Em homenagem a amigo, moradora de Santos cria projeto que ajuda mulheres a empreender

Em depressão após perder a casa em um incêndio, Magda conheceu Rodrigo Caju, que a apresentou ao mundo do voluntariado. Porém, em 2018 o rapaz tirou a vida e o Projeto Caju foi criado para honrar sua memória.

26.09.23

Em 2016, Magda e sua família perderam tudo durante um incêndio no apartamento onde moravam em Santos, no litoral de São Paulo. Depois dessa tragédia, ela e os filhos tiveram que recomeçar tudo do zero. Magda conta que graças a um filho que era, na época, violinista do IGPA – Instituto Grupo Pão de Açúcar – ganharam toda a reforma do apartamento e tiveram apoio da família e de alguns amigos. 

Mas apesar de conseguir recomeçar, Magda ficou com duas sequelas: depressão e síndrome do pânico. Além da tristeza profunda, ela sentia muito medo de sair de casa, imaginava que, se saísse, aconteceria outro incêndio. 

Foi então que, ainda com as sequelas, conheceu Rodrigo Caju, um rapaz amante do trabalho social e que se tornou grande amigo dela. A tirava de casa e a levava para a comunidade do Marapé, no mesmo bairro, onde já atuava como voluntário. 

Ele gostava muito das crianças, levava bolos, doces e fazia uma farra com elas. Levou Magda com a intenção de fazê-la conhecer um outro lado, o lado que fazia o bem. Quis tirá-la da depressão, fazer com que ela vencesse o medo, e foi o que realmente aconteceu. 

Mas em 2018, ela sentiu uma das dores mais difíceis da sua existência: o rapaz tirou a própria vida. Novamente o mundo de Magda desmoronou. Por muito tempo ela se perguntou o porquê de não perceber o que se passava com o amigo, chegando à conclusão que foi sua própria dor interna que a impediu.

A dor que transforma

Quando foi em 2020, houve deslizamentos em Santos. Magda estava afastada do trabalho, nem sequer atendia ao seu telefone, mas estava com o aparelho de Caju, que recebeu da mãe dele como recordação e a esse ela atendia. 

O aparelho começou a tocar sem parar e, quando ela atendeu, constatou que eram as crianças visitadas por Caju, pedindo ajuda. Muitas tinham perdido suas casas durante os deslizamentos, outras tinham perdido suas famílias e estavam morando na quadra da Escola de Samba União Imperial, que abriu as portas para receber as pessoas desabrigadas. 

Magda conta que entendeu isso como coisa de Deus e, apesar de ainda estar depressiva, se levantou da cama e falou para si mesma, “eu sei como ajudar, e vou ajudar”.

Começou a pedir doações nos mercados para ajudar aquelas pessoas, pois, devido ao que passou, sabia o que elas precisavam e ajudou de todas as formas possíveis para ela. Foi um trabalho intenso, com a ajuda de muitos. 

Mesmo depois da chegada da pandemia, o trabalho com as famílias afetadas pelo deslizamento continuou e passou a se chamar Projeto Caju, em homenagem ao querido amigo falecido de Magda. Não parou mais e já são três anos em ação.Magda fala um pouco do que acha mais importante no projeto e o que a levou a sua criação. “O que eu mais prezo no Projeto Caju, é a mão estendida que ele tem para as pessoas que precisam. O que me levou a criá-lo foi a necessidade de ter uma iniciativa que atendesse a família como um todo e que respeitasse o momento e a dor de cada um”.

Público alvo 

Mulheres, adolescentes, crianças e famílias em situação de vulnerabilidade social. 

Atividades oferecidas pelo Projeto Caju

Para mulheres: roda de conversa e cursos de empreendedorismo. Para crianças: balé, inglês e outras. Para adolescentes: oficina de confecção de pranchas de surf.

Magda colocou como desafio na sua jornada, dar uma melhor qualidade de vida para as crianças atendidas, formar adultos pensantes e empoderar as mulheres para que saibam que cada uma delas têm o seu potencial, para que enxerguem sua força e, acima de tudo, que incentivem e acreditem nos sonhos dos filhos e se sintam motivadas a ponto de vibrar pela vitória deles.

Até o momento dessa entrevista, 100 mães assistidas se tornaram empreendedoras e três se tornaram MEI – Microempreendedor Individual.

Como ajudar o Projeto Caju

O Projeto Caju funciona dentro da quadra da Escola de Samba União Imperial, na rua São Judas, s/n, Marapé, Santos, São Paulo. 

Para ajudar financeiramente: 41994631/000150 ( CNPJ PIX)

Para ajudar de outras formas, entre em contato através do número: (13) 9 9194-5277 

Visite o site e siga o Projeto Caju no Instagram! Curtam, comentem e compartilhem suas postagens.

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Neuza Nascimento
Após ser empregada doméstica por mais de 40 anos, Neuza fundou e dirigiu a ONG CIACAC durante 15 anos. Hoje é estudante de Jornalismo e trabalha com escrita criativa, pesquisa de campo e transcrições. No Lupa do Bem, é responsável por trazer reflexões e histórias de organizações de diferentes partes do Brasil para a "Coluna da Neuza".
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