Ong contribui para o fortalecimento dos vínculos familiares entre pais e filhos LGBT+
Mães da Resistência foi criada por pais e familiares de pessoas LGBTQIAPN+ e busca construir uma sociedade mais respeitosa e digna
Mães da Resistência é uma ONG constituída por mães, pais e familiares de pessoas LGBTQIAPN+, que lutam por direitos e dignidade para esse grupo a partir do lugar de parentes. O objetivo é construir uma sociedade que seja mais respeitosa, digna e justa para os filhos, filhas e filhes.
É usado o papel de pai e mãe para também acolher outros pais e mães de pessoas LGBTQIAPN+, que ainda se sentem pouco confortáveis com essa situação ou não sabem como agir em relação às questões afetivas, sexuais e de identidade de gênero de seus filhos.
A Mães da Resistência é também um grupo para acolher outros familiares. A ONG foi fundada por mães de vários estados brasileiros. A presidente, Gi Carvalho, de Olinda, Pernambuco, foi escolhida por todas para o cargo.
Já Adriana Mota é a coordenadora nacional do núcleo de projetos e coordenadora da organização no estado do Rio de Janeiro. Ela explica que o principal objetivo da instituição é garantir que qualquer pessoa LGBTQIAPN+ desfrute do direito às relações familiares, possua uma família acolhedora e se sinta nela como uma pessoa querida, amada e bem-vinda.
“Nós sabemos que famílias têm suas questões de relações, mães e filhos, pais e filhos, mas queremos que a orientação sexual e a identidade de gênero não sejam uma razão para que familiares desistam de seus filhos”.
“Então, a nossa luta é por dignidade familiar, é pelo fortalecimento dessas relações. Também queremos aprimorar a cidadania das pessoas LGBTQIAPN+, para que nossos filhos tenham direito e acesso à educação, trabalho, lazer, cultura, esporte. À uma vida digna, ou seja: a tudo aquilo que qualquer mãe e ou pai deseja para seus filhos”, diz.
Como começou
As atividades da ONG não são uma novidade para o coletivo de mães, pois as fundadoras da instituição já atuavam em apoio dos vínculos de suas famílias e também das famílias de outras pessoas.
A ideia era fazer com que as mães que se sentiam sozinhas conseguissem perceber que existiam outras pessoas lutando pelos mesmos direitos e, dessa forma, percebessem que não estavam sozinhas. A instituição entende que maternidade é uma função pessoal, mas também coletiva; então a luta deve ser coletiva.
Locais de atuação
A Mães da Resistência está presente em 17 estados brasileiros. A sede nacional foi adquirida recentemente e ainda está sendo organizada.
A ONG tem um projeto que acontece virtualmente cujo nome é Colcha de Retalhos, que realiza acolhimento para mães, pais e familiares, onde contam com dois profissionais de saúde. Pessoas de todo o Brasil participam.
Também fazem palestras em escolas e empresas. A frequência depende das demandas apresentadas pelos espaços. Assim, as reuniões on-lines tem o objetivo de construir um espaço seguro onde esses pais e mães possam colocar suas questões, debater sobre a maternidade, paternidade e o universo LGBTQIAPN+.
Impacto
Adriana explica que, para os pais e mães participantes, o impacto tem sido muito positivo. O grupo recebe muitas mensagens de pessoas dizendo que, quando chegaram, estavam entristecidas, com um sentimento similar ao luto, pois não reconheciam mais seus filhos e suas filhas
“São pais que, em geral, sentem medo da violência em relação aos seus filhos. Quando esses filhos são LGBTQIAPN+ , o medo aumenta, pois ouvimos muitas notícias de violência, de crimes homofóbicos”.
“Agora, a gente percebe que todos estão felizes, sentindo-se aliviados, reconfortados por conhecerem outras famílias e por perceberem que, por mais que estejam vivendo um momento particularmente difícil, ele pode sim ser superado”.
“Enfim, pode vir a se transformar posteriormente num momento de melhor entendimento, de fortalecimento de laços familiares. Isso, para nós, é algo realmente muito positivo”, termina Adriana.
No Rio de Janeiro, existe um grupo específico para os pais, pois a ONG entende que também eles devem exercer o protagonismo nesta luta.
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Acesse aqui a cartilha de letramento Mães que Resistem, uma leitura para pais e mães.
Leia o livro Mãe de Viado, escrito por uma das mães da resistência.