Conscientizar, Organizar e Educar: conheça o coletivo que promove o acesso à cultura em Anchieta – RJ
Além de biblioteca e festa literária, o grupo cria atividades práticas que promovem a conexão das crianças com o meio-ambiente, como plantio de árvores e cuidado com animais
Crédito: divulgação
Por: Dandara Franco – Lupa do Bem / Favela em Pauta
O Coletivo Conscientizar, Organizar e Educar – o popular Coletivo COE – faz parte da história do Complexo do Chapadão, em Anchieta, desde 2006. São quase 16 anos atuando para estimular o acesso à literatura, arte e educação em uma das periferias do Rio de Janeiro.
A trajetória começou através de um incômodo entre um grupo de amigos, que sentia a necessidade de resgatar a importância de uma base cultural na comunidade. Então, do desconforto com a ausência de ações sociais coletivas, surgiu a Sala de Leitura Paulo Freire, uma biblioteca popular onde o coletivo aconteceu.
Foi dessa biblioteca que surgiu a força para a criação do Coletivo COE, que atualmente possui um acervo de cerca de 3 mil livros e é responsável pela Festa Literária do Complexo do Chapadão (FLICC), o primeiro evento do gênero na região. A Festa acontece desde 2016 e a terceira edição ocorreu no primeiro fim de semana de Outubro de 2022.
Para ambos projetos, um dos principais objetivos é impulsionar a cultura periférica em suas mais diversas formas. E, apesar da ausência de investimento público no acesso à educação, o projeto ajuda a aumentar as oportunidades de ingresso no ensino superior. “Todos os membros do coletivo são formados ou estão em processo de formação acadêmica. Uma série de graduandos, um mestrando, um doutorando. Quer dizer, qual impacto um financiamento do Poder Público poderia causar num lugar como esse, né? De recuperação de pessoas, de vidas. Salvação do tráfico de drogas, das milícias, do assalto”, protesta Jocemir dos Reis, coordenador do Coletivo COE.
A importância de realizar e ampliar as ações
Jocemir dos Reis, que é cria do Chapadão (RJ), reflete o quanto o Coletivo é uma espécie de laboratório vivo do que é possível de ser feito quando há propósito e encorajamento popular.
Nesse sentido, sua filha, Clara Sabino (25), que cresceu ao lado do COE e hoje é a responsável pela gestão dos projetos desenvolvidos pelo coletivo, relatou ter vivenciado o poder que o livre acesso à literatura traz: “conscientização, educação e oportunidades”. Ferramentas que, segundo ela, são viabilizadas através do coletivo na favela fluminense.
Mesmo com as adversidades, como o fato de ser mantido quase totalmente pelos próprios membros, a jovem gestora relata a importância de articular projetos que são únicos no território.
“Com a biblioteca, eu acredito no benefício do jovem poder ter acesso ao livro, e a festa literária eu acho que é um benefício pra todo mundo que participa dessa festa belíssima, com música, apresentações teatrais, expressões, rodas de conversa e tem de tudo. Tanto da cultura periférica, como da cultura hegemônica. Ocupar esse espaço traz benefícios a todas as pessoas envolvidas, não só os jovens”, comenta Clara.
Além da biblioteca e da festa literária, o coletivo acumula experiências no território, como o Projeto Agroecológico Quintal Escola Chico Mendes, curso em que os jovens realizam atividades práticas de plantios, de cuidados com os animais e tudo realizado em um “espaço vivo”.
Acompanhe o trabalho do grupo
As iniciativas do Coletivo COE articulam espaços de vivências, valorização da memória, pertencimentos, produção cultural e sustentabilidade pelo território. E, para quem desejar colaborar com o projeto, é só entrar em contato através dos perfis: no Instagram, @coletivo_coe; no Facebook, Coletivo COE ou pode enviar um e-mail para coletivocoe@gmail.com.
O COE recebe doações de livros, móveis, discos, revistas e também contribuição de tempo! Caso você queira, pode ser um dos colaboradores que realizam atividades no espaço, basta fazer um primeiro contato e conversar com os responsáveis.
“Nós somos super abertos! Podem entrar em contato através do nosso e-mail para conversarmos e entendermos qual é a melhor forma de contribuir!” – Coletivo COE