Play For A Cause aposta na paixão pelo esporte para financiar ações de impacto social

Por meio de pessoas comprometidas e fãs dispostos a desembolsar o valor da sua paixão pelo esporte, a Play For A Cause joga, literalmente, por uma causa. Funciona assim: os gestores entram em contato com clubes, times e atletas em busca de doações de itens pessoais usados durante treinos e partidas. Depois, vendem esses itens em leilões pela internet e, com o dinheiro arrecadado, patrocinam ações em ONGs, hospitais, escolas e projetos sociais. 

O negócio com foco no impacto social tem dado certo. Na ativa desde 2019, a Play For A Cause já distribuiu dois milhões de reais para 102 projetos em 18 estados do Brasil. Entre os projetos apoiados, estão o hospital referência em câncer infantojuvenil GRAACC, o Grupo Cultural AfroReggae, o Instituto Ingo Hoffman, o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, a Fraternidade Sem Fronteiras e o projeto Dona Meca. 

Segundo a sócia-fundadora Manuella Carvalho, o valor destinado a esses projetos varia, mas no mínimo 70% do recurso arrecadado nos leilões é direcionado para as instituições. “As pessoas que compram no leilão da Play não estão lá para fazer uma doação, elas vão porque são fãs e querem aquele item de qualquer maneira, mas sabem que parte daquele valor será usado para fazer o bem, então aceitam pagar mais por isso”, observa.

Apaixonados por esportes

O projeto começou por causa de André Georges, sócio-fundador da Play For A Cause. Ele se formou em engenharia naval e estava concluindo o mestrado em Aerodinâmica Avançada na França quando decidiu empreender em um negócio social. 

Ao perceber que os fãs na Europa desembolsavam uma quantia elevada de dinheiro para adquirir garrafinhas de água usadas por jogadores de futebol ao final de cada partida, viu uma oportunidade. “Se um fã está pronto a pagar por uma garrafa de plástico usada por um jogador, imagine por uma camisa, uma chuteira ou um short? Por que não vender esses itens e gerar recursos para quem mais precisa?”, pensou. 

E assim ele fez:

“Eu morava em Brest, uma pequena cidade na França, e descobri que tinha acabado de chegar um jogador brasileiro, Luciano Castán, no time local, o Stade Brestois. Peguei uma bandeira do Brasil, botei nas costas e fui assistir ao treino. Em 10 minutos, ele veio falar comigo e comentei sobre o projeto. Ele aceitou doar algumas peças do uniforme e vender na internet. O item teve lance! Com o recurso, contribuímos com a finalização de uma escola na África, através da organização Fraternidade Sem Fronteiras”, recorda-se.

Impacto social

Voltando para o Brasil, André se desvinculou de vez da engenharia, encontrou uma sócia buscando um negócio com propósito e juntos fundaram a primeira versão da Play, com foco apenas no futebol. 

“Quando começamos, nos perguntamos o que faria um clube de futebol se engajar nessas ideias e percebemos que seria ajudar a comunidade onde o clube está instalado. Por isso, quando fazemos uma parceria, mapeamos as entidades que existem no entorno. Se o clube tiver alguma instituição para indicar, também entramos em contato”, explica André. 

Ele ressalta que nem ele e nem sua sócia Manuella são torcedores fanáticos ou apaixonados por futebol. “O que nos move é usar a potência do esporte para transformar o mundo que a gente vive”.

Com os jogos cancelados durante a pandemia, porém, enfrentaram esse período devastador, cuja demanda por solidariedade tornou-se ainda mais urgente, movimentando itens de artistas e atletas de outras modalidades. Com o tempo, também incluíram experiências exclusivas no leilão de vendas. 

As campanhas

Hoje, a Play For A Cause desenvolve uma série de campanhas temáticas levantando bandeiras contra o racismo e a homofobia, pela paz e pela liberdade religiosa e pela conscientização sobre o câncer, entre outras. As campanhas são feitas em parceria com os clubes (ou atletas) e as instituições beneficiadas. 

Todas as informações sobre essas parcerias estão descritas no próprio leilão. As campanhas são avaliadas por meio de relatórios, que depois são encaminhados para os parceiros. “Fazemos um relatório com números sobre os itens vendidos, o valor que foi doado para instituição beneficiada junto com o comprovante de depósito, e também avaliações sobre impacto na mídia e impacto financeiro”, aponta Manuella. 

Play For a Cause

Diversos modelos de negócio garantem a execução do projeto. Além das campanhas com os clubes de futebol e outros esportes, a Play também realiza parcerias com colecionadores e empresas como Centauro e Nike e promovem a campanha Dois Gols junto com a Sport TV, em que selecionam instituições do terceiro setor para apoiar em todo estado com representante na série A do campeonato brasileiro. 

“Uma das primeiras instituições que a gente fez parceria foi com a Dona Meca, aqui no Rio de Janeiro. Dona Rosângela nos contatou porque tinha um armário com várias coisas do Zico e outros itens de jogadores do Flamengo e não sabia o que fazer. Fizemos um teste e vendemos um par de itens. Aquilo gerou um recurso que nem imaginávamos que era possível. Desde então, fazemos uma parceria recorrente com a Dona Meca”, comenta André. 

Para ele, não é fácil manter o negócio social, mas o tamanho da diferença que proporciona para a vida de muitas pessoas faz valer a pena. “O legado da Play se dá em duas frentes: uma é transformar a paixão pelo esporte e entretenimento em uma grande ferramenta de impacto social. A segunda é mostrar que sustentabilidade financeira e impacto social são caminhos que podem ser feitos juntos. Assim temos a chance de criar um mundo muito melhor”, finaliza.

Quer apoiar essa causa?

A Play For A Cause é uma empresa social que destina grande parte de sua receita para projetos sociais. Para saber mais, visite o site ou siga as redes sociais no Instagram, Facebook e Linkedin.