Coletivo Negro cria cartilha sobre educação política para estudantes do ensino básico

Analisando o cenário político e entendendo o quanto os jovens são importantes no processo eleitoral, o Afronte Coletivo criou uma cartilha que pretende facilitar o acesso à educação política nas escolas públicas.

02.05.22

Crédito: Divulgação

Por: Eduarda Nunes / Lupa do Bem – Favela em Pauta

A cartilha digital “Educação Política e Direitos  Humanos” foi criada e lançada em 2021 enquanto forma de adaptação de um projeto de educação política para estudantes da rede pública de ensino em Pernambuco.

A queda significativa na quantidade de jovens entre 16 e 18 anos aptos a votar este ano chamou a atenção do país. Campanhas para estimular esse público a tirar e regularizar o título de eleitor até o dia 4 de maio têm sido protagonizadas tanto por instituições públicas e organizações da sociedade civil como por artistas e influenciadores.

O Afronte Coletivo é uma organização criada por estudantes negros da Universidade Federal de Pernambuco em 2015. Educação e relações étnico-raciais são os principais temas de atuação do grupo desde então.

E foi a partir das vivências dentro e fora da universidade, alinhado com o momento político que se desenhava para o processo eleitoral de 2022, que educação política se tornou um foco de debate.

“Entendendo que, além de uma questão racial e social, a invisibilização da população negra e indígena é, além de tudo, uma política pública de preservação de status e poder preparamos um projeto que visava discutir Educação Política E Direitos Humanos com estudantes de escolas do ensino médio no intuito de desconstruir o mito de que política não se discute” – texto de divulgação da cartilha.

Com a impossibilidade de estar conversando presencialmente com os estudantes nas escolas públicas, o grupo sistematizou as informações na cartilha digital e disponibilizou para que professores e outros grupos interessados em debater o tema dentro das escolas pudessem utilizar.

Além de conceitos sobre o processo eleitoral em si, como a definição de democracia, dos três poderes e o sistema proporcional e majoritário de eleição, a cartilha também traz questões como ideologia, minorias sociais e Direitos Humanos.

“Nosso objetivo é ajudar a entender como a política institucional acontece e aproximar as pessoas cada vez mais cedo para essa discussão. Afinal, a política interfere até no preço do pão, do gás, na conta de energia, né?”, defende o coletivo.

João Pedro Simões é cientista político e co-fundador do Afronte. Ele pontua que a cartilha, “Fortalece a democracia e a participação popular na incidência em instituições públicas como Prefeitura e Câmara Municipal. Munidos de informações factuais, os educadores sociais se empoderam da realidade política e dos caminhos possíveis de serem seguidos para suprir suas demandas.”

A expectativa agora é seguir aumentando o alcance e o impacto da cartilha. “Esperamos que as ideias de respeito à diversidade, direitos humanos e participação democrática sejam assimiladas e passadas adiante nos territórios periféricos da Região Metropolitana do Recife,” conta o cientista político.

Afronte Coletivo

Como acompanhar e apoiar o Afronte Coletivo

A organização foi formada em 2015 e é o primeiro coletivo negro criado na Universidade Federal de Pernambuco. O objetivo inicial era ser um espaço para acolher e encaminhar questões em comum vivenciadas por estudantes negros — que a cada ano aumentavam por conta da Lei 12.711/2012, que institui as cotas sociais e raciais para o ingresso nas unversidades federais.

A partir da atuação dentro da unviersidade, o coletivo se inseriu no movimento negro do Recife, construindo ações conjuntas e acompanhando a agenda antirracista da Região Metropolitana do Recife. 

Atualmente faz parte da Articulação Negra de Pernambuco, que integra a Coalizão Negra Por Direitos. Para acompanhar e apoiar o trabalho do Afronte Coletivo, siga-os no Instagram

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Autor: Redação - Lupa do Bem
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