Com dados próprios e linguagem inclusiva, Deb foi desenvolvida por especialistas negros e indígenas para promover letramento racial nas instituições
No ambiente corporativo, é comum surgirem dúvidas sobre como conduzir conversas e práticas relacionadas à diversidade racial: da escolha de palavras durante uma apresentação à elaboração de comunicados institucionais, definição de políticas internas e até mesmo na condução de conversas após episódios de discriminação.
Foi para ajudar empresas, escolas e instituições esportivas a lidarem com esses desafios que o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) desenvolveu a Deb, a primeira inteligência artificial brasileira voltada à promoção da igualdade e da inclusão através do esclarecimento de dúvidas e conceitos raciais.
Além de esclarecer questões como “Posso usar o termo mulato?” ou “Como funciona o racismo estrutural?”, a Deb também apoia organizações na elaboração de políticas de diversidade, no desenvolvimento de treinamentos e na promoção de uma cultura antirracista. A ideia é que ela seja uma aliada para responder a perguntas sem julgamentos, 24 horas por dia.
“Muitas vezes, as pessoas querem se informar mas não sabem exatamente onde buscar essa informação. Ou mesmo têm receio de errar. A Deb foi pensada para ser um canal seguro de aprendizado, acolhendo essas dúvidas e as transformando em letramento”, explica Luana Genot, diretora executiva do ID_BR.
Diferente de assistentes virtuais tradicionais, a solução do ID_BR não utiliza uma base de conhecimento genérica. Ela foi treinada com dados construídos por especialistas negros e indígenas do Instituto, que alimentaram a plataforma com informações sobre história, cultura, legislação e práticas de diversidade, equidade e inclusão. Isso garante que as respostas sejam precisas, contextualizadas e seguras.
Campanhas e indicadores de diversidade
Com a possibilidade de integração a plataformas como WhatsApp, Slack, Teams e Google Classroom, ela ainda é capaz de desenvolver relatórios, acompanhar indicadores de diversidade, monitorar palavras-chave e fazer análises sobre o progresso das ações internas, tudo em conformidade com a Lei Geral da Proteção de Dados (LGPD).
A Deb já está em operação no Sabará Hospital Infantil, referência em pediatria em São Paulo, onde funciona como assistente disponível 24 horas por dia para atender mais de mil colaboradores. Também faz parte da campanha “Respeito Sim”, atuando em centros de treinamento, vestiários, estádios e até banheiros de arenas esportivas como um canal educativo e de apoio, oferecendo orientação e acolhimento tanto para atletas quanto para torcedores.
Já no setor educacional, ela é protagonista do programa “Escolas Sim”, em parceria com as Secretarias de Educação do Rio de Janeiro, Ceará, Pará e Rio Grande do Sul. A iniciativa oferece letramento racial e digital para educadores da rede pública, com o objetivo de impactar positivamente tanto professores quanto alunos.
Desde seu lançamento, em maio de 2024, a Deb já soma mais de 58,9 mil mensagens trocadas, tem 17,4 mil seguidores nas redes sociais e contabiliza 4,6 mil conversas individuais.
Uma resposta à desigualdade
O desenvolvimento da Deb também carrega uma dimensão histórica. O ID_BR costuma explicar que, se a história do Brasil fosse contada como um filme de cinco dias, quatro deles seriam de escravidão. Esse dado ajuda a entender por que ainda hoje é tão raro ver pessoas negras ocupando cargos de liderança, apesar de serem maioria da população brasileira.
Essa desigualdade não é só um problema social, mas também econômico. Segundo uma estimativa do Banco Mundial, a exclusão de mulheres e de pessoas de grupos racializados da força de trabalho gera uma perda de mais de 160 trilhões de dólares na economia global.
Por isso, as metas para a Deb são ambiciosas. Até 2026, o Instituto Identidades do Brasil quer impactar 100 mil educadores da rede pública, beneficiando cerca de 2 milhões de estudantes.
“Nosso objetivo é que a Deb se torne um marco na luta contra o racismo no Brasil, assim como o Zé Gotinha foi para a vacinação. Neste caso, é para imunizar a sociedade contra a desinformação e o preconceito. Queremos que ela seja lembrada como a ferramenta que ajudou a criar uma geração mais consciente, mais informada e, sobretudo, mais justa”, resume Luana.
Quer apoiar essa causa?
Empresas, escolas e organizações interessadas em contar com a DEB como aliada na construção de ambientes mais diversos e inclusivos podem acessar o perfil @chamaadeb nas redes sociais. Também é possível apoiar os programas “Escolas Sim” e “Respeito Sim”, contribuindo para levar letramento racial e digital a mais pessoas em todo o Brasil.