Conheça o Hoju, instituto fundado por mulheres pretas

O Instituto Hoju está em ação desde 1998 e formalizou-se em 2012. A construção, desenvolvimento e fundação do projeto foram efetuados por mulheres negras da comunidade.

09.06.22

O Instituto Hoju está em ação desde 1998 e formalizou-se em 2012. A construção, desenvolvimento e fundação do projeto foram efetuados por mulheres negras da comunidade. Erica Portilho, mais conhecida como Kaká Portilho, é diretora do instituto e fala sobre o propósito da instituição.

“O Instituto Hoju é movido com o propósito de gerar positivação da imagem das pessoas afros indígenas, entendendo a problemática estrutural e sistêmica da base anti negritude da sociedade brasileira, e de todo legado traumático que o racismo nos deixou, e é real. A instituição nasceu com sentido de mostrar esse lugar potente e essas matrizes civilizatórias e culturais que forjam o ser afro indígena.”

Metodologia do Instituto

Segundo Kaká Portilho, o trabalho desenvolvido está dividido em quatro eixos prioritários: o ambiental, o econômico, o educacional e o político, todos transversalizados pelo eixo cultural, com um recorte para a cultura afropindorâmica e trabalho social pautado nas experiências das sociedades afro-indígenas, que a partir deles foram desenvolvidos vários projetos.

No eixo economia, Hoju tem o projeto “Nêga Rosa Negócios”; direcionado à qualificação e ao aperfeiçoamento profissional, principalmente na área econômica criativa voltado para pessoas empreendedoras, com foco em mulheres negras, indígenas, moradoras de favelas e periferia, e também, o projeto “Negrócios”, que trabalha a parte de formação na área de modelagem de negócios, marketing, captação de recursos e formalização.

Já no eixo ambiental, foi fundada a escola Cosmo Orgânica de medicina tradicional na Unidade Socioeducativa João Luiz Alves – DEGASE, localizada na Ilha do Governador, RJ. Essa escola é um leque de trabalho relacionado à formação na área de agricultura com parceria do Programa Jovem Aprendiz, com relação com o bem-estar animal, hortifruticultura, jardinagem, paisagismo e também as questões sociais que envolvem as famílias, a segurança alimentar entre outras atividades.

Esse trabalho é direcionado aos adolescentes em cumprimento de medidas sócia educativas do DEGASE. Ainda na área ambiental, o projeto tem o Banco de Semente, que trabalha a memória da planta com o intuito de contar a história afro indígena do Brasil, e o banco de mudas. As mudas são levadas para espaços e pessoas que querem restaurar à terra, para que ela volte a produzir e recomeçar a história ali. O solo desses espaços são preparados sendo implantado um sistema que agrega a criação animal com o processo de produção, por isso o chamamos Cosmo Orgânica.

No eixo Educação, são realizados diversos cursos preparatórios pesquisadores negros que querem ingressar em Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado. Foi criada também a Escola de Línguas Maternas, com experimentação do idioma da cultura afro indígena, letramento e mediação de leitura. Uma Cyber Biblioteca foi construída no Morro da Mangueira para que as pessoas tenham acesso a um espaço voltado para a valorização da cultura afro indígena, com um acervo especializado e está sendo implementado um EJA – Ensino para Jovens e Adultos no mesmo local.

No eixo política são desenvolvidas metodologias de trabalho para formação cívica. Esse trabalho é dividido em três partes: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. O fruto desse trabalho virou um jogo em que são envolvidos crianças, adolescentes e adultos, através do celular. Também é realizado um forte trabalho de formação de influenciadores para construção de políticas públicas em diversas áreas como: educação, cultura e assistencialismo social.

Nosso público alvo são crianças, jovens e adultos moradoras de favelas e periferias, majoritariamente afro indígena, oriundas de escolas públicas.

O Instituto Hoju oferece assessoria jurídica em parceria com escritórios de advocacia – principalmente com ajuda de advogadas negras, atendimento terapêutico para mulheres e homens negros (faixa etária de 25 a 50 anos), rodas de conversa, cartões alimentação e entrega de cestas básicas.

O instituto realiza investimento em informação e aperfeiçoamento da maioria dos funcionários, sendo celetistas (CLT).

Números

No programa de mestrado e doutorado, Kaká Portilho afirma que foram beneficiadas 600 pessoas. Recentemente o Instituto adquiriu uma plataforma onde estão sendo armazenadas informações para que todos possam ter uma noção do real impacto que a instituição causou até hoje, mas ela diz que, já foram beneficiadas umas 30 mil pessoas.

Manutenção do projeto

Kaká Portilho fala sobre a manutenção financeira do Instituto:

“São várias as formas de manutenção. Temos pessoas físicas, beneficiários em algum momento que se tornam doadores contínuos do instituto; o IPEAFRO – Instituto de Pesquisa e Estudos Afro brasileiros, realiza um depósito mensal para nos ajudar com os custos. Captamos recursos através de editais diretos ou indiretos, públicos ou privados. Já fomos apoiados pelo Itaú Social em 2021, com um pequeno aporte e esporadicamente recebemos produtos e serviços; temos uma parte de auto sustentabilidade e a comunidade se envolve nos ajudando quando necessário.”

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Confira a origem do nome “Hoju”.

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Neuza Nascimento
Após ser empregada doméstica por mais de 40 anos, Neuza fundou e dirigiu a ONG CIACAC durante 15 anos. Hoje é estudante de Jornalismo e trabalha com escrita criativa, pesquisa de campo e transcrições. No Lupa do Bem, é responsável por trazer reflexões e histórias de organizações de diferentes partes do Brasil para a "Coluna da Neuza".
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