Conheça o MUF: “um museu vivo ao ar livre”

O projeto desta matéria é um museu territorial, ou seja, compreende todo o conjunto de favelas interligadas como o Morro do Pavão e Pavãozinho em Ipanema e o Morro do Cantagalo em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro.

08.09.22

O MUF é um museu vivo, que se transforma a todo momento, sendo composto por duas categorias de acervos: o material e imaterial.

O imaterial compreende as histórias e memórias dos moradores, o dia a dia, o modo de vida, a cultura local e o próprio território. Já o acervo material são os livros publicados, as exposições na base operacional do museu, produção de artesanatos, objetos e outros.

Márcia Souza, sócia fundadora e vice-diretora do MUF, diz que o objetivo da criação do museu sempre foi a prática da valorização da identidade dos moradores e de tudo que existe dentro do PPG, Pavão, Pavãozinho e Cantagalo, que envolve a arquitetura, falas, sons e cultura local. Hoje, o propósito é transformar todo o território num ícone de visitação no Estado do Rio de janeiro.

O MUF desenvolve diversos projetos, entre eles estão:

Prêmio Mulheres Guerreiras

Anualmente são escolhidas 12 mulheres, entrevistadas e um resumo de suas histórias acompanhada de uma foto, são impressos em ‘banners’ e, no mês de setembro, na “Primavera dos Museus”, é realizada a exposição desse material na base operacional, sede do MUF. Uma homenagem e evento acompanhados de um sarau ou chá da tarde, durante o qual é efetuada a premiação.

Velhos Ilustres

Através de indicações, são homenageados homens e mulheres que construíram a memória dessas favelas, são sambistas, pessoas envolvidas com religiosidade, capoeiristas e moradores que fizeram parte da construção da memória e cultura da favela. Acontece no mesmo molde do projeto Mulheres Guerreiras.

Essa exposição não fica restrita ao MUF, ela passeia por outros museus como Museu do Ingá, Palácio Rio Negro e outros, além de museus comunitários.

CINEMUF

Exibe filmes em parceria com outros projetos e filmes do acervo do MUF.

Brinquedoteca

Nesse espaço são realizadas atividades lúdico-pedagógicas, voltadas para o desenvolvimento intelectual das crianças.

Biblioteca Itinerante

Uma ação onde voluntários levam parte da biblioteca a “passear” pelas três favelas e montam, nas ruas, espaços de leitura e contação de histórias. A base operacional do MUF também disponibiliza uma biblioteca com um grande acervo de livros.

Márcia Souza, fala dos desafios enfrentados pelo MUF e do envolvimento dos moradores das favelas envolvidas:

“Nosso primeiro desafio foi em conseguir uma sede, chegamos a receber duas cartas de despejo quando ocupávamos outro espaço, mas com a intervenção da Superintendência de Museus do RJ, isso hoje está resolvido. Assinamos um termo de cessão de uso do espaço atual, que se tornou nossa Base Operacional, por 20 anos. Hoje a provocação é outra, de transformar o MUF numa organização, auto sustentável.”

Márcia diz que a favela abraçou a ideia da preservação de memória e que os jovens começaram a ter interesse em conhecer a história desses territórios.

Rita de Cássia Santos, jornalista, Sócia Fundadora e responsável pela gerência de pesquisa, acervo e memória, fala sobre o projeto Velhos Ilustres

“É muito importante para essas pessoas contar as histórias deles, elas fortalecem a favela. São histórias de pessoas que sobreviveram às remoções, ao abandono e exclusão social. Essas favelas resistiram graças a eles. Valorizamos as pessoas em vida, a maioria já faleceu, mas as histórias deles estão resguardadas aqui, no Museu de Favela. Se parentes dessas pessoas vem de outro estado e nos visita, encontram aqui um lugar de aconchego e resgate de memória.”

Rita Santos, é co-autora de dois livros publicados sobre o MUF. Ela diz que o Museu de Favela é uma forma de valorizar o lugar que os acolheu e dá aos jovens locais a noção de pertencimento. Ela incentiva que cada favela crie seu museu.