Projeto une arte e reciclagem de vidro na periferia de SP

“Através do Vidro, idealizado pela artista Débora Muszkat, vai beneficiar mais de 80 pessoas em Paraisópolis e Palheiros

28.09.21

Por Ciclo Vivo

De acordo com o dicionário, lixo é tudo aquilo sem valor ou utilidade, qualquer coisa que se joga fora. Mas, para a artista plástica Débora Muszkat este não é um conceito muito adequado para o vidro descartado ou que, momentaneamente perdeu sua utilidade. Ao longo de sua trajetória, a artista e arte-educadora, escolheu o vidro como principal matéria de trabalho e pesquisa e, aplicou isso ao projeto “Através do Vidro” que chega a sua terceira edição este ano.

O projeto é fruto da paixão da artista pela arte vítrea, associada à reciclagem, um outro tema que move seu trabalho: todas as suas obras são executadas com vidro de descarte doméstico e industrial. E é através do upcycling – técnica que propõe o reaproveitamento de objetos antigos ou descartados, para criar novos produtos, utilizando a criatividade e o respeito ao meio ambiente. Para a artista, este é um dos pontos mais importantes: a constante ressignificação dos resíduos sólidos por meio da arte e sustentabilidade.

Crédito: Bruna Muri – através do vidro

Todo esse olhar especial sobre o vidro começou a ser compartilhado por Débora neste mês de julho, com a realização de oficinas educativas em Palheiros e em Paraisópolis. As aulas e oficinas do projeto “Através do vidro” seguem até o mês de outubro. “Um dos destaques desta edição do projeto é a doação de dois fornos para a comunidade de Paraisópolis, em São Paulo. Com isso, os participantes poderão utilizar, depois da formação, a técnica adquirida da arte vítrea como trabalho e fonte de renda, produzindo e vendendo seus produtos”, celebra Débora.

Através do Vidro

Ao longo do projeto, os participantes aprendem a desenvolver processos de criação e produção de objetos artísticos, do design, e da arquitetura, por meio de oficinas com técnicas de manipulação de vidro a frio, altas e baixas temperaturas.

Com a profissionalização dos participantes, a perspectiva é que cada participante, com auxílio do G10 Favelas, criado por Gilson Rodrigues, penetre neste mercado de trabalho, no qual a artista já está inserida desde os anos 2000.

“O vidro está por todos os lugares em estado cortante, sujando a natureza e atrapalhando as pessoas, que recebem, em média, 15 centavos por quilo de vidro moído, e muitas vezes o fazem por necessidade de limpar o espaço.” Gilson Rodrigues, G10 Favelas.

Através do Vidro
Crédito: Bruna Muri – através do vidro

Este será o primeiro investimento junto ao G10 favelas no mercado. Vale destacar que o G10 é uma organização que leva o empreendedorismo às 10 maiores favelas do Brasil, e que, com este projeto, e junto de Débora, irão lançar no mercado este produto único e inovador.

“Queremos cumprir a missão de democratizar o conhecimento da arte vítrea, promovendo valores e ampliando a cadeia produtiva. E, através do ensino, criar reflexos de uma sociedade sustentável por meio de um material, cujo valor virou inexistente, uma vez que não existe uma distribuição consciente e que possa dar o destino que honre aquilo que a natureza gratuitamente nos oferece, completa Débora.

O “Através do Vidro” foi viabilizado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura – ProAc SP (Programa de Ação Cultural de São Paulo), com patrocínio  da  O-I Illinois (Owens Illinos), e apoio do G10-Favelas e Divinal Vidros.

Para participar do projeto “Através do Vidro” e seus workshops é necessário realizar inscrição através do site.

Passarela

Ciclo Vivo
Crédito: Bruna Muri – Através do Vidro

Em abril deste ano, em uma ação inicial do projeto, a artista Debora Muszkat e Gilson Rodrigues, presidente do G10 Favelas, colocaram em prática a ideia de transformar a favela em um espaço turístico, retirando o vidro da natureza e transformando em sustentabilidade. A iniciativa tem como referência o Parque Guell, em Barcelona, na Espanha, concebido por Antoni Gaudí, através de mosaicos de cerâmica, e a ilha de Murano, na Itália. Para isso, revestiram uma área de 600m2 com vidros que seriam descartados como “lixo”, transformando a passarela em um verdadeiro céu no chão de Paraisópolis.

Publicado originalmente em Ciclo Vivo

Autor: Redação - Lupa do Bem
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