Campanhas de Natal: Instituto Criança Mais Feliz beneficia centenas de famílias em Porto Alegre (RS)

Em ação desde 2015, campanhas já impactaram cerca de 30 mil crianças, de 100 comunidades diferentes na capital gaúcha e região metropolitana

07.12.23

O Instituto Criança Mais Feliz é uma organização da sociedade civil que já impactou mais de dez mil famílias em Porto Alegre e região metropolitana, no Rio Grande do Sul. Tudo é feito por meio de doações e trabalho voluntário. São cinco campanhas principais de arrecadação ao longo do ano e em dezembro acontece a tradicional campanha de fim de ano.

Para o Natal, serão distribuídas cestas básicas, brinquedos, panetones, guloseimas, além de produtos de higiene e limpeza. As doações serão entregues a um grupo de 100 mães. “Essa é talvez a campanha mais robusta de Natal que já fizemos até agora. Devemos impactar cerca de 250 crianças de uma só vez… As mães e as crianças passam muito bem o final de ano com as doações”, explica Nara Sonallio, fundadora e presidente do instituto.

A arrecadação dos produtos vem sendo realizada desde meados de novembro. São 35  pontos de coleta, distribuídos em clínicas, consultórios, mercados, salões de beleza e outros pontos comerciais da cidade. Durante a campanha de Natal, também são incentivadas as doações de material escolar, que serão distribuídas para as crianças no início do ano letivo, em 2024. 

“É uma campanha importante, porque além dos kits para o final do ano, também estamos arrecadando material escolar. A meta é atender 500 crianças com o material escolar completo no ano que vem.  As doações incentivam as crianças a estudarem”, afirma a fundadora.

Impacto social 

Desde 2015 em ação, as campanhas realizadas pela OSC já arrecadaram cerca de 10 milhões de donativos, dezenas de toneladas de alimentos e envolveu mais de 100 voluntários. “Não vamos mudar o mundo, mas podemos mudar a vida de várias famílias que estão ao nosso redor”, observa Nara. 

Ela lembra que não há política pública suficiente para atender as famílias em situação de extrema pobreza. “Milhões de famílias estão passando fome no Brasil, não só em Porto Alegre. A quantidade de moradores em situação de rua está cada vez mais alta. Não importa a estação do ano, vejo muitas mulheres com crianças dormindo nas ruas da cidade”.

Desse modo, o instituto busca levar esperança por onde passa: “Queremos mostrar às crianças que elas têm o direito de sonhar, que podem ter uma vida melhor, tornarem-se atletas, professores, etc. Às vezes, uma palavra pode fazer a chavezinha delas virarem”, defende. 

Imagem: reprodução.

As campanhas

Nara começou a fazer campanhas de arrecadação após participar de uma ação voluntária, em 2015. A ação ocorreu em um ginásio da cidade, para apoiar as famílias desabrigadas das ilhas de Porto Alegre, completamente alagadas devido às fortes enchentes. 

“As famílias foram alojadas no ginásio Tesourinha, perto de onde eu morava, e um dia peguei duas garrafas de chá, uns pacotes de bolacha e fui levar para as crianças. Não me deixaram entrar, mas consegui uma brecha e entrei… quando vi que as doações estavam desorganizadas, resolvi ajudar. Cheguei às 10 da manhã e saí meia-noite. No outro dia, voltei de novo… Acabei ficando 22 dias por lá”, recorda-se Nara.

No fim da ação, ela foi junto com o Exército e a Defesa Civil levar as famílias de volta para as ilhas, e ficou emocionada com o que viu. “As crianças estavam chorando porque não queriam voltar para casa. No ginásio, elas tinham cinco refeições por dia, banho, brinquedos, gente dando atenção para elas”, conta. 

Após dois meses, Nara voltou para as ilhas com a Defesa Civil. Ela havia organizado uma campanha de arrecadação de brinquedos e foi entregar às crianças no Natal. Desde então, não parou mais de fazer as campanhas. Estima-se que cerca de 30 mil crianças foram impactadas, em 100 comunidades diferentes, com alimentos, enxovais, roupas e calçados, brinquedos, material escolar, material de limpeza e produtos de higiene. 

Imagem: reprodução.

Doações e voluntariado

As campanhas começaram de maneira sistemática, em 2016. Primeiro foi feita a campanha para a volta às aulas, depois a campanha de Páscoa, logo em seguida, a campanha de inverno, para o dia das crianças e por fim, a campanha de Natal. Essa dinâmica se repetiu nos anos seguintes.

Até que em 2021, apoiadores indicaram o projeto para participar do programa The Wall, do Luciano Huck. Nessa época, Nara trabalhava com publicidade, ao mesmo tempo em que atuava como voluntária na organização das campanhas. Ela foi ao programa na expectativa de levantar um patrocínio para montar a sede. 

“Nós recebíamos muitas doações e como não tínhamos sede, ficava tudo na casa dos voluntários. Então fomos para o programa com o intuito de conseguir dinheiro para alugar uma casa. Nós esperávamos que o setor privado nos apoiasse. Mas depois do programa, recebemos centenas de pedidos de ajuda, buscando receber as doações…”, conta Nara.

As campanhas do Criança Mais Feliz estavam completando seis anos. Nara propôs então que fizessem uma grande ação contra a fome. A meta era arrecadar 6 toneladas de alimentos. Ao final da campanha, havia 15 toneladas. 

“O padre Romeu, da paróquia Santo Antônio Pão dos Pobres, foi um grande parceiro. Ele abriu as portas da paróquia para organizar tudo que arrecadamos. Foi um trabalho gigantesco, ficamos com os voluntários de outubro a fevereiro entregando as doações. No total, atendemos 2.800 famílias”, lembra Nara.

Instituto Criança Mais Feliz

Depois de muitas campanhas, a sede do Instituto Criança Mais Feliz foi criada no início de 2023. O espaço, além de alocar as doações, também oferece atividades socioeducativas para mães e crianças. As atividades incluem contraturno escolar, palestras sobre nutrição e grupo de mães. “As crianças de dois, três anos, que vão lá, estão obesas de tanto comer bolacha e pão, porque é o único alimento que elas têm acesso”, alerta a fundadora.

Para manter os projetos, espera-se que as doações em dinheiro sejam recorrentes. Há uma intensa campanha convidando as pessoas a participarem com valores mensais a partir de R$50,00. “Precisamos de ajuda financeira para manter a sede. Não dá para viver só de doações de alimentos e material escolar. Cesta básica não paga aluguel, internet, luz, segurança…”, diz Nara. 

Sem qualquer apoio do poder público e privado, o instituto depende, portanto, de parcerias para continuar o trabalho. “Nós somos um braço parceiro da sociedade. Fazemos um trabalho que o poder público deveria estar fazendo, mas não consegue”, finaliza a fundadora.

Imagem: reprodução.

Quer apoiar essa causa?

Para saber mais informações e contribuir com doações ou trabalho voluntário, visite o site do Instituto Criança Mais Feliz ou siga o perfil no Instagram. Também é possível fazer doações diretamente pelo PIX: CNPJ 39.680.115/0001-00.

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Maira Carvalho
Jornalista e Antropóloga, Maíra é responsável pela reportagem e por escrever as matérias do Lupa do Bem.
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