FIMRC Costa Rica transforma o acesso a serviços de saúde em comunidades vulneráveis

Por Flor Monestel

“Quando começamos o projeto de atendimento médico, tivemos casos de crianças com parasitas em seus genitais, devido à falta de higiene e à desnutrição severa”, descreve de forma impactante Dayan Alvarado, gerente de operações da FIMRC Costa Rica, sobre o início dos trabalhos nos bairros mais vulneráveis de Alajuelita, no sul da capital costa-riquenha.

Com impacto direto em uma população de 11.000 habitantes, a FIMRC Costa Rica tem como objetivo melhorar a qualidade de vida das pessoas de baixa renda e até mesmo em extrema pobreza; mensalmente, cerca de 350 pacientes, nacionais e estrangeiros, são atendidos de segunda a sexta-feira, sem a necessidade de seguro de saúde.

“Hoje, testemunhamos como um processo de educação em saúde pode transformar o cuidado e o bem-estar das pessoas, tornando-se uma cultura coletiva em que uns se preocupam com os outros. Crescemos junto com as comunidades e aprendemos sobre seu estilo de vida e condições socioeconômicas, por isso é gratificante saber que nossa contribuição vai além de uma simples consulta médica”, comenta Alvarado.

De acordo com projeções demográficas do Instituto Nacional de Estatística e Censo (INEC) para 2024, Alajuelita tem 99.629 habitantes e é um dos cantões mais populosos do país. Zonas como El Jazmín, La Morocha, Monte Alto, e outras 11 áreas vulneráveis fazem parte da rede FIMRC Costa Rica.

Financiamento para acesso gratuito

A única fonte de renda da organização é seu programa de voluntariado, no qual estudantes de Ciências da Saúde dos Estados Unidos realizam um estágio presencial de uma semana na Costa Rica.

Esse programa oferece um valor agregado ao estudante, proporcionando uma visão global de como funcionam os sistemas hospitalares em outros países, o comportamento geral de uma sociedade e o contexto local, aumentando a conscientização sobre seu trabalho como futuros médicos.

No entanto, a pandemia teve um impacto negativo devido à redução do número de estudantes, o que resultou em uma diminuição significativa nas finanças. Com essa queda, as consultas psicológicas foram reduzidas para uma vez por semana; a compra de medicamentos agora está focada nas doenças mais comuns, como colesterol, diabetes, asma, e em vírus sazonais, como gripe ou gastrointestinais; e o pagamento de serviços públicos, aluguel e salários, às vezes, torna-se um desafio financeiro.

Para Alvarado, a chave do sucesso durante os 20 anos de atuação “está na qualidade dos serviços que prestamos, apesar da escassez de recursos. Vemos a pessoa e não o paciente, entendendo o que está por trás de sua situação e qual é a melhor forma de ajudá-la, dentro das nossas condições.”

Trabalho colaborativo para uma abordagem integral

A FIMRC Costa Rica conta com 5 colaboradores: 1 gerente de operações, 1 médico general, 1 psicólogo, 1 encarregado de estadias estudantis e 1 responsável pela manutenção e limpeza. A organização está estrategicamente localizada no distrito de San Felipe de Alajuelita, um ponto intermediário para conectar com as diferentes comunidades.

Apesar dos desafios que enfrentam para alcançar a máxima cobertura, conseguiram estabelecer diversas atividades, das quais quatro principais se destacam:

1. Programa de voluntariado: a organização tem convênios com várias universidades dos Estados Unidos, pelos quais os estudantes de Ciências da Saúde pagam para fazer parte da FIMRC Costa Rica por uma semana presencialmente, ganhando créditos completos em disciplinas como Saúde Comunitária ou outras relacionadas.

A taxa de matrícula no programa é muito menor do que o valor que os estudantes pagariam em seu país para cursar a matéria. A taxa inclui transporte, alimentação e hospedagem, tornando a rentabilidade limitada.

Durante a estadia, os participantes acompanham as consultas médicas com o Dr. Andrés Jiménez, médico general, e a Dra. Lilly Pochet, psicóloga, realizando tarefas médicas básicas como aferição de sinais vitais. Além disso, eles colaboram em outras atividades organizadas, de acordo com suas capacidades e o foco do programa. Vale ressaltar que eles contribuem de forma voluntária.

2. Medicina básica primária: sob a responsabilidade do Dr. Jiménez e auxiliada pelos voluntários. Os pacientes são atendidos em consultas médicas básicas e de acompanhamento de suas diversas condições; se necessário, são encaminhados aos centros da rede hospitalar nacional.

Além dos estrangeiros, há espaço para estudantes nacionais que precisam realizar seu Trabalho Comunitário Universitário (TCU), principalmente com menores de idade.

Os medicamentos são obtidos por meio de doações de farmácias de Alajuelita, de estudantes, da sociedade em geral e de compras próprias. Todos são originais, vendidos livremente no mercado e em condições adequadas.

3. Clínicas móveis: são realizadas periodicamente e durante uma semana. O foco está nas comunidades de Alajuelita, mas também foram organizadas viagens para as províncias de Limón e Puntarenas.

Estudantes estrangeiros e nacionais ajudam nessas clínicas. Dados da própria organização indicam que cerca de 100 pessoas são atendidas durante essas semanas, totalizando cerca de 2.000 pacientes por ano.

4. Educação para o bem-estar: foca-se na construção de conhecimento sobre doenças, tratamentos médicos, medicamentos, cuidados básicos, processos psicológicos e saúde reprodutiva. Os programas são voltados para grupos como pessoas com Síndrome de Down, mulheres vítimas de diversos tipos de violência, pessoas com deficiência e a sociedade em geral.

A FIMRC Costa Rica surgiu no país graças ao Dr. Vikram D. Bakhru, de origem indiana e estudante de medicina nos Estados Unidos na época. Durante uma visita ao país, ele conheceu o trabalho das ONGs, as carências e oportunidades na área da saúde. Com a criação da organização, reuniu um pequeno grupo de colaboradores, composto por um médico general e um gerente de operações, que iniciaram o projeto.

Se estiver interessado, entre em contato pelos seguintes canais:

• Facebook: FIMRC Costa Rica
• E-mail: operations.cr@fimrc.org
• Telefone: +506 8353 5641