A artivista feminista, advogada e poeta assegura que, nos últimos 50 anos, foi se conformando o que hoje é o dever-ser das mulheres em torno de padrões muito severos: “o ideal de beleza foi capturando o ideal feminino e se constituiu na centralidade de uma exigência muito alta”.
Mas cumprir com padrões de beleza inalcançáveis não é a única faceta que compreende o estereótipo da feminilidade. A respeito disso, a especialista acrescenta: “Continua-se exigindo das mulheres que sejam heterossexuais, que tenham um parceiro heterossexual, que sejam boas filhas, que tenham uma família, que tenham filhos e que sejam ‘boas mães’ no formato de maternidade onipresente”.
As demandas são múltiplas e parecem se repetir o tempo todo. Essa preocupação foi o que motivou a fundação de “Mujeres que no fueron tapa” em 2015, seguindo de um trabalho de colagem que sua criadora estava realizando.
“Tratava-se de uma mostra com instalações construídas com pedacinhos de revistas nas quais se representava esse ideal feminino, homogêneo e inalcançável, que nos educa na submissão. Essa foi a primeira iniciativa que desenvolvemos. Ali se via como os meios de comunicação da época constroem e reproduzem esses estereótipos de gênero, isto é, a construção do ideal feminino”, explica Pasquinelli.
A organização já tem nove anos de trajetória. Hoje, o projeto é integrado por doze mulheres com diferentes níveis de compromisso e diversos trabalhos. Um dos seus projetos mais emblemáticos é a mostra #HermanaSoltáLaPanza (Irmã, Solte a Barriga), uma compilação de imagens e histórias que visibiliza o direito das mulheres de existirem para além da forma dos seus corpos. Este projeto já foi exibido em importantes espaços culturais na Argentina, Roma, Madri e Berlim.
Além disso, sua tarefa cotidiana compreende a oferta de oficinas como “Autoestima com perspectiva feminista”, “Feminismo para ler o presente”, “Hackeamento da maternidade rosa”, entre outras. Também estão organizando o evento “The Hacking Stereotypes Festival 2024“, uma iniciativa para que muito mais pessoas, de diferentes localidades, possam se somar à construção de um olhar crítico sobre os meios de comunicação e a cultura de massa.
Até o momento, a página no Instagram alcançou 481 mil seguidores e possui um alto nível de interação em sua comunidade. Sua fundadora comenta: “Justamente por isso nos chamamos ‘Mujeres que no fueron tapa’, queremos colocar sobre a mesa as vozes e as narrativas que, em geral, não circulam, para isso precisamos de um alto nível de intercâmbio com quem nos segue”.
Se você gostaria de apoiar o trabalho de “Mujeres que no fueron tapa”, acesse este link. Conheça todas as suas iniciativas em sua página web ou no Instagram.