Associação cria campanha para erguer espaço de leitura nas periferias
O Projeto Vivo Cidadania planeja inaugurar três espaços de leitura em três comunidades, ainda em maio, para semear sonhos junto aos adolescentes das periferias da capital cearense
Crédito: Divulgação
Por: Renato Silva – Lupa do Bem / Favela em Pauta
Para promover sonhos e novas realidades, o CDVHS – Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza e a Rede DLIS criaram o Vivo Cidadania, que vai erguer 3 espaços de leitura voltado para adolescentes da região do Grande Bom Jardim — região periférica de Fortaleza que inclui cinco bairros da capital cearense.
Criado como resposta às graves estatísticas de adolescentes mortos no estado do Ceará, sobretudo na periferia, o projeto Vivo Cidadania visa promover diversas ações para envolver os jovens das comunidades do Grande Bom Jardim e assim construir outras perspectivas de vida para esses adolescentes.
De acordo com dados do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência, foram registrados em 2020, primeiro ano da pandemia, 4.039 homicídios no Ceará e 16% deles eram meninos e meninas entre 10 e 19 anos. Esse número representa a perda da vida de doze adolescentes por semana durante o ano, o que deixa escancarada a situação de vulnerabilidade desta faixa etária.
É nesse cenário que o CDVHS e a Rede DLIS — uma articulação com dezenas de entes da sociedade civil atuante na região do Grande Bom Jardim — vêm realizando ações com jovens e adolescentes com o objetivo de oferecer atividades diversas que possam integrá-los de fato à cidade.
Para estas ações as organizações deram o nome de Projeto Vivo Cidadania, onde são feitas buscas ativas por estes jovens interessados nas atividades. A lista inclui encontros didáticos semanais de formação sobre diversos temas, que vão desde Direitos Humanos e violação de direitos à construção de identidades, formação de vínculos e projeto de vida. Além dessas oportunidades de integração, também existem atividades externas com intuito de levar os jovens a conhecer equipamentos de cultura e arte e entender mais sobre o acesso à cidade.
Liderança nesse processo de criação de uma iniciativa na organização do CDVHS, a pedagoga e coordenadora do Projeto Vivo Cidadania, Joice Luz, contou sobre a necessidade da sociedade civil em atuar na prevenção dessa violência para jovens dessa idade.
“Diante dessa problemática, pensamos um projeto que tivesse esse objetivo principal de construir possibilidades, metodologias, narrativas de prevenção, de intervenção e também de monitoramento dessa política pública. O projeto atua diretamente com adolescentes de quatorze a dezenove anos, prioritariamente nessa etapa”.
O projeto, que oferece ainda oficinas de profissionalização, empreendedorismo e economia solidária, agora chama a atenção para atividades envolvendo leitura. Para isso, está em curso a campanha “Plantando Ideias”, que tem como foco a doação presencial de livros infanto-juvenis, ou mesmo a doação direta à organização através do Pix.
Mais do que apenas realizar as ações práticas, a coordenadora do projeto contava que fomentar a possibilidade de sonhar para esses jovens é o principal objetivo, enquanto lembrou com emoção da fala do jovem Kauan* que disse: “a gente só quer comer e dormir, tia”, e então completa Joice Luz “é para além de comer e dormir, né? É ter muitas perspectivas, outros processos, outras realidades, onde eles podem ser o que eles quiserem, que eles possam sonhar, que eles possam voar”, completa.
Como acompanhar e apoiar o Projeto Viva Cidadania
Para acompanhar o lançamento das salas de leitura, outras atuações do projeto no acompanhamento e debate de políticas públicas de segurança e acesso à cidade, as demais atividades executadas pelo Projeto Vivo Cidadania, além de toda a articulação da Rede DLIS e do CDVHS, é possível seguir o perfil da rede no instagram, as informações para doação presencial de livros e através de pix podem ser encontradas clicando aqui.
* Foi atribuído um nome fictício para proteger a identidade do jovem, autor da frase.