Projeto de educação antirracista, ‘A Cor da Cultura’ promove o ensino da cultura afro-brasileira e indígena em escolas do País
A Cor da Cultura valoriza o patrimônio histórico e cultural afro-brasileiro e indígena, mobilizando educadores e sociedade
Em 2003 e 2008, o governo determinou, por meio das leis 10.639 e 11.645, respectivamente, que os estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, teriam que, obrigatoriamente, inserir em seus currículos e na formação dos professores, o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena. O projeto A Cor da Cultura tem como propósito valorizar o patrimônio histórico e cultural afro-brasileiro e indígena, mobilizando educadores e a sociedade na promoção das relações étnico-raciais e o cumprimento das leis citadas acima.
Por isso no último dia 30 de junho, no Auditório da Editora Globo, a Fundação Roberto Marinho, por meio do Canal Futura, promoveu um encontro para ser discutido o atual cenário no Brasil e os caminhos da nova fase do projeto, que teve em seu histórico a idealização pedagógica de Azoilda Loretto da Trindade. Na ocasião, foi assinado o protocolo de intenções com a SECADI – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, MEC – Ministério da Educação e a Fundação Palmares e assim foi lançado uma nova fase desse que é um projeto de educação antirracista, que já faz história no Brasil.
O encontro reuniu instituições, artistas, educadores, pesquisadores, representantes do governo e da sociedade em geral. Foram de oitos horas durante as quais foram debatidos diversos assuntos pertinentes, conversas e muita escuta.
A criação do projeto A Cor da Cultura, foi resultado de uma parceria entre a Fundação Roberto Marinho, através do Canal Futura; do CDAN – Centro de Informação e Documentação do Artista Negro; do MEC – Ministério da Educação; da FCP – Fundação Cultural Palmares e da SEPPIR – Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, com apoio da TV Globo. É uma aliança.
A importância da retomada do A Cor da Cultura
O indígena Kaká Werá, escritor, professor e empreendedor social agradece a oportunidade de falar para Lupa do Bem e dá sua opinião sobre a importância do Fórum, onde foi componente de uma das muitas mesas organizadas.
“A importância do Fórum A Cor da Cultura é justamente despertar, acordar para uma reflexão extremamente importante no Brasil que é a questão das duas leis, Lei 10.639, de 2003, que trata da inserção da cultura, da história, da memória do povo africano na Educação; e Lei 11.645, de 2008, que trata da inserção dos valores, da cultura, da memória, da história dos Povos Indígenas nessa mesma Educação. Na educação brasileira tem muitos vieses que fortalecem o preconceito e o racismo e isso se dá porque dentro do sistema de cultura e educação, essas culturas ancestrais do Brasil e essa diversidade africana não são respeitadas. A importância de estar discutindo isso hoje é tirar do adormecimento o propósito dessas leis, pois elas deveriam ser mais ativas na implantação e mais presentes nas escolas”, termina ele.
Futuro do projeto
O secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, João Alegria, informa quais serão os próximos passos a serem dados pelo projeto.
“O Fórum foi só uma abertura, agora precisamos tentar dar conta das provocações que foram feitas pelos participantes durante o evento e que foram muitas. E elas já sinalizam um pouco o conjunto de atualizações que precisamos fazer no próprio material do A Cor da Cultura. Em primeiro lugar, vamos mergulhar mais fundo nesses apontamentos, nesses pontos de atenção que foram trazidos aqui hoje, examiná-los e entendê-los melhor para que a gente vá tendo subsídios para revisitar os materiais originais do projeto. Até o final de 2023, vamos seguir fazendo conversas, outros Fóruns, outras escutas e preparar o material para que no próximo ano estejamos prontos para começar uma implementação em campo. Essa implementação deve seguir uma estratégia que nós já temos aqui, uma estratégia de descentralização; formar redes, envolver outros atores. Fica muito mais interessantes quando nos territórios organizações que já são reconhecidas e legitimas, atuem no seu próprio espaço de uma forma articulada com um grande movimento como por exemplo, educação antirracista”, diz ele.
Apesar dos reconhecidos avanços na sociedade e na educação no que diz respeito à questão racial nos últimos 20 anos, os números, infelizmente, confirmam que o processo para mudanças ainda é longo.
Para saber sobre o cenário atual e ter acesso a dados relevantes sobre o racismo no Brasil, clique aqui.
Assista a transmissão, na íntegra, do Fórum A Cor da Cultura ao vivo no Youtube.