“Pra mim, criptomoedas são uma forma de democratizar o acesso financeiro para muita gente. Era uma forma inclusiva de fazer isso”. E foi assim que, em 2021, Victor Caribé, junto de seus amigos Jeff Beltrao e Henrique Aragon, criaram a Play4Change (ou Jogue Para Mudar, em tradução livre). Comovidos pela situação social do Brasil, os desenvolvedores traçaram um objetivo: ajudar as comunidades brasileiras a mudarem de vida, incentivando a educação em criptomoedas. Em sua primeira missão, Victor, a pedido de sua irmã – uma das investidoras iniciais – reuniu dez mulheres, entre 30 e 60 anos, para um teste piloto.
Antes de ingressarem no projeto, o grupo de dez integrantes costumava vender garrafas de água no semáforo, durante os dias quentes e chuvosos da Bahia. Foi graças ao P4C (abreviação de Play4Change), que essas mulheres aprenderam a lidar com NFTs (“non-fungible token” ou “token não-fungível”). Através de jogos populares na Blockchain, como o Axie Infinity, o co-fundador conseguiu atingir sua meta: todas as participantes deixaram as ruas e passaram a trabalhar de casa, aumentando não só sua qualidade de vida, como também seu rendimento mensal.
Após o sucesso do primeiro grupo, a P4C teve um crescimento gradual. Através de parcerias com diversos projetos, como a Plataforma Impact e Nossa Terra Firme, o grupo desenvolveu planos mais ambiciosos, tais como a criação de seus próprios jogos na rede Polygon e o lançamento de peças NFTs no OpenSea. Porém, foi com a parceria com a Educar+, que o objetivo de expandir a educação para crianças e adolescentes, residentes de comunidades do Rio de Janeiro, foi alcançado.
Apesar das dificuldades e, principalmente, da situação atual da Ethereum – uma das criptomoedas mais conhecidas desde o crescimento do Bitcoin -, Victor explica que a Play4Change sempre se preocupou com a estabilidade. Por isso, o co-fundador espera que os investidores ou patrocinadores da P4C já tenham conhecimento sobre a volatilidade do mercado e seus riscos, antes mesmo de apoiarem a causa.
Abrindo portas para o futuro
“Eu sempre tive esse compromisso com o meu território, que era trazer o que tava de novo, o que tava acontecendo, porque a gente é sempre o último a saber, né?”. Fundado em 2017, o projeto Educar+ oportuniza o desenvolvimento social e humano de crianças e adolescentes do Complexo do Chapadão, em Anchieta.
A ONG atualmente é composta por cinco integrantes, entre eles, a Presidente e CEO Ana Caroline. A Carol, como é carinhosamente chamada pela sua comunidade e pela Play4Change, sempre quis ampliar a visão de mundo de diversas crianças e adolescentes. Para isso, ela lutou para conquistar cada espaço dentro da ONG, inclusive a famosa sala de computadores, patrocinada pela rede Polygon – através da parceria com a P4C.
Apesar das dificuldades, o projeto social, em parceria com a P4C, continua incentivando a educação e o acesso à informação para crianças e adolescentes da favela. São crianças como Murilo, escrevendo o seu quarto livro sobre Realidades da Favela, que Carol se vê cada vez mais inspirada em trazer todo o apoio e conteúdo possível para o Educar+. Apesar de ser uma criança, o jovem escritor finaliza seu livro com uma grande mensagem: “é possível que a gente viva além da violência”.
A coleção de NFTs, desenvolvidas pelas crianças que já participavam da ONG, foi o primeiro projeto da parceria com a P4C compartilhado com o público, Carol conta que o seu momento mais marcante nesta trajetória foi quando Cadu, de 13 anos, olhou para ela e disse “agora eu sei que eu posso”. Enquanto isso, outras crianças faziam perguntas inocentes como “isso pode ajudar os meus pais?”.
Apesar do sucesso no evento Ethereum Rio, parte das artes ainda não foram vendidas. Alcançar esta meta pode ser essencial para o futuro do projeto social, já que a ideia é que uma porcentagem dos lucros obtidos com as vendas voltem para esses jovens e outra parte seja direcionada para reinvestimento no projeto.
Recém chegada no mundo das criptomoedas, Ana Caroline reflete a gratidão que tem ao suporte da Play4Change, já que quando teve seu primeiro contato com Victor ainda não entendia sobre as oportunidades que as criptos e a blockchain podiam fornecer. Essa parceria, que já está quase fechando um ano, trouxe muitos benefícios não só para a Carol, mas também para a comunidade.
E vale dizer que, apesar de se tratar de criptomoedas, o foco da dupla não é apenas o desenvolvimento econômico. O acesso à educação, à infraestrutura e novas formas de aprendizagem são seus objetivos, para que essas crianças e adolescentes possam crescer entendendo que há um mundo de oportunidades para elas. Victor Caribé inclusive ressalta que, a longo prazo, conforme os participantes da ONG forem aprendendo mais sobre ferramentas de trabalho da BlockChain, seus perfis e habilidades estão salvos em um banco da Play4Change, para que futuramente consigam se empregar ou estagiar na área.
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