Projeto Plantar promove conscientização sobre meio ambiente

Iniciativa capta recursos de empresas que desejam reduzir emissão de gases e promove reflorestamento gratuito a produtores rurais de agricultura familiar

18.08.21

Crédito das Fotos: Divulgação

Por: Renato Silva / Lupa do Bem — Favela em Pauta

Não é de hoje que os olhos do mundo estão focados na situação climática do planeta e, em biomas do Brasil, a situação não é diferente. Seja na norte-americana Cúpula de Líderes Sobre o Clima, ou na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP-26: o desmatamento, entre outros temas que afetam o meio ambiente e o clima, movimentam economias inteiras, além de diversas áreas públicas e privadas de países como o Brasil.

Segundo o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, produzido pela Mapbiomas, no ano de 2020 houve um aumento de 30% no número de alertas de desmatamentos identificados, validados e refinados em relação a 2019. O relatório também apontou um crescimento de 14% na área desmatada também em relação ao último ano.

Diante deste cenário, tanto governos, quanto grandes empresas estão se mobilizando pelo mundo para reduzir danos ao meio-ambiente. No Brasil, surgem iniciativas por parte da sociedade civil, que têm no futuro a razão dos atos de hoje, como é o caso do Projeto Plantar, organização que realiza plantio de mudas nativas em áreas de degradação ambiental.

Fundada em 2018, no Dia Mundial do Meio Ambiente, a iniciativa promove, com o reflorestamento, o plantio de um futuro mais verde e da semente do exemplo. Isso ocorre através de campanhas como a “Empresa Amiga da Natureza”, ou em eventos e ações realizadas por empresas com foco em meio ambiente.

Financiamento ampliou possibilidades de ação

O fundador do Projeto Plantar, André Xavier, conta que a ideia inicial era promover através da adoção de mudas, como uma forma de inclusão para que pessoas com deficiências físicas ou impedidas por limitações relacionadas à idade pudessem plantar uma árvore. No entanto, após 2019, o financiamento vindo de empresas ampliou a visão para outras possibilidades.

A gente começou com o selo ‘empresa amiga da natureza’ e hoje, 95% do plantio que a gente faz é fomentado por empresas privadas. Os outros 5% são feitos por meio de adoções no próprio site”, conta André. 

Ele também afirma que esse financiamento possibilitou mais uma atuação, gratuita e voltada à agricultura familiar. “A gente trabalha com reflorestamento gratuito para produtor rural de agricultura familiar, desde que seja um reflorestamento voluntário. Que não tenha tido nenhum tipo de autuação, notificação ambiental”, conclui. 

Outra parceria emblemática do Projeto Plantar é com o Hospital Nossa Senhora do Brasil, com o nome de “Certidão Verde”.  A partir dessa união, cada criança nascida nos municípios de Bambuí, Medeiros e Tapiraí tem uma árvore plantada em seu nome, e a família ganha um certificado com nome da criança, o título de “amiga da natureza” e estimativa de toneladas de carbono que aquela árvore irá retirar da nossa atmosfera.

Para Alexandre Henrique Pires, integrante da Coordenação Executiva da Articulação no Semiárido Brasileiro e coordenador do Centro Sabiá, é necessário lembrar a responsabilidade do poder público sobre a recuperação e tratamento das áreas degradadas pelo agronegócio e grandes empresas, mas ressalta a importância e a validade das iniciativas da sociedade civil que reduzem os danos causados por estas ações. “Elas são extremamente válidas [iniciativas como o Projeto Plantar]. Eu diria que a gente precisa estimular que isso aconteça mais, porque o setor empresarial no Brasil é extremamente conservador: quer apenas lucrar, e não quer construir possibilidades de redução do seu lucro para se garantir um processo de produção mais sustentável”, afirma.

Plantar os frutos para um meio ambiente melhor no futuro

A aposta para viabilizar grande parte das atividades do projeto é a campanha Empresa Amiga da Natureza. Nela, a empresa, que adere à campanha, financia lotes de 100 ou 1.000 árvores nativas, equivalentes ao sequestro de 19 ou 190 toneladas de carbono da atmosfera em até 20 anos. 

A parceria é associada a um selo que a empresa pode usar nas redes, site e embalagens ou etiquetas de produtos. “Nosso objetivo é zerar o CO₂ emitido por cada empresa parceira, através de cálculos de pegada ecológica para cada segmento”, afirma a assessoria do projeto.

Além de plantar, o projeto prevê diversas outras etapas para garantir árvores saudáveis.

Para a empresa que adere à campanha, existe um meio de acompanhar pelo site as etapas do processo, desde a germinação até o pós-plantio. O acompanhamento pode ser feito pelos próprios colaboradores ou até mesmo em campanhas promocionais para clientes. São quatro etapas desde a germinação da semente, produção de mudas, plantio — com coordenadas geográficas e link para acompanhamento via Google Maps — e acompanhamento pós plantio.

Para André Xavier, esse acompanhamento precisa ser feito bem de perto, para fazer do plantio apenas um primeiro passo para longas histórias. “Se plantar um lote de cem mudas nativas e não acompanhar, mesmo em ambiente favorável, praticamente 10% dessas mudas vão sobreviver. Então, plantar é só a primeira etapa, o acompanhamento é feito de forma individual nos três primeiros anos. Com combate à formiga, adubação, se a muda morrer a gente planta de novo, é o acompanhamento próximo que faz”.

Ao pensar no futuro, o fundador do projeto almeja cobrir o circuito da Serra da Canastra com milhares de novas árvores nativas. “Nosso objetivo é plantar um milhão de mudas em até dez anos, e ter uma representação em cada um dos 14 municípios [do circuito da Serra da Canastra]. Hoje a gente tem atividade em 8 desses 14 municípios, e temos uma representação em quatro deles”, afirma André Xavier, que sonha multiplicar a atuação do Projeto Plantar pelo país assim que atingir a primeira grande meta.

Serviço:

Projeto Plantar
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Autor: Redação - Lupa do Bem
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