Mães atípicas debatem políticas públicas em seminário

Grupo de mães atípicas se reuniram em um seminário educativo para falar das dificuldades em criar seus filhos e para fortalecer a luta por políticas públicas e direitos humanos

06.08.24

O Centro de Mulheres de Favelas e Periferias (CEMUFP), em uma parceria muito feliz com o projeto Mulheres que Fazem do CDD (Cidade de Deus) e o Centro de Estudos e Ações Culturais e de Cidadania (CEACC), realizou em julho um Seminário Educativo de Mães Atípicas, na Cidade de Deus, Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Durante o evento, foi levantada a questão da necessidade de mais resistência, maior união entre as mães atípicas e do direito de seus filhos atípicos estudarem. Também foi discutido o não cumprimento total das leis que protegem crianças e adultos com necessidades especiais.

Ainda foi defendida a criação de mais instituições para que os excluídos tenham força para mudar algumas realidades a favor das mães atípicas e seus filhos.

Denise Matos, idealizadora e coordenadora do Mulheres que Fazem do CDD, opina sobre o encontro: “A meu ver, além de aprendermos muitas coisas que não sabíamos através da troca, também tivemos a oportunidade de passar informações de grande importância para as mães participantes. Com certeza, para a nossa instituição, o evento foi de muita relevância. A parceria de três instituições deu resultado”.

Centro de Estudos e Ações Culturais e de Cidadania

José Carlos, profissional de educação física e um dos fundadores do CEACC, instituição sediadora do seminário, disse que o local se presta para todas as outras iniciativas sociais que precisarem de um lugar para fazer palestras, seminários ou outra ação qualquer que contemple o coletivo. Para esses tipos de ação, as portas da instituição estão abertas.

Ele diz que o Centro de Estudos e Ações Culturais e de Cidadania começou com futebol há 24 anos na Cidade de Deus e, através desse esporte, as famílias começaram a chegar. 

É uma instituição que nasceu com a finalidade de atuar como guarda-chuva para outras iniciativas sociais que não tinham CNPJ, e com o objetivo de estar à frente com as famílias, na busca por direito à educação, dignidade e melhor qualidade de vida para os moradores do território.

Dayane Gomes, mãe de uma criança autista de 8 anos, afirma que a oportunidade de participar do seminário foi extremamente importante. “Pudemos dialogar, colocar ideias em movimento, tirar dúvidas, pois nossa luta é muito grande. Meu filho, por exemplo, está há mais de 90 dias sem tratamento. Todos os dias é uma luta, um desejo e um direito sendo descumprido”. 

“Precisamos ter muita força, sabedoria e resiliência para poder lidar com toda essa situação. Como mãe, digo que o seminário foi uma troca, foram passadas muitas informações e foi muito importante para quem ainda não tinha consciência de certas coisas”, disse. 

Ana Paula Celso, diretora de relações públicas do Centro de Mulheres de Favelas e Periferias, é moradora de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro, e diz que a reunião foi um avanço nas conquistas das mães atípicas e que juntas estão criando um movimento cada vez mais forte. 

“Estamos tentando fazer esses seminários para conscientizar as pessoas sobre as necessidades dessas crianças e de suas mães que, na maioria das vezes, estão na luta sozinhas”. 

“Nosso lema é: Juntas Somos Mais Fortes. Justamente para nos fortalecer, para não nos desanimar. Todos sabemos que a luta individual é muito árdua, então, quanto mais pessoas fortes se unirem, mais nos fortalecemos”, explica.

Antônia Miliana Gomes, presidenta do CEMUFP, conta que a instituição atua desde 1985. A direção é composta por 08 pessoas, e a instituição oferece  várias atividades, entre elas, um pré-vestibular comunitário. 

O primeiro seminário aconteceu na Rocinha, favela da Zona Sul do Rio de Janeiro, e agora estão fazendo por área. A ideia é poder agregar mulheres de todo o município do Rio de Janeiro. 

“Nós, como todas as mulheres presentes, estamos aqui para nos apoiarmos mutuamente. Agradeço muito a todas que estiveram na atividade. A proposta é que possamos fazer um grupo e retornar com o resultado desse seminário”, termina ela. 

O que faz o Centro de Mulheres de Favelas?

O Centro de Mulheres de Favelas foi fundado em julho de 1986 na comunidade do Morro dos Macacos, em Vila Isabel. Ele surgiu como resultado dos trabalhos realizados dentro das comunidades na área de saúde materno-infantil, educação em creches domésticas e comunitárias. 

O Centro nasceu com o objetivo de promover a interlocução e a troca de saberes entre outros setores organizados da sociedade civil, criando espaços de parcerias e estabelecendo contato com órgãos da administração pública. 

Além disso, propõe ações afirmativas que beneficiem as mulheres, combatam a opressão e toda forma de discriminação social, e, com isso, resgatam e garantam o direito à construção da identidade das mulheres.

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Leia a matéria sobre o Mulheres que Fazem do CDD no Lupa do Bem.

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Neuza Nascimento
Após ser empregada doméstica por mais de 40 anos, Neuza fundou e dirigiu a ONG CIACAC durante 15 anos. Hoje é estudante de Jornalismo e trabalha com escrita criativa, pesquisa de campo e transcrições. No Lupa do Bem, é responsável por trazer reflexões e histórias de organizações de diferentes partes do Brasil para a "Coluna da Neuza".
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