Conheça a história do Líder Comunitário Alan Duarte: uma trajetória de perdas, coragem, superação e vitória!

Alan tem 33 anos e é morador do Morro do Adeus, no Complexo do Alemão, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro

15.09.22

Alan Duarte, em 2012, viu seu irmão ser assassinado e isso o levou a um momento de reflexão sobre o mundo, a vida, questões espirituais e outros assuntos. Então ele decidiu analisar alguns dados sobre a violência no Rio de Janeiro, mas ainda muito novo, não tinha conhecimento para pesquisar mapas da violência e onde conseguiria encontrar dados gerais publicados de instituições que estudam esse assunto no Estado do Rio de Janeiro. 

Diante dessa dificuldade, resolveu pesquisar os dados da própria vida. Foi quando, espantosamente, percebeu que nenhum homem da família morreu por causas naturais, todos foram assassinados, foram 10 mortes por arma de fogo. Se aprofundado mais, fez um levantamento de quantos amigos foram mortos da mesma forma e chegou ao número de 150 óbitos; indo mais fundo na pesquisa, computou mais de 17 amigos presos e outros 15 em liberdade condicional e, todos com cicatrizes de ferimentos provocadas também por arma de fogo.

Mudança de vida

Um tempo depois da perda do irmão, Alan começou a participar de um projeto de boxe no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, onde ficou durante 17 anos e, ele percebeu que durante esse tempo a vida dele mudou muito. Viajou para vários países com o projeto, conheceu o Brasil inteiro, pôde estudar e se formar, mesmo sendo negro, pobre, vindo da mesma realidade, família e da mesma comunidade que as pessoas citadas, estas não tiveram a mesma sorte.  

A distância entre às duas favelas era muito grande e, em meados de 2014, Alan começou a se questionar o porquê de ter que investir mais de 40 minutos para ir do Complexo do Alemão ao Complexo da Maré e, porque não podia ter essa mesma oportunidade no local de moradia?

Assim Alan decidiu criar o Abraço Campeão, um projeto com o propósito e objetivo de levar para a comunidade em que mora com as mesmas oportunidades que ele teve. Uma iniciativa que mudou e continua mudando as vidas de muitas crianças, jovens e adultos moradores de favelas e de territórios periféricos. 

Alan Duarte conta que, em 2015, quando viajou para Londres, percebeu o quanto é incrível viajar para outro país e conhecer outras culturas. Ele estava com uma camiseta do projeto então recém-criado e resolveu tirar fotos da mesma em pontos turísticos da cidade e, naquele momento, decidiu que colocaria seus, então alunos, naqueles locais.

Em 2017 Alan Duarte concretizou um documentário chamado “The Good Fight” contando sua própria história. Esse filme participou de 57 festivais, marcando presença em 27 países, inclusive Estados Unidos, Nova York, onde participou do “Tribeca Film Festival”, ganhando o prêmio de melhor documentário. Ele estava presente e teve a oportunidade de conhecer Robert De Niro e Whoopi Goldberg.

Ele deixa aqui um recado para sul-africano, canadense, naturalizado americano, Elon Musk, CEO da Tesla Motors, e para o norte-americano, Jeff Bezos, fundador da Amazon:

“Acredito que o mundo precisa de vocês e de suas consciências para acabar com a pobreza e a miséria no planeta. Acho muito importante canalizar energia para colonizar Marte, mas precisamos de vocês aqui no planeta Terra, pois por enquanto não existe planeta alternativo, é a Terra que precisa de atenção. Se realmente vocês contribuírem para acabar com a pobreza, terão o apoio do mundo, e isso é possível, pois existem recursos naturais no planeta para todo mundo. Isso acabará se o foco for direcionado para outro lugar que não aqui, termina Alan.

Perguntado sobre como conseguiu ter força para seguir num ambiente tão adverso, ele responde:

a perda do meu irmão, o conhecimento adquirido no Complexo da Maré, os estudos e a repercussão do documentário foram meus combustíveis para chegar até aqui, mas nem tudo foi maravilhoso, os desafios foram enormes”.

Alan Duarte é formado pela Universidade da Liderança Social da ONG Gerando Falcões.

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Assista ao documentário premiado.

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Neuza Nascimento
Após ser empregada doméstica por mais de 40 anos, Neuza fundou e dirigiu a ONG CIACAC durante 15 anos. Hoje é estudante de Jornalismo e trabalha com escrita criativa, pesquisa de campo e transcrições. No Lupa do Bem, é responsável por trazer reflexões e histórias de organizações de diferentes partes do Brasil para a "Coluna da Neuza".
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