Universitários auxiliam vítimas do reconhecimento facial fotográfico

Aliança Antirracista: Método de reconhecimento é comprovadamente ineficaz por levantamento de dados realizado de 2012 a 2020

20.04.22

Crédito: Divulgação

Por: Renato Silva – Lupa do Bem / Favela em Pauta

Aliança Antirracista é um coletivo de estudantes e ativistas, fundado durante a pandemia com o objetivo de fornecer diversos tipos de auxílio às pessoas vítimas de falhas e crimes cometidos pelos serviços de segurança pública. Seu foco está nas vítimas do reconhecimento por meio de fotografias, quando policiais prendem pessoas após utilizarem o tipo de reconhecimento facial que vem sendo questionado na sociedade pela ineficácia e produção de injustiças.

O problema é grave e racializado. Esta é uma afirmação dura, mas sustentada por dados do relatório do Colégio Nacional dos Defensores Públicos (Condege), que reúne associações de defensores públicos de todo Brasil. Os dados, referentes ao período de 2012 a 2020, contabilizam informações enviadas por defensores de dez estados diferentes e mostram que 81% dos que foram presos injustamente são negros, somando-se pessoas negras e pardas conforme definição do IBGE.

Aliança Antirracista

Diante desse cenário é que Mauro Pereira, graduando em Direito, juntou-se a amigos para fundar a Aliança Antirracista, um coletivo de atuação assistencialista, que conta com estudantes de diversas áreas, como direito, jornalismo, psicologia, entre outros. “O intuito é levar auxílio para essa juventude negra, seja jurídico, psicológico, assistência social para quem às vezes não sabe onde procurar ajuda”.

Aliança Antirracista: Apoio jurídico, psicológico e informação – chaves do trabalho 

O coletivo multidisciplinar presta apoio jurídico, psicológico e informativo — dentro das possibilidades de um coletivo de estudantes — às vítimas e familiares que sofrem com as consecutivas falhas do serviço de segurança pública do estado do Rio de Janeiro. 

“A gente toma conhecimento dos casos, aí vai até os locais, até os presídios, e pergunta se eles querem esse auxílio jurídico e também psicológico, especialmente na questão do reconhecimento fotográfico”, comenta Mauro Pereira.

Aliança Antirracista

De acordo com Mauro, uma das lideranças do coletivo, nem sempre é possível auxiliar uma família do início ao fim. “Como somos um grupo de estudantes, muitas vezes o nosso trabalho é encaminhar os casos aos órgãos competentes, como a Defensoria Pública, ou o Ministério Público, algo que muitas vezes as famílias não têm noção de como fazer para recorrer aos seus direitos violados por esse Estado que é estruturalmente racista”, acrescenta em protesto.

Essa necessidade é tão grande que se mostra até mesmo no momento de agradecimento pela atuação, é o que conta Mauro, com emoção nos olhos. “Nós somos gratos pelo retorno das famílias que dizem estar perdidas e depois vêm agradecer ao nosso trabalho. Eles vêm perguntando ‘nós temos que pagar a defensoria pública?’”, conta o líder de olhos marejados, que lembra:  “Não! Esse é um serviço público, ninguém precisa pagar nada, a defensoria foi criada para defender as pessoas que são violadas por esse Estado que não é fácil para quem é preto e de favela ou periferia”.

Pereira confessa ainda que deseja um futuro em que coletivos com a Aliança Antirracista não sejam mais necessários. “Ver nenhum negro periférico inocente atrás das grades. Essa é a nossa meta principal”. Conta ele, lembrando que a realidade atual inspira força para seguir lutando. “A gente acredita tanto nesse potencial nosso de lutar pela juventude preta, nesse nosso aquilombamento, que a gente não cansa nunca. Eu não vim do Maranhão pra Maré à toa. E a Aliança Antirracista tem esse foco em brigar junto com essas vítimas e famílias desse Estado que encarcera injustamente a juventude preta”.

Como acompanhar e apoiar a Aliança Antirracista

A Aliança Antirracista é um coletivo jovem, que já realizou, entre outras ações, reuniões de apoio e encaminhamento junto às mães e famílias das vítimas da Chacina do Jacarezinho, em parceria com o Café das Fortes. Para acompanhar e apoiar o serviço prestado pelo coletivo, basta seguir o perfil da Aliança Antirracista no Instagram e fazer contato com os administradores para encontrar as melhores formas de contribuir com esse serviço ainda tão necessário.

 

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Autor: Redação - Lupa do Bem
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