Conheça o Kilombo da Arte, rede de incentivo cultural para artistas negros em Porto Alegre
Em funcionamento desde 2004, a iniciativa oferece suporte para desenvolvimento de projetos, além de ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade.
Da necessidade de um local onde o fazer artístico pudesse prosperar e se proliferar pelas ruas de Porto Alegre, dando visibilidade para quem não tinha, nasceu o Kilombo da Arte. A iniciativa foi idealizada por um coletivo de mentes formado por Anna Maak, artista visual, artesã e coordenadora do projeto; pelo artista gráfico, Kdoo Guerreiro, cofundador; pelo prof. Edgar Quadros e Marietti Fialho, artista e cantora.
O Kilombo da Arte é uma iniciativa cultural de gestão social que visa oportunizar melhores condições para artistas e movimentos sociais a fim de executarem os seus projetos. Tem também um braço empreendedor que possibilita a autonomia do projeto, que na maioria do tempo, funciona através da confecção de uma linha de produtos e itens personalizados como camisetas, canecas, bijuterias, acessórios e outros.
A instituição tem como valores o fomento de atividades culturais e também um viés de auxílio humanitário e social para pessoas menos afortunadas. Essa ajuda se dá por arrecadação e entrega de roupas, móveis e utensílios diversos para pessoas ou famílias que perderam suas casas ou vivem em situação de rua.
O Kilombo da Arte se instituiu em 2004, por uma série de ações realizadas na Zona Norte de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, entre os bairros Parque dos Maias, Santa Rosa e Nova Gleba. Essas ações ficaram conhecidas como “Explosões Culturais”. Depois disso, foram convidados artistas de outras regiões da cidade e, no caminho inverso, artistas da Zona Norte foram levados para se apresentarem em outras regiões.
Atualmente, o Kilombo da Arte atua no bairro Santo Antônio, zona leste de Porto Alegre, muito próximo da área central. Nesse novo local, o projeto consegue redirecionar algumas ações, como a criação de um espaço cultural maior do que na Zona Norte, onde o projeto teve início.
Antes da pandemia, o espaço era aberto gratuitamente para artistas e movimentos sociais, e as despesas operacionais eram supridas através da venda dos produtos que eram criados no próprio local. Mas com o avanço do coronavírus, o Kilombo da Arte precisou focar apenas nas atividades de afro empreendedorismo e iniciou uma rede de afro empreendedores e empreendedores em geral, chamada de “Feiras Livres Todos os Tons de Negro”, sem custo algum para os expositores.
Kdoo Guerreiro citou, como maior desafio da instituição, as restrições que acontecem quando projetos são levados para a rua e acabam ficando na dependência da burocracia do Estado. Por exemplo, para possibilitar a execução desses projetos de uma forma mais orgânica, como a feira, eles dependem de autorização da prefeitura. Mesmo sendo custo zero para a cidade, é exigida uma prestação de contas aos órgãos reguladores para que as exposições e vendas das marcas aconteçam. Nessas feiras, o artista se apresenta e, como contrapartida, ele tem um espaço reservado para poder vender sua arte, o seu produto, seu CD, seu livro etc.
Kdoo também falou sobre a importância da reciclagem e preservação ambiental dentro do projeto.
“Um dos focos do Kilombo da Arte é preservação ambiental. O projeto tem características de política ambiental muito acirradas. Por exemplo, o projeto recebe doações de tecidos de retalhos e com eles revestimos botões Bombê, botão de alumínio para forrar, encapar com tecido, cuja base tem um pezinho branco utilizado na confecção de bijuterias e acessórios em geral, reduzindo o descarte desse material na natureza, diminuindo significativamente o impacto ambiental, além de conseguirmos comercializar produtos com valores muito mais acessíveis ao bolso da população”, disse.
O projeto também trabalha com a técnica de estamparia, conhecida como sublimação, na confecção de camisetas e, para diminuir o descarte das folhas que são utilizadas como matrizes de transfer, a elas é aplicada a técnica de dobradura, que as transformam em sacolinhas utilizadas como embalagem para as camisetas, o que diminui os custos, tornando o preço das camisetas e de outros produtos bem mais acessíveis.
Kdoo ainda comentou os números alcançados pela instituição. “Ao longo dos anos da nossa existência, tivemos uma soma bastante expressiva de pessoas beneficiadas com os projetos do Kilombo da Arte. Na área social atendemos cerca de 150 famílias; na área cultural, passamos de 200 artistas participantes e no braço de empreendedorismo, atendemos de 80 a 90 marcas que já estão consolidadas no mercado”, finalizou.
Se identificou com essa iniciativa? Apoie o Kilombo da Arte encomendando produtos personalizados.
Contato: (51) 98440-3019
Siga o Kilombo da Arte no Instagram