Fundado por Tatiana Alcântra, projeto Lixo de Praia busca catar resíduos em toda e qualquer praia que visita
A fundadora catarinense afirma que a maior intenção do projeto é mostrar que, se cada um fizer sua parte, teremos praias melhores para todos
Você sabia que, de acordo com o portal G1, pesquisadores holandeses já conseguiram encontrar fragmentos de plástico no sangue humano? Essa forte descoberta vem de encontro às informações fornecidas pelo Recicla Sampa, que afirma que dados do último Diagnóstico de Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos do Brasil mostram que o país gera mais de 80 milhões de toneladas de lixo todos os anos – e mais de 70% dos brasileiros não separam seus lixos.
Uma parte da sociedade, embora muito pequena, como instituições, grupos e pessoas sozinhas (como catadores), estão fazendo o que podem, mas ainda falta muita conscientização para chegarmos a um volume de reciclagem ideal.
Tatiana Alcântara, mais conhecida como Tati, é uma dessas muitas pessoas que fazem um trabalho solitário em prol do meio ambiente. Ela cata resíduos sólidos pelas praias por onde passa, além de também tentar conscientizar as pessoas por meio do seu perfil/manifesto “Lixo de Praia”, que também cumpre o papel de denunciar a crescente poluição das praias.
Tati é moradora de Palhoça, Santa Catarina, região metropolitana de Florianópolis. Ela diz que sempre gostou de ir à praia muito cedo e tirar fotos, mas que, quando chegava, via muita sujeira, principalmente depois das ressacas. Para que as fotos não ficassem feias, ela tirava o lixo da areia antes do registro fotográfico, e com isso acabou unindo a paixão por fotografia com o seu próprio manifesto.
Outro motivo que levou Tati a criar o Lixo de Praia foi a intenção de mostrar que, se cada um fizer a sua parte, será melhor para o meio ambiente e para todos nós. A ação começou nas praias da região onde ela mora, mas Tati não se limita a esses espaços. Ela acaba recolhendo qualquer lixo por onde passa e não entende como alguém pode ir a uma praia, ver a areia cheia de sujeira ou andar pelo bairro onde mora, ver lixo pelas ruas e considerar normal. Ela diz que o lixo está em todos os lugares, é produção do ser humano: onde ele chega e até onde ainda não chegou produz lixo.
Essa citação vai de encontro a uma matéria da Revista Galileu, que informa que, em 50 anos de exploração robótica, já existem 7,1 mil quilos de lixo humano. São equipamentos descartados, naves espaciais inativas e destroços diversos.
“Tenho essa visão sobre o lixo desde 2016 e acho que todos nós somos responsáveis pela geração de resíduos, seja a indústria, o distribuidor, o comerciante ou o consumidor final. O lixo é uma questão sanitária. É uma questão que engloba muita coisa como a parte social, a falta de responsabilidade por parte das empresas, a falta da coleta periódica dos resíduos, falta de fomento às cooperativas de reciclagem e aos catadores, que são os agentes ambientais invisíveis, implantação de educação ambiental nas escolas e outras ações. As pessoas jogam lixo pela janela dos apartamentos, pela janela dos carros, dos ônibus, trens… Só não jogam dos aviões porque as janelas são fechadas”, diz Tati.
Qual o destino do lixo catado pelo Lixo de Praia?
O que é reutilizável, Tati faz uso próprio. Quando são roupas em bom estado, ela lava e coloca em pontos de doação, e o que é reciclável ela vende. Tati também montou um mini museu itinerante, que pode ser visitado. São mais de 500 peças em exposição.
Tati faz apresentações, dá palestras em empresas e escolas e deixa um pedido a todos que lerem essa matéria: “Onde você estiver, com o tempo que tiver, converse com as pessoas sobre isso. A sociedade em geral tem que repensar a produção e descarte do lixo. Nós pagamos para manter o lixo nos lixões e depósitos; por que não reutilizar as embalagens? Você também pode separar seu lixo e doar para alguém que precisa e pode transformar seus resíduos em dinheiro. Recicle!”
Tati só fotografa o que consegue retirar da praia.
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Para mais informações sobre o Lixo de Praia, siga Lixo de Praia no Instagram.