Casal de refugiados venezuelanos encontra segurança para amar no Brasil
O casal Armando e David fugiram da Venezuela após perseguição do pai de um deles e encontraram no Brasil um lugar para recomeçar
O Brasil é o quinto país escolhido pelos venezuelanos para migrar e começar uma nova vida e, segundo o portal TV Brasil, 95.454 solicitaram refúgio e 51.578 conseguiram ser reconhecidos como refugiados.
Mas o que é um refugiado?
A pessoa que por vários motivos, foi obrigada a sair da terra natal e se mudar para outra. Existem diversos tipos de refugiados. Por exemplo: alguns o são por conta de perseguição política, outros devido a conflitos armados e guerrilhas, tem os que sofrem com a fome, discriminação racial, social ou religiosa, os refugiados ambientais, os que são alvos de homofobia por conta de identidade de gênero, orientação ou característica sexual, entre outros.
David Emilio González Castillo, 32 anos, da cidade de Maracay, no Aragua, e o indígena José Armando Marchena Cabulla, 25 anos, da cidade de Puerto Ayacucho, no Amazonas, na Venezuela, é um casal homoafetivo que está na situação de refugiado no Brasil por conta da homofobia sofrida por Armando, protagonizada pelo pai dele.
Além da homofobia vivenciada, outro motivo que os levou a migrar foi a crise financeira pela qual o país atravessava e atravessa, a carestia e a escassez de comida devido ao alto preço dos alimentos, o mais importante foi o fato de eles começarem a sofrer ameaças de morte por parte do pai do Armando, que não aceita a relação dos dois. Por isso, tiveram que sair do país e se tornaram refugiados.
Eles saíram da Venezuela de carona em um avião do Exército e foram até São Carlos de Río Negro, último município da Amazonia venezuelana. Dalí pegaram um barquinho indígena de carona até Cucuí.
Mais tarde, conseguiram outra carona de barco, típico da região, até chegar a São Gabriel da Cachoeira. Depois, moraram nessa cidade por dois anos, mas por conta da pandemia imaginaram que teriam melhores oportunidades no Rio de Janeiro.
Viajaram por três dias até Manaus, de lá pegaram um voo para o Rio, com escala em Brasília e São Paulo.
Durante entrevista à Coluna da Neuza, Armando e David falam um pouco de como foi chegar em uma terra estranha como refugiados.
Coluna da Neuza: Por que escolheram o Brasil como refúgio?
Armando: Não escolhemos, na verdade foi a primeira opção que apareceu e a mais fácil pela proximidade entre as localidades e, além disso, tinha pessoas que podiam nos receber aqui no país.
Coluna da Neuza: Quando chegaram e como foi o início?
Armando: Chegamos em 2017 e ficamos por dois anos morando no Amazonas, somente com um documento brasileiro e a permissão de entrada no país, dada pela Polícia Federal.
Coluna da Neuza: Vocês já estão legalizados?
David: Nós dois entramos com o pedido de refúgio ao mesmo tempo, mas talvez, nós acreditamos que, pelo fato de o Armando ser indígena, ele conseguiu a documentação mais rápido que eu. Apesar de eu ser legalizado no país, a minha situação imigratória ainda é de solicitante.
Coluna da Neuza: Como tem sido a vida de vocês desde a chegada no Brasil como casal homoafetivo, como estrangeiros e refugiados? E quais foram as maiores dificuldades?
David: Nossas maiores dificuldades ao chegar aqui foram a moradia, emprego e o idioma. O primeiro estado brasileiro que pisamos foi o Amazonas e lá, a população nativa não fala só o Português, falam também outras línguas indígenas e isso dificultava muito a comunicação.
Coluna da Neuza: E quais foram as melhores experiências?
Armando:- A melhor experiência que tivemos foi chegar aqui vivos pois, quando começamos a viagem, não sabíamos para onde estávamos indo ou onde a gente ia parar. Durante a travessia aconteceram muitos acidentes e é uma coisa que você não sabe se vai voltar. A primeira coisa importante foi o chegar a algum lugar.
David: Mas o melhor que nos aconteceu, já estando aqui no Rio de Janeiro, foi a conquista de nossa casa. Foi difícil, mas a gente conquistou um lugar, um lar. Ainda estamos pagando, mas já não tem aquele estresse de pagar aluguel todo mês e o pensamento constante: “não tenho nada”.
Coluna da Neuza: Qual foi a primeira oportunidade de emprego?
Armando: Vender sacolé na rua, ainda no Amazonas, o que foi uma experiência muito difícil por conta da variedade de idiomas locais, era muito difícil entender.
Coluna da Neuza: Quem apoiou vocês aqui no princípio?
David: Foram duas as instituições que nos apoiaram com comida, documentação e atenção; a LGBT+ Movimento, que trabalha especificamente com a população LGBT imigrante, nos ajudou, deu suporte e orientação em relação a nossa documentação. E a Caritas, que, em parceria com a ACNUR, nos ajudou com o curso de português, cestas básicas, roupas, empregabilidade e outras coisas.
Coluna da Neuza: Qual a situação de vocês hoje?
Armando: Hoje moramos um pouco melhor, pois morávamos muito longe de tudo. Ainda estamos pagando o parcelamento da nossa casinha, mas ela será nossa em breve.
Você pode ajudar Armando e David
No momento dessa entrevista os dois estão empregados formalmente, Armando, num Hortifruti, e David, num hostel. Apesar de estarem mais tranquilos agora, ainda precisam de ajuda.
Se você simpatiza com a causa deles, ajudem.
Eles precisam de roupas de cama, toalhas e utensílios de cozinha, material de construção para fazer melhorias na casa, como construir um banheiro.
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Atenção! Você sabia?
Homofobia é crime, e a pena é de três anos de reclusão e multa para quem incorrer nessa conduta.