Cajueira: conheça a curadoria de jornalismo independente do nordeste

A proposta da Cajueira é buscar mais visibilidade para as produções que o jornalismo independente nordestino tem realizado

16.03.22

Crédito: Divulgação

Por: Eduarda Nunes – Favela em Pauta / Lupa do Bem

Visando combater os estereótipos atribuídos ao nordeste, bem como reforçar que o que acontece na região também é pauta nacional, mulheres jornalistas de Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte criaram a Cajueira, um boletim (newsletter) quinzenal que propõe dar mais visibilidade às produções que o jornalismo independente nordestino tem realizado.

De um lado, o sertão, a seca, fome, pobreza, a necessidade de ajuda constante – do outro, as praias paradisíacas do nordeste, o carnaval e o verão. Essa é uma região que, mesmo com diferenças e semelhanças culturais entre os nove estados que a compõem, possui um imaginário ainda fixo de lugar sofrido ou exótico.

Além disso, o costume de enquadrar o que acontece no nordeste como regional, enquanto acontecimentos locais de cidades do sudeste pautam grandes coberturas nacionais, é um incômodo para jornalistas como Mariama Correia, pernambucana que idealizou a Cajueira.

Fundada durante a pandemia, em novembro de 2020, essa newsletter tem esse nome em referência direta ao pé de caju. 

‘’O crescimento ramado do cajueiro, em várias direções, une as copas das árvores nas plantações de caju como se elas tivessem um tronco comum, transmitindo uma ideia de união e acolhimento numa grande sombra’’, comenta Nayara Felizardo, jornalista cearense e uma das curadoras que hoje dão continuidade à iniciativa. 

‘’O caju e a castanha têm formatos, cores, aromas e sabores distintos. Uma boa metáfora sobre as  iniciativas jornalísticas independentes que queremos apresentar neste boletim’’, complementa.

Gratuita, online e independente

Distribuída digital e gratuitamente, a curadoria de jornalismo independente tem quase 1800 inscritos e uma campanha de assinatura para expandir ainda mais os formatos de entrega.

Cajueira

Joana Suarez é uma das jornalistas-curadoras da Cajueira que também compartilha do incômodo de observar as produções do jornalismo nordestino serem invisibilizadas em detrimento do reforço de estereótipos sobre a região. 

Como se do Maranhão à Bahia não tivesse muito o que falar além da pobreza, dos assuntos folclóricos e dos atrativos turísticos. Com a Cajueira, “a gente prova exatamente o contrário”, afirma a pernambucana. 

“É uma newsletter quinzenal que nós sempre temos que escolher pautas para colocar na curadoria, porque tem muita coisa sendo feita, produzida com qualidade, [de forma] diversa e plural em todos os nove estados”.

Cajueira
Jayanne Rodrigues (Ceará)

Além de Joana e Nayara, Mariana Ceci (Rio Grande do Norte) e Jayanne Rodrigues (Ceará) também formam a equipe que há pouco mais de um ano já lançou cerca de 40 edições do boletim. A ideia do projeto surgiu através da Redação Virtual, uma oficina de formação para jornalistas independentes, idealizada e ministrada por Joana Suarez.

“Esse caminho de que tudo termina em São Paulo é um caminho que temos que brigar contra. Não pode mais ser assim, já passou da hora. É feio você não ter representatividade regional, sabe?”, indaga Joana Suarez.

Como apoiar e acompanhar a Cajueira 

É possível acompanhar pelas redes sociais e se inscrever para receber quinzenalmente a newsletter Cajueira. O projeto também tem recebido incentivos e fundos pela plataforma “APOIA.se”.

Autor: Redação - Lupa do Bem
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