Diante desse cenário, especialmente nas áreas periféricas, Larissa Vitoriano criou o projeto Mais Meninas na Tecnologia há aproximadamente quatro anos. “Meu objetivo é formar cidadãs interessadas nas ciências exatas”, conta.
Atuando na Brasilândia, zona norte de São Paulo, e com foco em meninas em situação de vulnerabilidade social, o projeto oferece oficinas temáticas, abrangendo desde interação com inteligência artificial e criação de blog posts no WordPress até aulas práticas com canetas 3D, elaboração de planilhas e apresentações no Power Point, além de conceitos básicos de português e matemática. “Tem aulas em que explico física através do jogo Jenga”, acrescenta.
Larissa destaca que o propósito do projeto é também apresentar novas perspectivas, utilizando a tecnologia como aliada e colocando as meninas como protagonistas. Por isso, uma das oficinas aborda a temática dos sonhos. “É para que elas consigam enxergar a possibilidade de serem professoras, artesãs ou astronautas”.
No ano passado, as estudantes tiveram contato com a tecnologia analógica, explorando fotos polaroids. “Elas ocuparam um papel de destaque ao tirarem fotos umas das outras e levarem as suas para casa. O projeto também trata disso: proporcionar protagonismo a essas meninas”.
Em 2023, o Mais Meninas na Tecnologia impactou a vida de 90 meninas, com idades entre 6 e 14 anos. Sem uma sede própria, as oficinas aconteceram em dois espaços parceiros na Brasilândia: o Centro Cultural do Damasceno e a escola de balé Ao Máximo. Não é necessário fazer inscrição para participar.
As oficinas ocorreram aos sábados, entre março e outubro, com três horas de duração, alternando a cada 15 dias entre os dois espaços.
Entretanto, devido à necessidade de captação de recursos, as aulas deste ano estão programadas para iniciar na segunda metade do ano e serão realizadas apenas no Centro Cultural do Damasceno. “Quando falei que ainda não tinha verba para o primeiro semestre, elas ficaram chateadas, mas estão muito empolgadas”, relata Larissa
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Projeto nasceu em sala de aula
Formada em jornalismo, Larissa, de 28 anos, cresceu na Vila Nova Cachoeirinha. Apesar de não ter tido acesso à tecnologia na infância, sempre manteve curiosidade pela área. Em 2019, ingressou no mestrado em Tecnologias da Informação, Comunicação e Multimídia, no Instituto Universitário da Maia, na cidade do Porto, em Portugal.
Foi durante uma aula do mestrado que o projeto Mais Meninas na Tecnologia tomou forma. “Durante uma disciplina, eu precisava desenhar um projeto de impacto social relacionado à tecnologia, e uma professora portuguesa disse que ele poderia ir além”.
Com saudades do Brasil, Larissa decidiu concretizar o projeto e submeteu-o ao Programa de Valorização de Iniciativas Culturais (VAI), da Prefeitura de São Paulo, que apoia financeiramente coletivos e projetos culturais em regiões periféricas.
Assim, o projeto teve início na pandemia, com aulas de operações matemáticas básicas na garagem da casa dos pais de Larissa para quatro meninas. “Ele começou a evoluir, e elas quiseram continuar estudando. Tudo isso enquanto eu desenvolvia minha tese de mestrado, que foi o próprio projeto social. Formei 15 alunas na primeira turma”.
Aplicativo Mini Dev
Com o intuito de facilitar o aprendizado das alunas e democratizar o ensino tecnológico, Larissa desenvolveu o aplicativo Mini Dev, disponível na Play Store. Ele ensina conceitos básicos de tecnologia front-end, ou seja, linguagens de marcação em uma página web. Larissa contou com a colaboração das alunas na criação da personagem. “Eu perguntava o que elas queriam ver na personagem, quais características”.
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Ampliação do projeto
Outra expansão ocorreu por meio do livro que leva o nome do projeto. Em formato de poema, narra as histórias de outras mulheres na ciência, e a personagem aparece em diversas dimensões. “No final, tem fotos das alunas, e elas ficaram super felizes”.
A prefeitura de São Paulo financiou mil livros, que foram distribuídos gratuitamente em escolas da Brasilândia.
Acesso à cultura
Com o propósito de ampliar os horizontes, o projeto também se preocupa em democratizar o acesso à cultura. “Levamos as meninas para espaços como o planetário do Ibirapuera e o parque de ciências da USP”.
“Vimos que é importante tirar essas meninas da região em que estão inseridas, de extrema vulnerabilidade social, e levá-las para ocupar outros espaços, nos quais elas achavam que nunca iriam pisar”, finaliza.
Como apoiar?
Você pode ajudar o Mais Meninas na Tecnologia comprando o livro, pois toda a renda é revertida para o projeto. A versão digital está disponível na Amazon, enquanto a versão física pode ser adquirida através do Instagram ou pelo site.
Baixe o aplicativo Mini Dev na Play Store.