Rio Aquatics investe em esporte e educação para transformar a vida de jovens
Iniciativa insere crianças entre 5 a 12 anos em aulas de natação e polo aquático; atletas selecionados também recebem aulas de inglês gratuitas e bolsas de estudo integral em escolas particulares
Quem pratica esportes sabe que a rotina de exercícios desenvolve habilidades que vão muito além do desempenho físico. Disciplina, respeito e determinação são algumas das competências adquiridas e que fazem toda a diferença quando o assunto é superar desafios. Foi essa experiência que mudou a vida de Juliana Kagami e é isso que ela gostaria de proporcionar a outros jovens por meio do Instituto Rio Aquatics.
“Entrei na natação porque minha mãe precisava de um lugar seguro para eu ficar durante o contraturno escolar. Mas o que o esporte proporcionou foi mais do que um lugar seguro. Na natação encontrei uma comunidade que me acolheu e me educou. Aprendi muito, consegui desenvolver valores que carrego até hoje, uma ética que me acompanha desde criança”, diz a gerente do instituto.
Desde que foi fundado, em 2022, mais de 1.700 crianças já passaram pelas aulas de natação e polo aquático do Rio Aquatics. As aulas são gratuitas e as crianças ganham camiseta, touca e óculos de natação, além do lanche após os treinos. Este ano, alguns atletas com ótimo desempenho passaram por um processo seletivo e também começaram a receber bolsas de inglês e de estudo integral em escolas particulares do Rio de Janeiro.
“O Instituto surge com essa missão de criar oportunidades. Queremos promover a ascensão social de jovens em situação de vulnerabilidade por meio da aliança entre o esporte e a educação”, afirma Juliana.
Campeã de natação
Juliana Kagami tem experiência de sobra para apostar nesta aliança. A atleta de Presidente Prudente já foi campeã nacional de natação e competiu por grandes clubes, como Corinthians, Sesi e Flamengo. Foi graças a uma bolsa esportiva que ela se formou em economia e estudos culturais pela St Francis College no Brooklyn, Nova Iorque. Depois, concluiu um mestrado em educação pela Universidade de Harvard.
“Conciliar minha educação com o calendário esportivo foi muito difícil. Fiz o ensino médio enquanto competia pelo Corinthians. Em 3 anos, estudei em 4 escolas diferentes e no último ano fiz noturno, porque treinava de manhã e à tarde. Quando terminei, tive medo de prestar o vestibular, sabia que o ensino médio tinha sido uma bagunça. Mas encontrei um caminho alternativo para poder fazer faculdade através da natação”, recorda-se.
A ideia de oferecer bolsas de inglês aos atletas mais comprometidos do Rio Aquatics foi implementada pensando nisso. A intenção é dar condições para que os jovens possam buscar bolsas de esporte no exterior no futuro. “Quando fui fazer faculdade nos Estados Unidos, não sabia falar inglês e foi muito difícil, eu não recomendo ir dessa maneira, sem entender nada, mas no final foi o que deu certo”.
Esporte e educação
Para participar do projeto, as crianças precisam estar previamente matriculadas nas escolas regulares. As aulas têm duração de 50 minutos e acontecem duas vezes por semana. As crianças também participam de dois festivais esportivos por ano. “É um momento muito especial, tanto para as crianças que consolidam o aprendizado delas, mas também para as famílias, que entendem o quanto isso tem sido importante no desenvolvimento da criança”, comenta Juliana.
As aulas têm dado resultado. Há duas equipes competitivas, tanto de natação quanto de polo aquático, que já estão disputando campeonatos federados. “Nosso time sub catorze feminino de polo aquático foi vice-campeão estadual. Todas essas meninas aprenderam a nadar aqui”, orgulha-se a gerente. As participações nos campeonatos também são todas custeadas pelo projeto, desde o transporte até o alojamento e a alimentação.
Instituto Rio Aquatics
O Instituto Rio Aquatics foi fundado pela Fundação Behring e hoje é uma instituição autônoma que funciona por meio de doações e captação de recursos. Por isso, as parcerias têm sido fundamentais. As aulas de natação e pólo aquático são feitas em duas unidades: no Parque Aquático Júlio Delamare, no Maracanã, por meio de um convênio com o governo do estado do Rio de Janeiro. E no clube do Vasco, que aluga a piscina e faz a ponte entre a comunidade e o projeto.
Já as aulas de inglês são feitas em parceria com a Wizard de São Cristóvão e acontecem dentro das unidades de esporte. “Os professores se deslocam até nós para facilitar essa logística”, explica Juliana. Além disso, as bolsas de estudos nas escolas particulares são oferecidas pelo Pensi e pelo Colégio Elite, ambos na Tijuca, e cobrem todos os custos com mensalidade, material didático, uniforme e transporte.
No total, já foram oferecidas 10 bolsas de inglês e 5 bolsas integrais para escolas particulares. Essas bolsas não são cumulativas. “Esse foi o primeiro ano em que oferecemos essas bolsas, então a ideia é que esse número realmente se expanda para que possamos apoiar cada vez mais crianças nessa parte educacional também”, avisa Juliana.
“Sabemos que a educação promove ascensão social. E fiquei me perguntando se pudesse consertar um problema no mundo, qual seria? Tendo vivido a experiência de estudar e treinar natação, pensei que poderíamos conciliar os dois. Não é simples, mas é uma das coisas que podemos avançar um pouquinho”, alegra-se.
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