Horizontes: preparando alunos para novos caminhos

Pesquisa da professora Kátia Machinez impactou positivamente a vida de mais de 700 alunos da rede pública de ensino no Rio de Janeiro. Dezenas puderam estudar em universidades públicas e alguns ex-alunos seguiram carreira nas forças armadas

19.07.21

Entendendo a boa ideia:

O Horizontes se propõe a dar orientação, suplementação acadêmica e preparar os alunos beneficiários, dentro da própria escola pública, para que possam ter melhores oportunidades em concursos públicos de acesso ao ensino médio, a bolsas de estudos e participação em olimpíadas escolares.

Atividades Oferecidas

  • Palestras para os pais sobre as oportunidades acadêmicas que os alunos possuem no Ensino Fundamental II que são: Olimpíadas Escolares, Bolsas de Estudos em projetos sociais e concursos para o Ensino Médio e Superior;
  • Palestras para os alunos sobre essas oportunidades;
  • Aulas de Suplementação Pedagógica de Matemática
  • Coordenação e inscrição em Olimpíadas Escolares;
  • Orientação dos alunos durante inscrições em concursos de acesso ao Ensino Médio.

Em resumo, o Horizontes motiva, prepara e orienta os alunos beneficiários para prestar concursos e ingressar em instituições de ensino estaduais e federais, seja para acesso ao Ensino Médio e continuidade no Nível Superior. Esse suporte acontece durante os anos finais do ensino fundamental.

Como começou?

O projeto Horizontes, em ação desde 2001, foi criado pela professora de matemática Kátia Machinez da Cunha alguns meses após ingressar na Escola Municipal Presidente Médici, em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ainda em 2020, o projeto saiu de Bangu e se instalou no bairro da Urca, na Escola Municipal Estácio de Sá. Os alunos da comunidade de Bangu seguem beneficiados pelo programa.

Número de beneficiários do projeto 

Média de 700 alunos, desde sua criação.

Faixa etária:

Crianças do Ensino Fundamental II, de 11 a 16 anos.

Quais mudanças surgiram?

Os resultados foram tantos e tão positivos que a professora se sentiu movida a estudar Neurociência Aplicada à Aprendizagem para entender qual o processo cerebral e quais as mudanças que a metodologia aplicada por ela causava nos alunos participantes.

As perguntas de Katia eram: porque as crianças melhoraram com suas aulas de Suplementação? Como se deu essa transformação? Por que as crianças que entravam no projeto começavam a ter metas, aprendiam a aprender e passavam a acreditar na própria capacidade? Como essas crianças conseguiam competir com os alunos de escolas particulares e sair vencedoras? Estudando Neurociência ela descobriu que a resposta para todas as perguntas acima era uma só: motivação.

Ela percebeu que a crença do “não posso, não consigo” é muito forte no imaginário dos alunos de baixa renda em geral. Esses alunos não são incentivados ou motivados a irem além do Ensino Fundamental e realmente acreditam que não podem ter sucesso nesses desafios. Katia questionava as turmas: “Vocês vão fazer prova para algum concurso?”. Os alunos respondiam que não. “Porque não?”, replicava.  A resposta era que não conseguiriam ter sucesso por estudarem em Escola Pública. A professora vira o jogo dizendo: “Conseguem sim, pois vocês têm tempo para estudar, basta querer e se dedicar aos estudos, pois todos são capazes e inteligentes.

Atividades remotas seguiram durante a pandemia 

O projeto não parou durante a Pandemia. Pelo contrário, o número de pessoas participando aumentou. Hoje, as atividades são realizadas online e o Horizontes está funcionando na Escola Municipal Estácio de Sá e na Escola Estadual de Ensino Fundamental República-FAETEC, e continua beneficiando todos os alunos da Escola Municipal Presidente Médici, onde o projeto foi criado.

Kátia Machinez tem um sonho: ver seu projeto replicado em toda a Rede Pública de Ensino por outros professores. Ela pretende usar o projeto em seu Doutorado para que ele se torne uma metodologia de ensino. Um de seus objetivos é levar para a rede e disponibilizar na internet, através de um site estruturado, todo o conteúdo que é passado a seus alunos dentro do projeto na escola para que todos tenham acesso. Também pretende publicar vídeos e entrevistas com ex-alunos contando suas histórias de vida e passagem pelo projeto, bate-papo entre ex e atuais alunos, depoimentos e outras informações com o objetivo de inspirar todos que queiram trilhar o mesmo caminho acadêmico.

projeto Horizontes
Foto: Reprodução

Depoimentos de dois ex-alunos do projeto

“O projeto Abrindo Horizontes mudou bastante a minha forma de pensar principalmente porque no início eu era meio novo, tinha 13, 14 anos, não tinha muita noção do que eu poderia fazer com o meu potencial, com o meu futuro, do que estaria por vir, eu não tinha ideia do que eu ia fazer na vida. Foi então que a professora Katia me sugeriu fazer a prova do Colibri. Depois de passar na prova consegui mudar muito minha perspectiva de vida, me formei pela EPCAr – Escola Preparatória de Cadetes do Ar, que foi um dos objetivos da prova. Mas da minha família eu não fui o único beneficiado, minha irmã também participou do projeto, fez prova para FAETEC, passou e hoje é formada em Contabilidade. Terminando, a boa vontade e exemplos da professora Katia já provoca muitas mudanças. É importante os bons exemplos mostrando que a vida não é uma questão de lutar pelo seu sucesso, e sim lutar também pelo sucesso dos outros. E ela faz isso.

Ricardo Augusto, 22 anos, cursando o 2° ano da AFA – Academia de Força Aérea.  

“O projeto Abrindo Horizontes foi uma benção e uma surpresa maravilhosa pra mim e minha família: meu irmão também foi beneficiário. A professora Katia fez um grande trabalho com a gente; todos fomos expostos à várias oportunidades. As aulas eram teóricas e práticas, e por isso divertidas também. Eu já era fã de Matemática, mas eu não tinha ideia do que poderia vir, eu tinha conhecimento das Olimpíadas de Matemática, mas nunca tinha participado e foi muito bom. Espero poder retribuir o projeto assim que for possível”

Ari Guilherme, 20 anos, graduando em Ciência de Dados pela FGV –  Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro.

Desafio & Vitórias:

Desafio: 

A professora Kátia afirma que seu maior desafio foi e ainda é conciliar seu trabalho remunerado e estudos com um projeto em que ela se dedica totalmente. 

Vitórias

Desde o ano de 2004 já foram aprovados alunos no colégio federal Pedro II, na Fundação de Apoio a Escola Técnica – FAETEC e colégios militares de formação. Dois ex-alunos dos primeiros anos são oficiais da Marinha do Brasil. 

Passaram pelo “Horizontes” ainda no Ensino Fundamental II alunos que atualmente são profissionais de Tecnologia da Informação, Matemática, Biologia Marinha, Engenharia Química, Filosofia, Medicina, História, entre outros

Na OBA – Olimpíada Brasileira de Astronomia (http://www.oba.org.br/site/), cinco alunos da Escola Municipal Estácio de Sá, na Urca, participaram. Uma das alunas ganhou Medalha de Prata na Mostra de Brasileira de Foguetes-MOBFOG e Ouro na OBA, sendo convidada a participar da Seletiva Nacional. Ela seguiu adiante e foi convidada a participar da Seletiva internacional. Do grupo desta aluna, três ganharam bolsa integral no Colégio Franco Brasileiro e tudo isso de forma remota”, afirma Katia.

Katia conseguiu ainda, em 2020, que 10% dos alunos da Escola FAETEC se inscrevessem na Olimpíada Brasileira de Astronomia Astronáutica e o resultado foi de nove medalhas. Na Mostra Brasileira de Foguetes, 17 alunos construíram foguetes virtuais e todos ganharam medalhas. “As vitórias são muitas, não dá para mensurar”, afirma.

Como apoiar para multiplicar?

Mais detalhes: http://profkatia2007.blogspot.com/

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Neuza Nascimento
Após ser empregada doméstica por mais de 40 anos, Neuza fundou e dirigiu a ONG CIACAC durante 15 anos. Hoje é estudante de Jornalismo e trabalha com escrita criativa, pesquisa de campo e transcrições. No Lupa do Bem, é responsável por trazer reflexões e histórias de organizações de diferentes partes do Brasil para a "Coluna da Neuza".
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