Você está sofrendo? Mapa da Saúde Mental ajuda a encontrar atendimento psicológico gratuito em todo país

Mapa foi desenvolvido pelo Instituto Vita Alere com apoio do Google.org; Instituto também oferece amplo material de prevenção e posvenção ao suicídio, cursos e grupos de apoio

26.09.24

Mudanças bruscas de humor, isolamento social, alterações no apetite, problemas de sono, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas, irritação constante, pensamentos negativos recorrentes, ideias de morte ou vontade de se machucar… Se você está sentindo a maioria desses sintomas, ou conhece alguém que está passando por isso, é possível que esteja em situação de sofrimento com necessidade de atendimento psicológico. 

Identificar esses sintomas é o primeiro passo para buscar ajuda profissional. Mas, além disso, é preciso encontrar onde acessar essa ajuda. Foi pensando em facilitar essa busca que o Instituto Vita Alere desenvolveu o Mapa da Saúde Mental. A plataforma digital identifica atendimentos psicológicos gratuitos em todo Brasil, além de disponibilizar uma série de informações sobre saúde mental. 

“É muito fácil falar ‘procure ajuda’. Mas onde tem essa ajuda? Sabemos que muitas pessoas vão à internet para isso, mas as informações disponíveis podem não ser as mais corretas”, diz a psicóloga e fundadora do Instituto Vita Alere, Karen Scavacini. 

No mapa é possível identificar desde ambulatórios de saúde mental, unidades de atenção básica, CAPS, hospitais psiquiátricos até iniciativas do terceiro setor e serviço escola, entre outros. Há ainda uma busca especializada por temas ligados à diversidade, tecnologia, mulher e favelas. 

Atendimento psicológico gratuito

Segundo a psicóloga, o Mapa foi feito inicialmente com base em uma tabela de 66 mil linhas de informação, o que fez com que se transformasse em um serviço de utilidade pública. A pesquisa mostra, no entanto, que os serviços de atendimento gratuito ainda são insuficientes. Para ampliar esse acesso, defende Karen, seria importante ter mais ações de base comunitária. 

“Tem um projeto chamado Vovós da Depressão em que uma equipe especializada treina as avós da periferia para virarem os pontos de escuta desses locais. Elas aprendem a fazer uma avaliação de risco e quando necessário, encaminham a pessoa para o serviço de saúde. Mas muitas vezes, as pessoas só precisam desse espaço de escuta, dessa noção de pertencimento, de serem vistas”, lembra Karen.  

“Para as avós também é algo muito bom. Elas são reconhecidas, inclusive na sua experiência de vida. E elas vivem na comunidade, não é o psicólogo que vem de fora e chega lá com uma fala que talvez não faça sentido para aquela população”, continua. 

Imagem: reprodução.

Prevenção e posvenção do suicídio

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que há no Brasil cerca de 12 milhões de pessoas sofrendo de depressão e outras quase 18 milhões de ansiedade. Há diversos motivos que levam ao sofrimento mental e, no limite, ao suicídio: conflitos conjugais, perdas de entes queridos, dívidas, desemprego, bullying, não poder assumir a orientação sexual livremente e outros. 

Por isso, diz Karen, é preciso ações de prevenção que vão além do acesso ao tratamento adequado. “Não adianta encaminhar a pessoa ao psiquiatra e ela não conseguir se manter em um emprego ou não ter o que comer. Do mesmo modo, não adianta aumentar o número de CAPS ou de psicólogos disponíveis e liberar o acesso a jogos online e às armas. Então o debate é sempre um pouco mais complexo, mas acho que temos que começar de algum lugar.”

Informação e conscientização

Além do Mapa da Saúde Mental, o Instituto Vita Alere também produz conteúdo sobre o tema e realiza campanhas e formações. No site do instituto há mais de 30 cartilhas para baixar gratuitamente. Entre os destaques, estão documentos com diretrizes sobre como falar de forma segura sobre saúde mental, em especial, como abordar o suicídio na mídia.

Há ainda dois cursos online disponíveis para o público em geral. O curso Bem Estar Digital é direcionado aos profissionais da saúde para lidarem com a vida digital dos seus pacientes. E o Falar Ajuda, de apoio à saúde mental de meninos e jovens, voltado principalmente para educadores. 

“Sabemos que os homens se matam três vezes mais do que as mulheres, então fizemos uma pesquisa para entender como devemos nos comunicar com os meninos com relação à saúde mental, quais são as palavras que devemos usar, os espaços onde eles buscam informação etc.”, explica a psicóloga.  

“Também fizemos um curso para os profissionais da área da segurança pública, assinado junto ao Ministério da Justiça, com cerca de seis mil inscritos, entre militares, policiais, bombeiros e outros servidores. E trabalhamos junto ao Corpo de Bombeiros e ao Metrô, ambos de São Paulo, dando consultoria de forma voluntária”, indica Karen.

Imagem: reprodução.

Saúde mental de jovens e redes sociais

O aumento no número de jovens que morrem por suicídio é um alerta de que algo não vai bem. Para dar visibilidade ao tema, o instituto vem realizando uma série de campanhas e cartilhas, como o e-book ‘Saúde mental entre jovens e adolescentes’, feito em parceria com a Unicef e a cartilha ‘Prevenção do suicídio na internet’.  

A primeira campanha voltada para esse público foi #euestou, no Facebook, com mais de 45 milhões de visualizações. “Foi uma campanha que pegou… percebemos que era possível falar diretamente com o jovem sobre um tema que ninguém queria”, comenta a psicóloga. Desde então, o instituto mantém parcerias com Meta, Google, YouTube, TikTok e Discord. 

Karen ressalta que a relação que os jovens estabelecem com as redes sociais e com a tecnologia é diferente da relação dos adultos, por isso deve ser orientada com medidas que vão além do controle de tempo de tela. “É preciso que o jovem perceba se está tendo um uso passivo ou ativo nas redes, como ele fica depois desse uso e que conteúdo ele consome.”

“Eles são de uma outra geração e acabam entrando em contato com conteúdo suicida e formas de autolesão, porque esses conteúdos estão na rede. Mas acho que mais delicado ainda são os conteúdos subliminares e que eles não percebem. As violências, os racismos, as exclusões, as comparações, esse achar que a vida é perfeita, o ter que postar, os anúncios de jogos online e de bets no geral…. Esse excesso é ruim”, alerta.

Quer apoiar essa causa?

Visite o Mapa da Saúde Mental e conheça os outros projetos de prevenção e posvenção de suicídio no site do Instituto Vita Alere

Para saber mais, siga as redes sociais no Instagram e Facebook.    

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Maira Carvalho
Jornalista e Antropóloga, Maíra é responsável pela reportagem e por escrever as matérias do Lupa do Bem.
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