Lupa do Bem no Impacta Mais: reflexões sobre economia de impacto e transformação social

impacta mais

Em sua 5ª edição, o evento promoveu um encontro entre os investimentos sociais e os negócios de impacto, desdobrando esse ecossistema por meio do diálogo que conta com empresas privadas, o poder público e o terceiro setor 

A 5ª edição do Impacta Mais foi reformulada e trouxe temas como diversidade, equidade e liderança; Inclusão produtiva; empreendedorismo periférico e desenvolvimento territorial; governo, gestão e instituições públicas; novas economias e acesso a mercado para negócios de impacto em escala; acesso a capital e finanças de transição; saúde e bem-estar; meio Ambiente e COP 30, abordando tendências, desafios e inovações dessa área que vem chamando atenção dos três setores: a economia de impacto. 

Com isso, um dos destaques do evento foi a atenção dada para localizar tais temáticas na Amazônia, apresentando em cerca de 07 painéis voltados às melhores práticas de negócios sociais, responsáveis e sustentáveis, junto à inclusão dos povos tradicionais. 

Além disso, participaram nomes como Braulina Baniwa, doutoranda na UNB, e Luvan Sampaio, da Casa de Cerimônias Indígenas, no DF, estiveram presentes, reforçando a importância de garantir que essas populações sejam ouvidas diante do poder privado, que pode influenciar a tomada de decisões. 

Ambos destacaram em suas falas a falta de visibilidade e de recursos para os povos originários, especialmente do que diz respeito a investimento social, decisões ambientais e ao futuro das florestas. 

Vale ressaltar a importância da temática, já que a COP30 se aproxima. A Conferência da ONU para discutir as mudanças no clima acontece em Belém, no Pará. O evento reunirá líderes mundiais, representantes de países, de causas sociais e representantes do setor privado, para discutir e firmar acordos ambientais, a nível internacional, abordando temáticas como financiamento climático, transição energética, preservação de florestas e o combate à crise climática. 

Durante os painéis do Impacta Mais, discutiu-se amplamente a importância da COP acontecer no Brasil, colocando o país no centro do diálogo e demonstrando tanto a riqueza dos recursos naturais e da biodiversidade quanto a necessidade de financiamento para a sua preservação. 

Pensando nisso, foram elaborados workshops, dentre eles, uma simulação das mesas de negociações que acontecem na COP30 entre os países, colocadas no evento, como representantes dos interesses de cada setor econômico.

O papel essencial das organizações sociais na construção de soluções

A presença do terceiro setor também foi significativa, na plateia, diversos profissionais da área compareceram ao evento para saber mais das tendências e possibilidades de parcerias com os negócios de impacto. 

Em entrevista ao Lupa do Bem, Sâmia Mouallem, Gerente de Parcerias Estratégicas no Impact Hub, uma das organizações promotoras do evento, afirma que “as ONGs têm um papel essencial, porque muitas vezes, são elas que estão na ponta, de fato quem está gerando o impacto todo dia”.  

“O privado também tem sua função, mas a gente vê nas ONGs uma atuação mais equilibrada e menos colonizadora, geralmente.  Quilombolas, ribeirinhas, indígenas, são quem fazem esse trabalho, acho que todo o suporte que a ONG pode e dá para essas populações, é o que faz total a diferença, um papel mais do que essencial dentro dessa agenda de impacto.” 

Nos painéis, Vitor Del Rey, presidente do Instituto Guetto, ONG que faz parte da rede do Lupa do Bem, foi convidado para mediar uma conversa importante e necessária, sobre o tema “Papel da Filantropia no acesso à capital”, onde se colocou em pauta o compromisso da filantropia com a agenda racial e a necessidade do recurso chegar àqueles que estão agindo localmente e fazendo a diferença. 

impacta mais

Em conversa com o Lupa, Vitor falou sobre a importância de sua presença e da representação do Instituto Guetto, em eventos como este: “Poder fazer um trabalho de provocação e de alguma forma tirar as pessoas de um lugar comum, de quanto elas são maravilhosas, enquanto fazem o óbvio em uma sociedade extremamente desigual”. 

“Ter a possibilidade de levar um doador branco à uma consciência da hiperatividade, do que é hiperativo às nossas necessidades, é um exercício que a gente precisa fazer sempre que temos a possibilidade. E agora é ver como isso vai reverberar nas outras pessoas e o impacto do que acabamos de fazer agora vai gerar”

Lívia Maria, especialista em Relações Institucionais e representante do Fundo Agbara, o primeiro fundo voltado para a justiça econômica de mulheres negras no Brasil, também participou da discussão e destacou o racismo como um dos empecilhos para a captação de recursos. Vitor complementa que as instituições sociais negras estão no centro das soluções, porém às margens dos recursos.

Conectar e engajar

Para as quase 3.000 pessoas presentes, o evento contava com stands de negócios sociais, recursos de acessibilidade como tradução em libras no palco principal, autodescrição dos participantes e tradução simultânea nos casos de debates com palestrantes estrangeiros.

O Impacta Mais busca se consolidar “como o ponto de encontro entre pessoas e organizações engajadas em buscar soluções para os grandes desafios socioambientais por meio de novos modelos de negócios.”  

Sâmia, do ImpactHub, acrescenta que é preciso “desmistificar o negócio de impacto como uma filantropia, como uma organização do terceiro setor”. 

“O negócio de impacto precisa ser sustentável também no seu processo, as pessoas precisam ser bem pagas, ter um trabalho digno, ter prosperidade financeira. Acho que tudo isso só é olhado pelo corporativo, porque eles vêm sendo cobrados pelo tamanho do impacto que eles geram”. 

“Mas muito antes deles olharem para isso, acho que principalmente, as pessoas mais vulnerabilizadas já faziam impacto, já tinham seus negócios. Com a venda do bolo da comunidade, provavelmente ela está impactando positivamente, ela tem uma responsabilidade social com aquele território”, finaliza.

Gostou do conteúdo?

Siga o Lupa do Bem no Instagram, Facebook e no LinkedIn.

Compartilhe esse artigo
Facebook
LinkedIn
X
WhatsApp
Telegram
Threads