Saúde que vem da floresta: Povo Yawanawá abre as portas da Aldeia 7 Estrelas para ensinar sobre plantas medicinais

Entre os dias 18 e 22 de setembro, a Vivência NI UITI insere os participantes na rotina da aldeia, além de ensinar sobre plantas medicinais

24.08.23

Os Yawanawás são conhecidos pela prática de um processo de cura muito intenso, onde são usadas diversas medicinas milenares da floresta, passadas de geração em geração e inclui a cura da parte física do corpo, espiritual e emocional.

Eles vivem num território, já demarcado há alguns anos, dentro da Floresta Amazônica. Esse território é composto por mais de 10 comunidades, onde todos são da mesma etnia, ou seja, da mesma família e cada uma dessas aldeias tem um Cacique ou uma Cacique responsável. Uma delas é a Aldeia Sete Estrelas.

Há algum tempo a comunidade decidiu abrir as portas para receber pessoas do Brasil e do exterior que queiram conhecer e saber como é a vivência numa aldeia, dentro da Floresta Amazônica. Nessas ocasiões os visitantes aprendem sobre ervas e plantas medicinais da floresta, aprendem a fazer seus próprios remédios e a desenvolverem seu próprio processo de cura.

A ideia é que isso seja disseminado, pois quanto mais pessoas conhecerem o que é a Amazônia, por mais tempo ela se manterá viva. Eles também fazem muito o chamado de Turismo de Base Comunitária, onde a preservação do espaço é mantida.

Essa prática permite que as pessoas conheçam e se sintam fazendo parte e assim acontece a preservação do espaço e dos povos originários porque, quem luta pela Amazônia tem que lutar pelos povos originários também porque eles são os guardiões e também ajudam a disseminar a cultura que são as medicinas, os cânticos, as pinturas, o artesanato e outros.

O sonho de Tio Luiz

A Aldeia Sete Estrelas foi criada pelo Cacique Nixiwaká Yawanawá, registrado na língua portuguesa como Tio Luiz, considerado um grande sábio da floresta e muita gente da aldeia e também pessoas do entorno buscava a cura através dele, do seu saber e da sua espiritualidade, que por sua vez eles recebeu do pai dele.

Tio Luis tinha dois grandes sonhos: receber cada vez mais pessoas para serem curadas e abrir o primeiro Centro de Medicina Indígena da Aldeia Sete Estrelas. Mas o Cacique veio a falecer em 2021, sem conseguir realizar seus sonhos, então o Cacique atual, Mew Yawanawá e Xinú Yawanawá, ambos filhos de Tio Luis, resolveram realizar esse sonho e o espaço já está sendo criado.

Vivência NI UITI: imersão na comunidade

Com a intenção de tornar a empreitada viável financeiramente, vão realizar a Vivência NI UITI – Coração da Floresta, que vai consistir em uma imersão dos participantes por cinco dias na Aldeia 7 Estrelas, no Acre, dentro da Floresta Amazônica.

Durante essa vivência as pessoas participantes poderão saber como é a vida diária da comunidade e poderão se sentir fazendo parte da mesma, através de atividades como o banho de lama, brincadeiras típicas, contação de histórias e também poderão conhecer as medicinas da floresta, enfim, é uma grande diversidade de ações que serão oferecidas.

O objetivo de criar o Centro de Medicina da aldeia 7 Estrelas é receber as pessoas para o processo de cura de questões emocionais, físicas e espirituais. Inclusive trabalham com medicinas que já foram cientificamente comprovadas que ajudam a combater a depressão e a ansiedade. Um outro objetivo é estudar as medicinas para saber sua propriedade e para que servem. O centro também vai fazer a biblioteca viva do que se tem na Amazônia.

Sharlene Melanie, uma cabocla descendente de povos indígenas e organizadora das vivências, é coordenadora de projeto da comunidade diz que, além da construção do Centro de Medicina, dependendo da quantia arrecadada na vivência NI UITI, a ideia é que outros projetos sejam beneficiados. O valor arrecadado vai não só para o Centro de Medicina, mas também vai ser usado como renda, pois toda a comunidade Yawanawá precisa, diz ela.

A Vivência NI UITI vai acontecer de 18 a 22 de setembro de 2023. E todos estão convidados. Parte dos valores arrecadados serão usados na construção do Centro de Medicina Indígena da Aldeia 7 Estrelas.