O que é Educação Emocional e como colocá-la em prática?
Lidar com as emoções nem sempre é fácil. Saiba como a educação emocional pode ajudar!
Muito se fala sobre o desenvolvimento das nossas capacidades técnicas, as hard skills. Mas e quanto às nossas habilidades de comportamento, que prezam pela relação consigo mesmo e com o outro? As soft skills, antes deixadas de lado pelas escolas e empresas, hoje vêm sendo cada vez mais valorizadas, e um dos caminhos para obtê-las é trabalhar com a educação emocional.
Esta ferramenta ajuda crianças e adultos a lidarem com suas próprias emoções em um mundo que prioriza a conexão digital à física, trazendo isolamento e menor convivência uns com os outros – o que pode corroborar em uma falta de habilidade social e na supressão das emoções.
O que é educação emocional?
De acordo com o neurocientista António Damásio, nascemos com 6 emoções primárias: raiva, medo, tristeza, alegria, nojo e desprezo. Ou seja, desde a infância precisamos lidar com o que sentimos. Além disso, é importante saber que as primeiras emoções com as quais lidamos são a alegria e a raiva.
Portanto, estamos o tempo todo aprendendo e reaprendendo com os resultados que nossas reações desencadeiam no outro, seja de modo positivo ou negativo.
Nesse sentido, a educação emocional busca trazer recursos para compreendermos e trabalharmos com essas emoções, para que seja possível mudar nossas atitudes e comportamentos para o melhor. Como, por exemplo, saber se comportar em situações de estresse ou ter mais empatia para lidar com questões alheias.
O meio para a inteligência emocional
A capacidade individual e social trazida pela educação emocional também pode ser chamada de inteligência emocional ou habilidades socioemocionais.
Ter a habilidade de reconhecer e entender as suas emoções e as dos outros é o caminho para construir relacionamentos positivos na vida pessoal e profissional. Além disso, nos tornamos mais resilientes e capazes de vencer desafios e atingir nossos objetivos.
Para que você entenda este conceito ainda melhor, aqui estão os 5 pilares da inteligência emocional:
Pilar 1: Autoconhecimento. Consiste na capacidade de entender quem somos, de que maneira reagimos a determinadas situações e quais são os nossos gatilhos para isso. Reconhecer que o processo de autoconhecimento é contínuo também é importante para buscarmos resultados cada vez melhores. Somos seres em constante evolução!
Pilar 2: Gestão de emoções. Após entender porque e como agimos, é momento de administrar nossas emoções. E administrar não é suprimir, e sim saber como expressá-las de maneira que não prejudique a nós ou ao próximo. Por exemplo, vamos supor que você esteja prestes a ter uma discussão com um colega de trabalho ou amigo pessoal. Nesse momento, em que você pode se sentir mais irritado, o ideal seria que ambos dessem uma pausa para respirar e refletir sobre a situação, para que depois o assunto em questão fosse discutido com calma.
Pilar 3: Automotivação. Para sermos capazes de colocar nossa inteligência emocional em prática, é necessário estarmos rodeados de fatores que nos motivam a continuar trabalhando nosso lado emocional.
Pilar 4: Empatia. Para entender o outro é necessário escutá-lo por completo, sem a ambição de tentar trazer soluções ou respostas para o assunto trazido. Lembre-se de que cada pessoa tem uma história de vida e o que cada um sente é condizente com suas experiências passadas. Em outras palavras: ninguém sente da mesma forma.
Pilar 5: Gestão de relacionamentos. Quando entendemos o que estamos sentindo e quais as razões para isso e também fazemos o mesmo com os outros, nos tornamos mais flexíveis e capazes de construir relacionamentos verdadeiros e saudáveis.
Estratégias da educação emocional nas escolas
Para obter os benefícios da inteligência emocional citados acima, existe uma série de exercícios que podemos praticar desde a infância, tais como:
Falar sobre emoções
Apesar das emoções serem inatas, dificilmente uma criança saberá lidar com elas. Afinal, não há conhecimento do que são e por que surgem, certo? Por isso, é fundamental que professores ensinem aos seus alunos o que são emoções através de atividades que sejam facilmente compreendidas pelos baixinhos.
Aqui também podemos citar a neuroplasticidade, que é maior na infância, facilitando o seu desenvolvimento em diversas áreas.
Entender a importância de ouvir o outro
É muito comum interrompermos uma pessoa antes que ela termine de contar uma história, um desabafo ou mesmo um acontecimento cotidiano. Nem sempre isso é um problema. Afinal, muitas vezes ficamos empolgados com a conversa e queremos participar.
A questão é quando damos uma resposta precoce que não necessariamente irá ajudar a pessoa, mas apenas “provar” a nossa capacidade de trazer soluções – que, cá entre nós, nem sempre pode fazer sentido para o outro.
Por isso, precisamos aprender desde pequenos a escutar o que outras pessoas estão falando sem a necessidade de analisar o discurso meticulosamente. Prestar atenção no que o outro tem a dizer é uma ferramenta importante para a inteligência emocional.
Dessa forma, é possível compreender como aquela pessoa se sente e por que se sente assim. E então, quando ela terminar seu raciocínio, podemos contribuir com algo relevante, não necessariamente uma solução, mas um sinal de compreensão e apoio.
Algumas maneiras de exercitar esta habilidade na infância são através de atividades que exijam que os colegas escutem e dialoguem sem pressa, como rodas de conversa, histórias e brincadeiras lúdicas, como o telefone sem fio.
Usar a comunicação como solução
É muito comum que crianças chorem quando não se sentem compreendidas. E até certa idade, não é um problema se comportar de tal jeito.
No entanto, para que isso mude com o amadurecimento, é importante inserir o diálogo como caminho para a compreensão. Falar como se sente é fundamental se desejamos ser compreendidos e ter um bom relacionamento com as pessoas à nossa volta. Afinal, como o outro saberá o que fazer se ele não faz ideia do que se passa dentro da nossa cabeça? O contrário também serve.
Para trabalhar a comunicação, é interessante promover debates, apresentações, provas orais, entre outras atividades que estimulem a fala e a reflexão dos alunos.
Exercitar a resiliência
Lembra que um dos pilares da inteligência emocional é a automotivação? Pois bem. As crianças precisam aprender desde cedo a serem resilientes e a não desistirem após o primeiro erro. Falhar faz parte, sozinho ou em grupo.
Pessoas que não aceitam suas falhas geralmente acabam reagindo de maneira descompensada consigo e com os outros. Isso pode causar conflitos e evitar que o sucesso aconteça nas próximas tentativas.
Uma maneira de exercitar a resiliência pela educação emocional é através de jogos esportivos ou em sala de aula, em que há sempre alguém que vence e alguém que perde.