Territórios sustentáveis: transformação social através do bem viver

Territórios sustentáveis contribuem para a manutenção de culturas e tradições dos povos caiçaras, indígenas e quilombolas dessa região. 

22.09.21

Crédito: Divulgação

Por: Renato Silva / Lupa do Bem – Favela em Pauta

O OTSS é uma parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba (FCT). A organização contribui para a manutenção de culturas e tradições, de maneira integrada, com povos caiçaras, indígenas e quilombolas dessa região. 

O observatório se autodetermina como um espaço tecno-político de geração de conhecimento crítico – que parte do diálogo entre o saber tradicional e científico – para o desenvolvimento de estratégias que promovam sustentabilidade, saúde e direitos para o bem viver das comunidades tradicionais em seus territórios.

A atuação do órgão tem foco nas áreas de justiça socioambiental, fortalecimento e qualificação do Fórum de Comunidades Tradicionais, defesa do território, cartografia social, saneamento ecológico, educação diferenciada, incubadora de tecnologias sociais e agroecologia e turismo de base comunitária.

Parte importante na viabilização deste trabalho, a Fiocruz exerce o papel de potencializador dessa integração de saberes e visa contribuir para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população brasileira, à redução das desigualdades sociais e à dinâmica nacional de inovação, é o que garante a presidenta da fundação, Nísia Trindade Lima.

Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina

“O Programa de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina é particularmente importante neste momento em que a Fiocruz completa 120 anos. Ele reforça o papel da geração de conhecimento em diálogo com os movimentos sociais em torno de projetos de desenvolvimento sustentável e a possibilidade de que essas soluções e inovações, construídas conjuntamente, possam ser integradas ao sistema de saúde e às políticas sociais. Isso é o que a experiência da Bocaina nos inspira”, comenta a presidente.

A organização de grande importância para o observatório é o Fórum de Comunidades Tradicioinais (FCT), responsável pela articulação de povos e comunidades tradicionais na região da Bocaina. O FCT é um movimento social que integra comunidades indígenas, caiçaras e quilombolas de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba para a luta conjunta em defesa de seus direitos e territórios tradicionais. 

Fundado em 2007, atua nas áreas de agroecologia, saneamento ecológico, educação diferenciada, pesca artesanal, turismo de base comunitária, cartografia social e justiça socioambiental a partir da liderança e protagonismo das próprias comunidades.

Vagner do Nascimento, Coordenador Geral do OTSS e Coordenador do Fórum de Comunidades Tradicionais, fala sobre a importância de trabalhar as diferenças em prol do desenvolvimento do território e das comunidades tradicionais. “Somos do movimento social, de comunidades tradicionais, que tem seus princípios e formas de se organizar, de se auto identificar e lutar por seus direitos. E a Fiocruz é uma instituição pública que trabalha focada na saúde e na pesquisa científica. Então temos diferenças, e nosso desafio é trabalhar essas diferenças e avançar naquilo que nos une, que é a busca de soluções tecnológicas para o desenvolvimento sustentável e que possibilitem a permanência das comunidades tradicionais em seus territórios”, relata.

Territórios Sustentáveis: Construção conjunta na prática

Territórios Sustentáveis

A atuação da organização é construída de maneira coletiva. Como mencionado, a coordenação geral é realizada tanto pela Fiocruz, quanto pelo FCT. No colegiado de coordenação, os assentos são ocupados também por indígenas, caiçaras e quilombolas.

Além disso, ao longo do tempo, as ações e projetos do observatório contaram com a coletividade outras maneiras, através da soma de esforços de outras entidades, a saber: CONAQ, Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas; Coordenação Nacional de Comunidades Tradicionais Caiçaras; Comissão Guarani Yvyrupa; UFRJ; UFF; Ministério Público Federal; entre outras instituições de ensino nacionais e internacionais, e também entes públicos do campo do direito.

Ivanildes Pereira, liderança da aldeia Guarani Mbya Rio Bonito, Pesquisadora do OTSS e integrante do FCT, considera importante o trabalho do observatório por desenvolver o conhecimento entre as comunidades e também com as universidades. “Assim, podemos ter mais força na luta dos saberes e mais reconhecimento, porque o trabalho envolve a comunidade, quem estará futuramente desenvolvendo o trabalho vão ser os jovens das próprias comunidades e o pessoal que vem de fora tem um olhar diferenciado em relação aos povos tradicionais e à nossa cultura”, conclui.

No vídeo institucional recém-produzido pela instituição, é possível, além de ver um pouco mais da atuação, conhecer diversos relatos de profissionais e atores importantes das comunidades tradicionais sobre o observatório.

Autor: Redação - Lupa do Bem
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