Dois em um: Residência e Espaço Cultural, a Casa Amarela promove ações culturais e eventos beneficentes

Projeto Casa Amarela promove educação antirracista através da cultura, da música e da culinária, além de resgatar memórias ancestrais

06.06.23

Casa Amarela é um espaço sócio cultural localizado em Marechal Hermes, um bairro estritamente residencial, na Zona Norte do Rio. Em si, a casa é uma construção muito antiga, com aproximadamente 110 anos de existência. Ali nasceu Julia Dutra, dona e moradora da propriedade, juntamente com seu marido. Isso mesmo, além de ser um espaço cultural, a Casa Amarela também é uma residência.

A casa foi construída pelo avô de Julia, descendente de escravizados, e ali ela cresceu, formou identidade, referências, memórias, brincou e fez amizades. Julia é professora de Artes Cênicas e Visuais da Rede Municipal e Estadual de Ensino, atriz, produtora cultural e formada em Artes pela UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela produz arte desde a infância e seu sonho sempre foi ter um espaço com viés sócio cultural.

Com o tempo, Julia se mudou da casa e foi morar nas redondezas e, durante a pandemia, ela e seu esposo, Alex, começaram a procurar um novo lugar. A intenção era montar um ateliê, um espaço cultural próprio, que ela sempre quis ter. Julia produz pinturas, esculturas e também dá aulas de teatro, então precisava de um galpão; mas os valores dos aluguéis estavam muito altos.

Foi então que ela se lembrou da antiga casa em que morou, cujo irmão estava naquele momento. A condição da casa estava bem precária, chovia dentro e a qualquer momento podia desabar.  Julia fez um acordo com o irmão pra que se mudasse, e então, fez uma reforma. Assim nasceu a Casa Amarela, onde Julia mora com o marido, dividindo o espaço entre moradia e espaço para realização de eventos culturais. 

Sobre a transformação

“A Casa Amarela tem um recorte muito interessante e, por ser uma casa humilde, a minha infância foi um período de muita vergonha e bullying. Eu sofria muita opressão por ser pobre e morar numa casa velha, onde eu não tinha sequer coragem para levar meus amigos. Com o tempo passei a ressignificá-lá; o que no passado pra mim era opressão, transformei em vitória. Em 2019, eu e meu esposo reformamos a casa e transformamos num ateliê, um espaço cultural e ao mesmo tempo, um espaço de moradia. Morar no meio das artes sempre foi meu sonho”.

Desde 2019, a Casa Amarela se tornou neste espaço sócio cultural, de educação não formal e, também, num local de resistência que tem o objetivo de resgatar memórias ancestrais, promover uma educação antirracista através da cultura, da música, da culinária e outras práticas. “Construímos novos pensamentos através da arte e da cultura”, termina Julia.

O que acontece na Casa Amarela?

  • Rodas de Conversas com foco nas questões raciais, de gênero e diversidade, pois a casa entende que é muito necessário, nos dias de hoje, falar sobre isso pelo fato de a sociedade, em geral ser opressora, racista e excludente. Julia acha essencial conscientizar cada vez mais a população quanto às questões de igualdade, oportunidades e equidade;
  • Oficina de Percussão para mulheres, ministrada pelo grupo Baque Mulher, aos sábados;
  • Exibição de filmes educativos;
  • Oficinas de Teatro;
  • Contação de histórias;
  • Feiras Literárias;
  • Lançamentos de livros e outros 


Algumas atividades são gratuitas, outras não. A maior parte da manutenção se dá através de eventos culturais periódicos, produzidos por Julia Dutra como o pagode Roda da Casa Amarela, que acontece geralmente. Nessa ocasião, outros grupos são convidados. A casa está procurando pessoas físicas ou empresas que queiram investir na instituição e assim poder diversificar, aumentar as atividades e passar a oferecê-las de forma totalmente gratuita para pessoas em vulnerabilidade econômica que não possam pagar por um curso de teatro, por exemplo. O objetivo é adquirir um caráter somente sócio educacional.

Inscrever a Casa Amarela em editais públicos ou privados faz parte dos planos.  A instituição trabalha também em parceria com a comunidade do Muquiço, em Guadalupe, com a ONG CEDECA e com escolas municipais próximas, cujos alunos participam produzindo cultura, arte e desenvolvendo o conceito de territorialidade. Outra forma de trabalhar são as parcerias baseadas em trocas.

Num futuro próximo, a casa tenciona realizar eventos beneficentes, como almoços, para apoiar cada vez mais instituições das proximidades como um asilo e um orfanato.

Formas de ajudar

Existem quatro formas de apoiar este projeto:

Prestigiar os eventos presenciais da casa, na rua Coruripe, 135, Marechal Hermes, RJ
– Doar alimentos perecíveis e não perecíveis para realização dos almoços beneficentes
– Doações por PIX para 052.354.887-76, CPF de Julia Dutra Silva
Seguindo a Casa Amarela no Instagram 

    Coletivo Afronte
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    Centro Cultural e Atelier Casa Amarela
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Neuza Nascimento
Após ser empregada doméstica por mais de 40 anos, Neuza fundou e dirigiu a ONG CIACAC durante 15 anos. Hoje é estudante de Jornalismo e trabalha com escrita criativa, pesquisa de campo e transcrições. No Lupa do Bem, é responsável por trazer reflexões e histórias de organizações de diferentes partes do Brasil para a "Coluna da Neuza".
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