Desigualdade social e racismo: o combate através da educação

Movimentos, que atua no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, usa a educação e a arte para combater o racismo, a violência e desigualdades

15.08.23

A Movimentos é uma organização de jovens favelados e periféricos que usa a educação, a comunicação e a arte no combate a violência, ao racismo e às desigualdades. A organização atua no Complexo da Maré, Parque União, em Bonsucesso, Zona Norte do Rio.

O público alvo é a favela, é a periferia, é o jovem negro, a senhora, a mãe, as pessoas do grupo LGBTQIA+, dos os que compõe a pluralidade do que é o lugar de todas essas pessoas.

A ativista e defensora de direitos humanos, Jessica Couto, nascida e criada no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio, estudante de arquitetura e urbanismo e diretora executiva da organização, fala sobre essa iniciativa.

“O CESeC, em 2016, ainda baseado na universidade Candido Mendes, ofereceu uma série de formações sobre políticas de drogas para um grupo de jovens ativistas de diferentes favelas do país. Ao fim dessas formações esse grupo entendeu ser necessário que as favelas e periferias estivessem cada vez mais dentro desse debate. Afinal, nós éramos alvos de políticas que não foram pensadas por nós e nem para nós. Assim esse grupo decidiu se consolidar enquanto coletivo e com a ajuda do CESeC, pudemos continuar nosso ciclo formativo. Durante nosso período de existência deixamos de ser coletivo para nos tornar uma organização, por isso nós usamos o pronome feminino, pois deixamos de ser o Coletivo para virar a Organização”, explica Jéssica.

A missão da Movimentos é construir futuros mais justos e igualitários para a juventude favelada e periférica; fortalecer o protagonismo e potencializar sua capacidade de transformação por meio da arte, da comunicação e da educação.

A organização quer que a juventude favelada e periférica seja lida como a potência que ela é. E que façam parte da transformação que precisam e querem. Por esse motivo o lema da Movimentos é: Nada Sobre Nós Nem Nós. 

Atividades da Movimentos

Jéssica Couto diz que a organização trabalha com os temas que são centrais, como anti racismo, direitos humanos, guerra às drogas e outros, através das atividades que acontecem na Laje Cultural Cadu Barcelos, que são aulas de teatro, fotografia, saraus, Slam, entre outras ações. Realizam também atividades em escolas, desenvolvem pesquisas, trabalham a comunicação nas redes com uma perspectiva jovem e informativa para o público alvo; além do trabalho de incidência construindo caminhos para inserir a favela nas pautas legislativas. Além do trabalho de construção em rede, somando e construindo com outros coletivos e organizações de diferentes favelas, buscando construções e soluções conjuntas. Por fim, realizam palestras, participam de congressos e realizam formação para parceiros. 

Embora o trabalho seja direcionado à juventude favelada e periférica, as ações não são exclusivas. O local é aberto para todas as pessoas. A Movimentos acredita que a favela é o símbolo maior do significado de comunidade, uma grande família trabalhando e construindo juntos. A Casa Movimentos é reflexo dessa comunidade, dos moradores que fizeram mutirão para revitalizar o beco onde se localiza a instituição

Jéssica termina dizendo que os desafios enfrentados são gigantescos, como por exemplo, tentar parar um sistema que foi construído para colocar as favelas e periferias como alvo. E a organização ainda tem que lutar pela garantia de vida acima de tudo, com um estado que atira primeiro e pergunta depois. “É a desumanização dos nossos”. 

Apesar das muitas dificuldades, Jéssica reconhece que cada pequena vitória é uma vitória, como ter participado do processo formativo de mais de 6 mil jovens, construindo memórias, resgatando ancestralidades, pautando politicamente e colocando as favelas e periferias no centro do debate. 

A instituição foi fundada por pessoas de diferentes favelas e periferias do Rio de Janeiro. Hoje ela é formada por 13 pessoas, 

Você pode ajudar a Movimentos convidando-os para atividades e construções, se voluntariando ou de outras formas que você possa sugerir e pensar junto. 

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Neuza Nascimento
Após ser empregada doméstica por mais de 40 anos, Neuza fundou e dirigiu a ONG CIACAC durante 15 anos. Hoje é estudante de Jornalismo e trabalha com escrita criativa, pesquisa de campo e transcrições. No Lupa do Bem, é responsável por trazer reflexões e histórias de organizações de diferentes partes do Brasil para a "Coluna da Neuza".
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