Plataforma fortalece a presença das mulheres no pagode baiano

Marca inconfundível da vida nas periferias baianas, o Pagode Baiano tem ganhado o Brasil cada vez mais. Estigmatizado por representar as “gentes” que vivem nas áreas mais marginalizadas de Salvador e região metropolitana, esse é um espaço ainda difícil para as mulheres que querem se aventurar e se firmar no gênero

11.10.21

Crédito: Acervo Pessoal

Por: Eduarda Nunes / Lupa do Bem – Favela em Pauta

Estudantes de jornalismo identificaram essa questão e, hoje, já formadas, dão conta da plataforma oficial de mulheres no pagode baiano. O “Pagode Por Elas” visa o fortalecimento dessas cantoras, que possuem um papel muito importante na expansão do pagode dentro e fora do estado.

A partir do trabalho de conclusão de curso (TCC) em 2019, Beatriz Almeida, Joyce Melo, Giovana Marques e Tainá Goes, começaram a viabilizar uma amplificação das vozes femininas no pagodão.

Por meio da da criação de um artigo científico e uma reportagem multimídia, acompanhados por uma minissérie e um podcast sobre o tema, nasceu uma plataforma que pretende acompanhar o que elas chamam de Nova Década do Pagodão Baiano. 

Dessa vez, feita por elas e com a nossa cara, como afirma o slogan.

“A gente começou a farejar a oportunidade de mercado quando criamos o Instagram. Em menos de um mês e com uma foto postada, a gente bateu mil seguidores. A gente ficou ‘pô, a galera precisa disso aqui’. Não tinha, mas as pessoas querem”, conta Beatriz, que hoje é gerente de projeto da iniciativa.

O artigo que elas criaram foi a primeira produção científica que traz as mulheres no lugar de protagonismo na cena. Todas as referências que elas buscaram nas pesquisas traziam às mulheres sempre um papel de segundo plano ou objetificação. 

Apresentação do TCC no curso de jornalismo do Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge) em 2019. Fotos: Antônio Muniz e Acervo Pessoal.

Eram as “piriguetes”, quem estava lá curtindo o baile ou as dançarinas. Atualmente, a reportagem serve como uma espécie de glossário para quem se interessa pelo tema. 

As então estudantes acompanharam a Dama do Pagode, Fernanda Maia, Daiana Leone, Rai Ferreira e Aila Menezes para fazer o primeiro diagnóstico sobre a posição das mulheres que cantam na cena.

Atualmente, Beatriz e Joyce, que é a CEO, com o reforço das estagiárias Jéssica Barreto e Adriane Silva, dão continuidade ao projeto. 

A jornalista relata que “o pagode é um gênero que tem muita dificuldade na profissionalização de carreiras”. “Diferente de outros que já estão um pouco mais à frente, o pagode ainda passa por vários outros processos, muitos deles associados a ser um gênero periférico”, afirma.  

Dias de gravações da minissérie “A Cena Por Elas” disponível no YouTube. Fotos: Acervo Pessoal.

Após iniciar a mentoria com a Diver.SSA, startup de acolhimento estratégico de negócios de mulheres das regiões norte e nordeste, a Pagode Por Elas passou a trabalhar em algumas frentes. Uma delas é a educação, fortalecimento e impulsionamento de mulheres cantoras do pagode baiano e de outros gêneros

Pagode por Elas

Além disso, elas se propõem a ser um canal de informação e pesquisa sobre o tema para outros veículos, além de promover eventos de formação, aceleração de negócios e musicais.

Pagode por Elas
Cobertura do show de Aila Menezes para a minissérie. Fotos: Joyce Melo.

A co-criação e consultoria em diversidade para grandes marcas que pretendam tratar sobre o pagodão também faz parte do escopo de trabalho da plataforma. 

“Para quem quiser pautar o pagode baiano de forma mais assertiva, a gente oferece nossos dados de pesquisa, porque, enfim, são três anos já pesquisando dentro do pagode baiano com dados mesmo. Então, a gente consegue dar esse olhar mais estratégico”, defende Beatriz.

Essa é uma iniciativa que trouxe uma série de impactos desde o começo. Somente a pesquisa e a produção enquanto trabalho de conclusão de curso já trouxeram novas perspectivas de visibilidade midiática para as cantoras do pagode baiano, e oportunidades começaram a surgir. Hoje algumas delas estão, inclusive, conectadas com marcas.

Pagode por Elas
Equipe inicial da plataforma Pagode Por Elas. Giovana Marques, Beatriz Almeida e Joyce Melo (Foto: Lane Silva)

Após essa recepção inicial, Beatriz e Joyce definiram que uma nova década do pagode baiano foi iniciada, e que o Pagode Por Elas vai acompanhar e registrar tudo.

A projeção é de que, ao final desses dez anos, nomes da cena possam ganhar visibilidade nacional. “É um mercado próspero, um ecossistema que se retroalimenta, e é sustentável. A nossa meta é metrificar tudo isso, porque nossa parte de pesquisa é muito forte. A gente metrifica o impacto do Pagode Por Elas desde o início”, conta Beatriz. 

Ela ainda promete: “provavelmente, no final desses dez anos, tenha um novo documentário aí”.

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Autor: Redação - Lupa do Bem
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