Projeto Abraço Cultural oferece cursos de idiomas com professores refugiados

Ideia teve início com a Copa do Mundo dos Refugiados no ano de 2014; iniciativa oferece cursos de espanhol, francês, árabe e inglês

09.09.21

Crédito: Divulgação

Por: Gabriel Murga / Favela em Pauta – Lupa do Bem

O projeto Abraço Cultural é uma iniciativa criada há seis anos, cujo objetivo é promover a troca de experiência e a valorização pessoal e cultural, além da geração de renda de refugiados residentes no Brasil através de cursos de idiomas. 

Como muitas histórias brasileiras, o Abraço Cultural teve início com uma partida de futebol. Em julho de 2014, a plataforma Atados realizou a 1.ª Copa do Mundo dos Refugiados no país, que sediava simultaneamente a Copa do Mundo organizada pela Federação Internacional de Futebol, a FIFA. 

Ambos os eventos reuniram atletas de diversas partes do globo, mas com realidades muito distintas entre os jogadores. Essa situação chamou atenção das fundadoras da organização, que pensavam em como realizar um “projeto mais duradouro, capaz de contribuir na missão de integrar esses imigrantes em nossa sociedade”. 

As aulas, que contam com metodologia e materiais didáticos próprios, buscam transmitir mais do que o aprendizado de um novo idioma. “Queremos quebrar preconceitos e barreiras culturais, aproximando diferentes povos em um único lugar”, destacam.

Refugiados
Aulas de Francês, Árabe, Espanhol e Inglês são uma ferramenta de geração de renda para pessoas refugiadas

O projeto nasceu em São Paulo em 2015, na atual sede localizada no bairro de Pinheiros. No ano seguinte, a ideia desembarcou na cidade do Rio de Janeiro, que atualmente conta com duas unidades, uma na Tijuca e outra no Largo de Machado. Nestas unidades, acontecem as aulas presenciais dos cursos de Espanhol, Árabe, Francês e Inglês.

Porém, desde abril de 2020, as atividades e aulas da instituição seguem totalmente on-line – o que possibilita atender também estudantes de fora destas cidades. Além disso, o Abraço Cultural oferece a possibilidade de aulas particulares e corporativas.

Cursos do Abraço Cultural

Refugiados
Os cursos são oferecidos em módulos regulares e intensivos em unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro

As aulas podem ser feitas em módulos intensivos – com duração de um mês, oferecidos nos meses de janeiro e julho – ou regulares, que têm cerca de quatro meses de duração por módulo. As inscrições para as turmas de janeiro de 2022 do curso estarão abertas no mês de novembro deste ano.

A organização dispõe de metodologia e materiais próprios, onde trabalham não apenas questões linguísticas como referências culturais específicas, mas sempre buscando uma abordagem comunicativa e baseada em situações reais. 

Refugiados
Ações culturais fazem parte do processo de aprendizagem dos cursos – Crédito: Divulgação

Além das aulas de idiomas são oferecidas “aulas culturais” onde são destacadas outras perspectivas, além de atividades culturais como dança, teatro, culinária, literatura, música, história entre outras.  

Desde o início do projeto foram capacitados e contratados mais de 60 professores de 13 países, e mais de oito mil alunos já passaram pelos cursos da organização. 

Os refugiados e a vida no Brasil

De modo geral, uma pessoa refugiada é alguém que deixa seu país devido a conflitos armados, violência generalizada, perseguições de caráter religioso ou ideológico, ou por violações massivas de direitos humanos que não possa ou não queira retornar ao seu local de origem.

Como apontam dados divulgados no ano passado pelo Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), por meio do relatório “Refúgio em Números”, havia mais de 57 mil pessoas refugiadas reconhecidas pelo Brasil.

A metade dessas solicitações foram recebidas e aceitas apenas no ano passado, e a maioria dos refugiados acolhidos entre os anos de 2011 e 2020 são de países como Venezuela, Síria e Congo. 

O Haiti foi uma das nacionalidades com maior número de solicitantes além dos países apontados acima, tendo como base o relatório do CONARE. O levantamento também aponta a faixa etária predominante das pessoas que buscam refúgio no Brasil, de 25 a 39 anos. 

O apoio histórico da Cáritas às pessoas refugiadas

Uma das organizações que apoiam as pessoas refugiadas no Brasil é a Cáritas, fundada em 1976 durante o período do regime militar no país. A organização deu origem ao primeiro trabalho sistematizado de atendimento a refugiados no país.

A Cáritas conta com apoio da Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), reconhecida internacionalmente pelo trabalho relevante que desenvolve ao longo dos últimos 45 anos.

Um dos projetos desenvolvidos pelo Programa de Atendimento a Refugiados e Solicitantes de Refúgio (PARES) é o  “Refugiados na Escola” que retomou as atividades no último mês de agosto. 

O projeto busca promover o encontro entre pessoas em situação de refúgio e estudantes de escolas públicas e privadas, buscando sensibilizar os alunos sobre a condição das pessoas refugiadas no mundo, de modo a combater o preconceito e a xenofobia. 

“Os encontros entre pessoas refugiadas e estudantes deram tão certo que se tornaram um projeto muito importante, como uma forma de alcançarmos as futuras gerações, trabalhando com elas a importância da defesa dos direitos humanos”, ressalta Aline Thuller, coordenadora geral do PARES Cáritas RJ. 

“Nas palestras, esclarecemos quem são as pessoas refugiadas e quais são os desafios que elas enfrentam, aproximamos crianças e jovens da realidade atual, através do relato das pessoas refugiadas, e promovemos valores de empatia e tolerância”, afirma.

    Equipe de Base Warmis – Convergência de Culturas
    Equipe de Base Warmis – Convergência de Culturas
    Precisando de: Voluntários
    Localização
    Contato
    Apoio
    Atados
    Atados
    Precisando de: Voluntários
    Localização
    Contato
    Apoio
    USLA – União da Saúde Latino-Americana
    USLA – União da Saúde Latino-Americana
    Localização
    Contato
    Apoio
Autor: Redação - Lupa do Bem
Compartilhar:
Notícias relacionadas