A ONG reconhece o potencial desses territórios como modelos de sustentabilidade e tem como objetivo promover a justiça climática, transformando as favelas em exemplos de comunidades sustentáveis.”
A Rede busca também fomentar qualidades já existentes nas comunidades fluminenses, a fim de impulsionar, concretizar e amplificar seus potenciais. Ela atua baseada na perspectiva das favelas como fontes de soluções, inclusive para a sustentabilidade humana, fundamentada no conceito de Desenvolvimento Comunitário com sustentação em ativos.
Esse conceito foca no fortalecimento dos moradores e do próprio território, respeitando suas soberanias, e não a partir de uma visão ou imposição externa.
A Rede Favela Sustentável trabalha com os seguintes eixos:
- Justiça Climática;
- Educação e Pesquisa Socioambiental;
- Cultura e Memória locais;
- Soberania Alimentar;
- Saúde Coletiva;
- Economia Solidária;
- Direito ao Saneamento;
- Justiça energética;
- Transporte Justo;
- Moradia Sustentável.
Dar visibilidade para combater o preconceito
A equipe gestora da Rede é mantida pela organização sem fins lucrativos Comunidades Catalisadoras, a ComCat, da qual Theresa Williamson é fundadora e diretora executiva. Ela falou sobre o festival que aconteceu com todas as portas da Fundição Progresso abertas para o público e de forma gratuita.
“Esse festival foi uma proposta que surgiu entre os integrantes em 2018 e 2019, mas quando estávamos articulando para que acontecesse em 2020, veio a pandemia e só agora conseguimos financiamento de novo pra realizar esse sonho, que era um sonho coletivo”.
“De certa forma, o festival foi uma culminância de desejos de levar esse conhecimento não só para dentro da rede, mas também para fora dessa bagagem potente, essa qualidade e quantidade de projetos incríveis existentes nas favelas e que não são vistos”.
“Essa invisibilidade acontece porque, em nossa sociedade, predomina o preconceito contra a favela; as pessoas estão cegas e não percebem que, de fato, os territórios favelados são potentes e também representam uma solução para moradia, para o descaso, a negligência e a desigualdade que os moradores enfrentam”.
“A favela surgiu assim: como solução. Há, sim, quem se aproveite do descaso existente, e o crime também está presente, mas, na essência, é uma resposta que as pessoas dão à falta de moradia e a outras questões na ausência do poder público”.
Theresa acrescenta que o “Festival de Favela Sustentável foi um momento em que as potências e soluções foram apresentadas, divulgadas e compartilhadas, servindo como inspiração para as próprias favelas, o que foi fundamental. O público em geral também teve acesso e contato direto com toda a potência daquele momento. Tivemos mais de 90 favelas participantes”.
Ela conta que foi um dia mágico, de grandes realizações, pois a ComCat vem construindo o entendimento dessa potência há 24 anos, e a Rede há sete, fortalecendo e apoiando estrategicamente as iniciativas que realizam o trabalho duro e essencial para o desenvolvimento das favelas, que são as organizações de base comunitária.
“Foi uma realização coletiva, marcante e emocionante, em que vivemos um momento rico em trocas e com pessoas muito inspiradoras”, conclui Theresa.
Favela em destaque: acolhimento e representatividade
A editora do RioOnWatch, Clau Guimarães, contou que foi empolgante ver as pessoas envolvidas nas atividades do festival. “O dia todo me proporcionou momentos de enorme emoção. A cada vez que eu conseguia circular um pouco e ver o número de atividades e de pessoas aproveitando rodas de conversa, oficinas, terapias e apresentações, eu sentia uma alegria e uma esperança sem precedentes.”
“Gargalhadas de crianças, depoimentos emocionados, histórias transformadoras, soluções e ideias brilhantes: a favela mostrando o caminho — e foram tantos caminhos possíveis, criativos e sustentáveis. Foi mágico”.
Já para Vinicius Carvalho, de 38 anos, morador da Favela da Rocinha e co-fundador e gestor do Coletivo Favela IN, o evento foi sinônimo de representatividade. “Pessoalmente, foi um dia maravilhoso, porque tive a oportunidade de compartilhar momentos. Levei minha filha, meu pai, minha mãe. Me senti acolhido e muito à vontade no espaço, do começo ao fim”.
“Me senti entre meus iguais e, o melhor: foi tudo gratuito. Foi muito bom ver todas aquelas manifestações artísticas; teve até Lava-Pés. Enfim, achei um evento maravilhoso, com uma identidade muito forte, familiar. Eram pessoas que estavam de fato compartilhando”, finalizou.
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