ONG Favela Brass oferece aulas de música para mais de 250 crianças e jovens no Rio de Janeiro

Projeto foi idealizado pelo trompetista profissional britânico Tom Ashe em 2014 com ajuda de voluntários, moradores locais e venda de curry em sua própria residência

13.02.23

Tom Ashe, idealizador do Favela Brass, chegou ao Brasil em 2008 e ao longo de vários anos percebeu um problema social. Crianças de famílias mais pobres, especialmente aquelas vivendo em favelas cariocas, não tinham a oportunidade de aprender instrumentos de sopro devido à falta de acesso e ao preço dos instrumentos. Foi então que em 2014 decidiu se mudar para comunidade Pereira da Silva, no Rio de Janeiro, e começou a ensinar crianças e jovens em sua própria residência.

Favela Bass
Crédito – Felipe Bezerra

A história

O grupo começou com apenas 4 crianças tendo aulas três vezes por semana. Dois anos depois, em 2016, já tinham mais de 30 alunos. Durante este trajeto, Tom se juntou ao mestre percussionista Mangueirinha São Vicente, da escola de samba Vila Isabel, ao trompetista americano Joe Epstein e a muitos outros professores voluntários brasileiros e estrangeiros. 

Para manter o projeto, Tom Ashe produzia e vendia comida indiana em sua residência uma vez por semana. Ele também recebeu doação de instrumentos de conterrâneos e músicos ingleses para alavancar o seu sonho de conseguir introduzir o ensino musical de sopro nas comunidades cariocas. 

Favela Bass
Integrantes da banda Favela Brass. Imagem: Reprodução Felipe Bezerra

Tom Ashe diz que “o suporte e ajuda foram fundamentais para que o ensino musical chegasse a mais pessoas”. O número de voluntários não era suficiente para atender o número de estudantes esperado, mas com a ajuda que eles receberam conseguiram contratar professores e comprar os instrumentos necessários. Eles também já chegaram a várias escolas públicas. “Alguns de nossos alunos já se tornaram professores e outros aprenderam a ler somente após aprender a tocar. É muito lindo ver esta transformação acontecer”, conta Ashe.

Hoje, o projeto sobrevive e cresce com ajuda de trabalho voluntário, auxílio da Lei Rouanet, doações online, patrocínio e outras atividades para angariar fundos. O Favela Brass atende cerca de 220 alunos entre 8 e 18 anos em 6 escolas públicas cariocas, através de um projeto-piloto autorizado pela Secretária Municipal de Educação do Rio de Janeiro. E mais 40 alunos moradores das comunidades de Pereira da Silva, Fogueteiro, Fallet e o Morro dos Prazeres em sua própria residência.

Durante as aulas, os alunos aprendem a ler partitura e a tocar instrumentos de sopro e percussão com um repertório típico das fanfarras e blocos de rua – de sambas e marchinhas ao funk carioca. Além da música tradicional brasileira, as crianças do Favela Brass são regularmente expostas ao jazz e à música improvisada, principalmente o estilo de segunda linha tocado por bandas de metais em Nova Orleans.

O Favela Brass realiza oficinas na comunidade Pereira da Silva, em Laranjeiras e no Aterro do Flamengo, e faz apresentações públicas com os alunos ao longo do ano. A banda é composta por 10 músicos que se apresentam na própria comunidade e também como convidados em alguns bares do Rio, espaços públicos e festivais de Jazz. 

Favela Bass
Imagem: Reprodução Luciola Villela

Gratidão

Marcos Henrique, ex-aluno e hoje professor do projeto, conta que seu maior desejo “é fazer mais apresentações pelo Rio de Janeiro, pelo Brasil e quem sabe até no exterior”. Outra aluna do projeto, Maria Rita, lembra que eles têm várias versões de músicas brasileiras de famosos. “Já compartilhamos alguns vídeos em nossa rede social e até nos responderam e replicaram o vídeo, e já recebemos também a visita de vários artistas locais e internacionais. É muito gratificante ser reconhecido pelo nosso trabalho e esforço. Torcemos para que mais artistas consagrados nos vejam e quem sabe até nos convide para abrir um show, e que mais espaços se abram para fazermos o que mais gostamos, tocar”, diz Maria Rita.

Apresentações

O grupo Favela Brass se apresenta todas as segundas sexta-feiras de cada mês gratuitamente no Bar e Lanchonete Galinhão da Mata, localizado na Rua Almirante Alexandrino, 2023 – Santa Teresa (ao lado da pousada Favelinha). Para o encerramento do carnaval, o grupo realizará um cortejo a partir das 15:00 na quarta-feira de cinzas na comunidade Pereira da Silva – RJ, onde todos os integrantes do Favela Brass estarão vestidos a caráter.

O grupo se apresentará novamente no Bourbon Festival de Jazz 2023, em Paraty, que acontece entre os dias 14 e 16 de abril. Todas as informações sobre shows, aulas e apresentação são encontradas na página do Instagram do Favela Brass. O projeto precisa de todo apoio possível. Para fazer doações ou se tornar um voluntário do projeto, entre em contato através dos links abaixo:

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Sobre o Favela Brass

Projeto criado para promover a inclusão cultural e transformação social, por um programa gratuito de educação musical. Voltado para crianças e adolescentes moradores de comunidades carentes e de escolas públicas do Rio de Janeiro, com acesso ao aprendizado de instrumentos de sopro e percussão, contribuindo com a cultura musical popular da cidade. 

 

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Rubia Goulart
Rúbia é Relações Públicas com vários anos de experiência atuando no terceiro setor e trabalha na coordenação e desenvolvimento estratégico e projetos especiais para o Lupa do Bem.
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