Jornalista reúne profissionais negros na plataforma Futuro Black
Atuando há 7 anos como produtor de reportagem, Thiago Augustto criou a Futuro Black em busca de uma solução para a falta de diversidade.
Crédito: Divulgação
Por: Eduarda Nunes / Favela em Pauta – Lupa do Bem
Atuando há sete anos como produtor de reportagem, Thiago Augustto criou um planilha de contatos com profissionais negros, a fim de sanar a própria inquietação em torno da falta de diversidade entre as fontes jornalísticas que lidava diariamente.
Em 2021 ele foi além e, com uma equipe formada pela pedagoga Dayse Rodrigues e o designer, Iron Santos, criou a plataforma Futuro Black: um banco de fontes e de talentos negros para que ninguém mais possa dizer que, no mercado, não tem gente negra capacitada para trabalhar ou dar entrevista.
Há pouco mais de um mês no ar, o Futuro Black já recebeu mais de 300 cadastros, promoveu um curso de formação, apoiou outro e foi procurado por veículos de comunicação e empresas de outras áreas também.
A ideia é conectar pessoas às oportunidades e conquistar uma abrangência nacional para a plataforma. A equipe está confiante: além dos pernambucanos, pessoas de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia já compõem os bancos.
Taxas de desemprego e informalidade
Em se tratando de um Brasil de 14 milhões de desempregados e 35 milhões de trabalhadores sem vínculos profissionais ou no mercado informal, fatores como gênero e raça interferem bastante. Segundo o IBGE, o país encerrou o ano de 2020 com as mulheres (52,9%) e as pessoas negras (72,9%) liderando o ranking de desempregados, por exemplo.
Iniciativas como a Futuro Black tentam contemplar pessoas negras que já têm algum espaço no mercado e também as que querem estrear ou se recolocar.
“A gente sabe que o jovem negro, muitos deles não estão no mercado de trabalho. Então, a gente pensou em também dar cursos de formação para essas pessoas. Cursos, por exemplo, sobre a própria identidade e formação do eu da pessoa, além dos cursos técnicos”, conta Thiago.
A primeira formação oferecida foi justamente a sobre reeducação racial, com Dayse, co-fundadora da plataforma.
Futuro Black: inclusão para o trabalho e novas perspectivas
Parcerias com outras iniciativas que promovam capacitação e inclusão de pessoas negras no mercado de trabalho, bem como na construção de novas perspectivas de mundo, constam no script da Futuro Black.
Na página do Instagram do projeto, é possível acompanhar a oferta dessas formações gratuitas. Na plataforma, é possível tanto se cadastrar como encontrar profissionais conforme a demanda de trabalho.
Outra inquietação que moveu a criação desse projeto foi o incômodo com o tratamento dado às pessoas negras no sentido de resumir suas contribuições nas discussões às suas vivências relacionadas ao racismo.
A escolha pela criação de um banco de fontes e de talentos é evidenciar que, mesmo sem formação de ensino superior, pessoas negras contribuem com o mundo de diversas formas.
Segundo Thiago, “é problemático quando a gente é fonte de informação somente a partir de nossa cor da pele, a partir de nossa raça. A gente não necessariamente está falando do nosso trabalho, da nossa aptidão.”
A equipe está empolgada e acredita que com a maior interação com pessoas de outros estados e regiões do Brasil por meio da internet, é possível conectar e contar com gente de todo o país e evidenciar a relevância da plataforma.