensino médio e na faculdade até pessoas mais velhas, com experiência e estabilidade profissional. “Nossos voluntários vêm de toda a cidade de São Paulo. E, como a odontologia no Brasil é muito reconhecida, às vezes vem gente da África, de Angola. Já são mais de 40 anos… Muitos casais se formaram na Abeuni e tiveram filhos que também viraram ‘abeunenses’. Daqui a pouco teremos a terceira geração de voluntários”, orgulha-se Vítor.

Imagem: reprodução.

Quer apoiar essa causa? 

Todo o trabalho realizado pela Abeuni é feito por meio de doações e voluntariado. Para se inscrever, clique aqui. Para apoiar, há uma grande campanha de arrecadação no site da Benfeitoria. Para saber mais, entre no site e siga as redes sociais no Facebook e Instagram

Maira Carvalho
Jornalista e Antropóloga, Maíra é responsável pela reportagem e por escrever as matérias do Lupa do Bem.
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