Associação Beneficente AMAR luta contra a pobreza econômica e vulnerabilidade social no Rio de Janeiro

Há 21 anos, a Associação Beneficente AMAR trabalha de forma incansável e amorosa, defendendo os direitos da criança e do adolescente em situação de pobreza econômica e vulnerabilidade social.  Trata-se de uma Instituição católica, fundada em julho de 2000, por um grupo de pessoas atuantes nas Arquidiocese do Rio de Janeiro e de Duque de Caxias- RJ.   São os fundadores da Associação AMAR:  Irmã Adma Cassab Fadel, Diácono Roberto José dos Santos, Diácono Sebastião Bernardino de Andrade e Sr. Mário Loureiro de Morais Filho.  

A Instituição AMAR começou auxiliando pessoas em situação de vulnerabilidade social e moradores de rua. Atualmente, as ações foram ampliadas para algumas comunidades, fortalecendo o diálogo com as Associações de Moradores locais. A AMAR nasceu para dar continuidade aos trabalhos e à vontade pessoal de seus fundadores em favorecer a igualdade e os direitos humanos.

Durante entrevista bastante descontraída e com muito carisma, Mauro Furlan, Coordenador do Setor de Captação de Recursos, e Irmã Adma Cassab Fadel, Vice-Presidente, falam sobre este importante trabalho no Rio de Janeiro. O Sr. Mauro Furlan revela que, atualmente, os grandes desafios para os projetos sociais são a captação de recursos e a manutenção dos mesmos. Ele considera essa prática como um desafio contínuo. 

Outro desafio é manter a atualização (de duas formas): estar sempre com toda a documentação em dia e atender às exigências dos financiadores que, por serem de outros países como Itália, Bélgica e Alemanha, tornam necessário que a instituição se adeque às exigências de cada um desses locais. Por fim, suprir as necessidades dos beneficiários diretos e funcionários também é desafiador. “Se não houver uma construção harmônica, a Instituição não se mantém, ela é um corpo vivo. É assim que a AMAR se mantém de pé há 21 anos, o que é uma vitória”, conta Mauro Furlan. 

Acompanhe a entrevista na íntegra:

Neuza Nascimento: Quais são os projetos da AMAR? 

Mauro Furlan: Hoje o Reforço Escolar, no contraturno da escola, é um dos principais projetos no Bairro do Grajaú e no Município de Duque de Caxias. Já em São Cristóvão, são realizados cursos profissionalizantes e abordagem a crianças em situação de rua. 

O Projeto” Meninas do Rio”, para meninas e jovens com dificuldades sociais, é realizado na Casa Dom Helder Câmara, no Grajaú, com reuniões semanais sobre os temas: empoderamento feminino, gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis, e as dificuldades da mulher negra. 

O Projeto Casa de Acolhida Frei Carmelo Cox, localizado em Vila Isabel-RJ, abriga 20 meninos – na faixa etária de 7 a 15 anos – que foram abandonados por suas famílias, sob a orientação do Juizado de Menores.  

O Projeto de Apadrinhamento à distância atende crianças de diversos bairros do Rio de Janeiro e Duque de Caxias que vivem em situação de extrema pobreza. As mesmas são beneficiadas com apoio financeiro e afetivo, através de padrinhos ligados à Instituição Italiana MACONDO.       

Neuza Nascimento: Qual a faixa etária dos beneficiários?

Mauro Furlan:  Por conhecimento da real situação de crianças e adolescentes entre 7 a 14 anos do Reforço Escolar, a Associação AMAR trabalha há 20 anos para evitar a evasão da escola, que normalmente acontece na faixa etária de 10 a 12 anos. O atendimento é estendido também às famílias dos mais de 280 beneficiários. O abrigo atende jovens de 7 a 14 anos, que são as idades mais vulneráveis encontradas no abandono nas ruas. O atendimento para 14 a 23 anos é mais voltado para a formação profissional. 

Mauro Furlan continua dizendo que o processo de entrada das crianças e adolescentes de comunidades acontece através de diálogos com as Associações de Moradores locais ou quando são encaminhados pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). Chegam também através de divulgação nas redes sociais ou pela própria demanda espontânea. Além disso, os beneficiários que já conhecem e participam, também chamam outros. E, no caso do abrigo, chegam encaminhados com ordem de um juiz. Na demanda espontânea, é realizada uma entrevista (que conta com a presença de um responsável, dependendo da idade).

Neuza Nascimento: Por quanto tempo as crianças encaminhadas por um juiz permanecem no projeto?

Mauro Furlan: Elas ficam sob a responsabilidade da Instituição até encontrarem um parente mais próximo, uma família substituta ou voltarem para a família de origem. 

A AMAR está sempre em busca de parcerias e, além dos projetos sustentados por financiadores estrangeiros, recebe doações de pessoas físicas e jurídicas brasileiras.  A equipe é formada por 40 funcionários remunerados, divididos entre quatro Núcleos, com sociólogos, coordenadores pedagógicos, assistentes sociais, educadores e administradores.  

Neuza Nascimento: Como foi o atendimento durante o auge da pandemia do novo coronavírus (COVID-19)? 

Mauro Furlan: Em março de 2020, mantivemos o acolhimento integral, a entrega das Cestas Básicas e a administração. Em setembro do mesmo ano, iniciamos o atendimento presencial com pequenos grupos. Foi necessário voltar porque as crianças ficaram abandonadas, já que as escolas estavam fechadas. A entrada de recursos diminuiu bastante, mas não houve demissões.  

Um pouco sobre a Irmã Adma 

A Irmã Adma Cassab Fadel é muito carismática, cheia de vitalidade e alegria. Participou do processo de criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), principal marco legal e regulatório dos direitos das crianças e dos adolescentes no Brasil. Em 2016, foi homenageada como Cidadã Benemérita com a Medalha Pedro Ernesto, pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Hoje em dia, atua como vice-presidente da Associação AMAR, além de ter sido uma de suas fundadoras. Defensora do Direito da Criança e do Adolescente, a Irmã Adma Cassab Fadel também protege os direitos da mulheres. 

Confira a seguir uma entrevista sobre a criação da AMAR:

“Cada um de nós, fundadores, já trabalhávamos com crianças em situação de rua por conta própria. Eu sou religiosa da Congregação Salesiana Dom Bosco, criada para acolher jovens em situação de risco e extrema pobreza, proporcionando embasamento de educação, conhecimentos, instrução e encaminhamento para a vida.”, conta a Irmã.

“Certo dia, encontrei o professor Roberto José dos Santos, que trabalhava no Departamento Geral de Ações Socioeducativas (DEGASE) do Rio de Janeiro e estava procurando alguém para auxiliar em uma iniciativa com crianças em situação de rua. Durante a conversa, já começaram a surgir ideias. Porém, sem apoio, atingir nossos objetivos era muito difícil. Começamos, então, a nos reunir com outras pessoas que já realizavam esse trabalho de acolhimento e de proteção aos menos favorecidos. Foi quando conhecemos o Frei holandês Carmelo Cox.”

A Irmã Adma explica que ele ficou muito incomodado ao ver crianças em situação de rua em torno da Sala Cecília Meireles, na Lapa. “E, por ser estrangeiro, com idade avançada e com outras ocupações, não sabia como se posicionar diante da situação. Quando conversamos com ele, comentamos sobre nosso trabalho, o que combinou exatamente com o que ele precisava.” continua. “Ele disse que estava angustiado com as crianças sendo abandonadas. Também contou que não sabia não como se aproximar delas, mas que poderia financiar um trabalho que as ajudasse. Foi uma união muito boa, porque ele tinha o poder de financiar e nós tínhamos a capacidade de interagir. Em toda a minha vida vocacional, esse foi o encontro mais feliz que tive.” 

Irmã Adma prossegue afirmando que: “O maior desafio foi me deparar com pessoas que não compreendiam o trabalho, não conheciam a realidade daquelas crianças e as maltratavam por isso. E também nos tratavam mal. Notei como elas se sentiam incomodadas com a presença das crianças, sem perceber que os jovens não tinham culpa de estar naquela situação. Eram simplesmente abandonados pela família, pela escola, pelo governo. Fazer as pessoas entenderem essa realidade realmente foi nosso maior desafio.”

Neuza Nascimento: O que significa vitória para a senhora?

Irmã Adma: Vitória, para mim, é a realização. É o sucesso da vida dos meninos que passaram por aqui. O êxito de cada um deles, isso é vitória. Tenho que viver o resto da minha vida de joelhos, agradecendo ao Senhor por ter a oportunidade de presenciar isso. Todos os jovens que eu reencontro estão em situação de dignidade. Moro numa casa com outras irmãs idosas e, outro dia, uma equipe de saúde foi até lá para nos vacinar. Um jovem senhor, membro dessa equipe, veio ao meu encontro, me chamando pelo meu nome. Levei um susto e perguntei quem era ele. Ele respondeu contando que ele era um dos meninos acolhidos por mim no passado. Eu fiquei tão feliz. Foi um momento muito especial! Na verdade, isso não é raro, já tive muitos encontros assim, mas esse foi o mais recente. 

A sede própria da AMAR está localizada na Rua Visconde de Santa Isabel, no Grajaú, Rio de Janeiro. A AMAR tem quatro núcleos: Casa Dom Helder Câmara, localizada no Grajaú; Centro Sócio Educativo, em São Cristóvão; Casa São Mathias, em Duque de Caxias e a Casa de Acolhida Frei Carmelo Cox, em Vila Isabel.

Como apoiar a AMAR

Você pode fazer uma adesão e ser um sócio contribuinte através do site www.associacaoamar.org.br, realizar doações na Campanha hospedada na página da Benfeitoria, ou pode ser fazer isso diretamente em uma das sedes da AMAR. São aceitos alimentos, roupas, calçados e materiais de higiene e limpeza. Também buscam voluntários que queiram organizar festinhas e eventos para as crianças que estão em acolhimento. A instituição está aberta a toda e qualquer ajuda. 

Para se tornar um voluntário, é possível agendar uma entrevista através dos números de telefones (21) 2258-7890, (21) 2258-7898, (21) 97603-2081 (também WhatsApp) ou contato através do e-mail contato@associacaoamar.org.br.

Todos estão convidados para conhecer a Associação AMAR e ver de perto um trabalho realizado em prol das crianças e jovens com amor e respeito, em qualquer um de seus Núcleos. 

A sede principal está localizada na Rua Visconde de Santa Isabel, 480, Vila Isabel, Rio de Janeiro, onde também é possível conversar com a Diretoria e conhecer toda a extensão desse trabalho. Além disso, encontramos a Associação AMAR no Instagram e no Facebook.